LUIS NASSIF: A ANOREXIA ECONÔMICA E O MEDO DE CRESCER

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A irracionalidade do mercado, a chuva de bordões sobre a economia atingiu seu ápice em uma coluna de conhecida jornalista econômica

Estudo encomendado pelo jornal Valor Econômico demonstra as disfunções do mercado de crédito no país.

No ano passado, as companhias de capital aberto gastaram R$ 306,8 bilhões de despesas financeiras, 8,2% a mais que 2022. No mesmo período os investimentos foram de R$ 298,7 bilhões, estável em relação a 2022.

Em 2022, houve R$ 299,2 bilhões em investimentos e R$ 283,6 bilhões, com juros e encargos. O aumento do pagamento de juros significa ou tomada de crédito para investimento, ou rolagem de dívida. Como os investimentos ficaram praticamente estáveis, provavelmente a alta se deveu ao aumento do endividamento.

Uma das fontes ouvidas pelo jornal diz que a insistência do Banco Central em manter a Selic elevada afeta diretamente planos de investimentos das empresas, pela necessidade de proteger seu caixa. “A mesma história que vimos em 2022 e 2023, tem cara que se repetirá em 2024, com a pressão de juros ainda relevante e ‘spread’ bancário resistindo a ceder”, diz ele.

O levantamento mostrou, ainda, que piorou o indicador que mede relação entre despesas e caixa aplicado em investimentos. Ou seja, para cada R$ 100,00 de investimento, os gastos em juros passaram de R$ 80 para R$ 84,00.

A irracionalidade do mercado, a chuva de bordões sobre a economia atingiu seu ápice em uma coluna de conhecida jornalista econômica: “O lado positivo e o negativo do programa ´Acredita´”.

Ouvido pela jornalista, um diretor de investimentos diz que o programa é muito bom porque atinge justamente zonas de escassez de crédito. Mas é muito mal porque pode estimular a demanda, isto é, por aumentar as vendas, melhorar o resultado das empresas, os salários. E essa recuperação poderá pressionar a inflação.

O nome desse tipo de distúrbio é “anorexia econômica”, o medo compulsivo de engordar, de crescer, de melhorar. Ter um analista que diga isso é dose. Mas ver um diagnóstico deste publicado em um dos maiores jornais do país é de desanimar.

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