QUANDO O EX-GOVERNADOR, MESTRINHO FALECEU, AMAZONINO DISSE QUE PERDIA UMA PARTE SUA. AGORA, COM SEU FALECIMENTO, FECHA A IGUALDADE

PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG
A Morte é Natureza. É Natureza como a Vida.
Como Natureza, a Morte não é condenação,vingança e muito menos castigo.
A Natureza como Substância criada por si mesma, em si mesma, tem em seus Atributos, como a Morte o Movimento-Real. O Movimento Real é a Vida-Ativa que antecede e transcende a Existência-Humana.
Sendo a Morte, Natureza, todos os rituais-fúnebres são expressões Culturais. A dor pela perda de um parente, um amigo, mesmo um desconhecido, é uma expressividade-afetiva produzida pelos Corpus-Culturais. O luto, desinvestimento da energia-libidinal-narcísica na pessoa que faleceu, é carregado de corpus-culturais político, histórico, econômico, psicológico, sociológico, antropológico, religioso, estético, ético. Antropologicamente, é diferente de uma cultura para outra. Os cristãos vivenciam o luto diferente dos islâmicos, dos povos originários.
Mesmo com a força do condicionamento-místico-supersticioso, e as transferências-psicológicas daqueles que lamentam o falecimento de alguém, esse lamento tem muito das propriedades egoicas de cada um. Um burguês lamenta diferente de um trabalhador. Um espírita lamenta diferente de um materialista. Um nazifascista lamenta diferente de um Democrata. O que significa que os lamentos representam classes, religiosidades e realidades políticas-sociais.
Porém, diante do falecimento há uma predominância de tentativa de reconhecimento de elevação do falecido. A psicanálise vai indicar que trata-se de resíduos do sentimento de culpa que mulheres e homens-edipianizados carregam e que se transformam em crença sobrenatural. Já o cantor cearense de Sobral, Belchior, analisando a situação miserável em que se encontrava ( e se encontra) parte da população nordestina, ironizou esse reconhecimento com a sentença: “O cemitério é geral. A morte nos faz irmão”.
O falecimento do ex-governador do estado do Amazonas, Amazonino Mendes, advogado, não podia escapar desses rituais-fúnebres. Vem recebendo grandes quantidades de comentários elogiosos, principalmente pela chamada classe política que sempre esteve unida ao seus mandatos.
A história de Amazonino não começa propriamente com ele, quando ainda se tomava por comunista. Ela começa antes da ditadura quando o governador Plínio Ramos Coelho adentrou Gilberto Mestrinho na lide governamental. Com a ditadura, Gilberto, depois de passar 20 anos na zona sul do Rio de Janeiro, que alguns atribuem a uma cassação, voltou para o Amazonas no começo de 80, se candidatou para o governo do estado, com apoio de parte da chamada esquerda, ganhou e indicou o comunista Amazonino para prefeito,com encadeamentos de vereadores eleitos na cadeia da enunciação abertura política, como João Pedro, Vanessa, Omar Aziz, etc., moçada do PCdoB, entre outros. Então, começou a história do, agora, ex-comunista que iria ser metamorfoseado, marqueteiramente, em Negão.
Acerta, o senador e ex-governador, Eduardo Braga, ao afirmar que é “impossível contar os últimos 50 anos da história do Amazonas sem dedicar importantes capítulos a Amazonino Mendes”. O “meu garoto”, como Amazonino chamava Eduardo Braga, rebento de família classe média alta de comerciante, por estabelecer uma relação de dependência ao ex-comunista, Ação Conjunta, como eles denominavam, só testemunha a perspectiva ambiciosa do grupo que dominou o estado do Amazonas com suas alternâncias-familialistas, diriam os filósofos Deleuze e Guattari.
Um produto da força da mística dos 20 anos de poder sustentado pelo o mote ilusionista, “Nada resiste ao trabalho”, já que o conceito de trabalho e trabalhador é uma criação do capitalismo cuja substância de base é a exploração da força de produção do homem e da mulher. O tempo-pulsado-mistificado como negação da Temporalidade-Real.
Como era um grupo, seus agenciamentos governamentais não tiveram qualquer partícula diferente do que se entende da essencialidade da Práxis e da Poieses Política que são antagônicos ao sentido da chamada democracia-liberal-neoliberal-burguesa. Entende-se, que tanto Mestrinho e Braga não tenham tentado nenhuma variável-governamental: eles nunca se autodenominaram de comunista. Mas, Amazonino, não. Entretanto, não deve-se cobrar essa variável de Amazonino, já que era muito charmoso, na década de 60, o carinha ou a carinha, se autointitular de comunista.
O grupo não tinha, e não tem, nada de autêntico, pois sempre usou os mesmos métodos para conseguir seus propósitos: eleger seus membros. Todas as alianças eram válidas. Até com apresentadores de programas de televisão de exploração anticristã da miséria da classe pobre. Assim, como a imprensa-venal. Como também os que procuravam serem transformados em novos ricos da terra de Ajuricaba.
Na verdade, o que o grupo dos 20 anos, só colocou em prática foi a velha e tradicional pedagogia da não-política que predomina há décadas (séculos?) no cenário partidário brasileiro: o populismo. Uma falsa derivação, já que não representa o populus. Lula, querendo reconhecer a importância política de Amazonino, só confirmou o populismo-compulsivo da maioria dos ditos políticos brasileiros, tanto do Legislativo quanto do Executivo. Afirmou, Lula:
“Amazonino Mendes tinha gosto e vocação política, governando o estado do Amazonas quatro vezes, representando-o no Senado, e sendo também prefeito três vezes de Manaus. Tenho orgulho e fiquei muito agradecido quando recebi seu apoio no segundo turno de 2022, em um vídeo onde defendia uma visão moderna de desenvolvimento para a região norte do Brasil. Amazonino se dedicou a causa da vida pública até o fim. Com merecimento seu nome seguirá sendo sinônimo do estado que governou e amou”.
Mas, houve um momento em que o grupo dos 20 anos sofreu um abalo: foi quando Amazonino teve cassada, em primeira instância, sua candidatura pela insigne, corajosa e denodada, juíza, Maria Eunice Torres do Nascimento, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), junto com o procurador eleitoral, Edmilson Barreiros Junior. Seu ato jurídico colocou-a como objeto da rejeição dos membros do grupo dos 20 anos e dos que circulavam em suas órbitas-calculistas. Somente a Associação Filosofia Itinerante (AFIN), ONG sem fins lucrativo que atua há 21 anos em Manaus e que esse site afinsophia.org é vetor, se engajou na defesa da magnânima juíza.
Como diz, o dramaturgo Dionísio Carne Levare, citando Shakespeare: “O resto é silêncio!”