LEMBRANÇA DO FILÓSOFO SPINOZA PARA BOLSONARO: “O MEDO É UMA TRISTEZA CUJA CAUSA É UMA DÚVIDA. TIROU A DÚVIDA SURGE O DESESPERO”

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Para o filósofo Spinoza, o medo é um afeto triste. Um afeto triste como impotência. E não há Democracia no medo. Assim como a Democracia não se origina e nem se mantém no desespero.
Para ficar mais claro vamos spinoziar o tema desespero bolsonariano. Vamos ao texto de Spinoza que agencia os conceitos medo e esperança:
“A esperança não é senão um alegria instável, nascida da imagem de uma coisa futura ou passada, de cujo resultado duvidamos; o medo ao contrário, é uma tristeza instável, nascida também da imagem de uma coisa duvidosa. Se se tira a dúvida dessas afecções, a esperança se transforma em segurança e o medo em desespero (Ética-III)”.
Como se sabe, o conceito esperança não tem nada de positivo como o vulgo lhe atribui. Ele foi profundamente mistificado chegando a ser forjado como tristeza. Se ela é duvidosa, ela é triste. Assim, ter esperança é viver um afeto triste em função da dívida que não lhe confere segurança. Não temos que ter esperança, spinozamente falando, temos que ter segurança, posto que a esperança carrega a dúvida mística. Tudo que os falsos-cristãos querem e defendem. O conceito esperança foi capturado pelas religiões da culpa, do ascetismos-moral.-religioso. Daí, que”A esperança venceu o medo”, é um mote falho, porque a esperança com dúvida não é segurança. E sem segurança não se vence o medo. Não se vence nada, diria o filósofo da Vontade de Potência, Nietzsche.
Já, o medo não transporta qualquer potência-alegre. Seu único fim é sempre a dor. É dor como medo e é dor quando perde a dúvida e se transforma em desespero. É esse o destino de todo nazifascista, de todo extremista, de todo bolsonarista. O medo já era o guia de Bolsonaro quando ele foi eleito. Agora, nas eleições presidenciais, o medo perdeu sua dúvida e se transformou em desespero com a certeza da derrota. Bolsonaro sequer tem esperança, mas, tão somente, desespero revelado pela filosofia. Como ele gostaria de ainda ter medo, porque ainda haveria a dúvida para ele se iludir. Mas, essa tal de filosofia-política spinozista…
Para entender melhor o saque filosófico. Quando perguntaram para o filósofo francês Deleuze, para que serve a filosofia, ele respondeu: “Para entristecer”. “Entristecer?”, ficaram surpresos. “Não é para alegrar?”. Entristecer os sujeitos-sujeitados dominados pela dogmática-semiótica-dominante propagada e imposta pelo sistema capitalista-capitalístico-paranoico que estrutura egos mistificando-os, mistificando-os, reificando-os, fetichizando-os para propagarem um mundo niilista como reativos.
São estes que a filosofia entristece, porque acreditam delirantemente que o mundo que defendem é real. Quando em verdade, não passa de uma aberração projetada por eles. Por isso, eles têm que se entristecerem. “…uma verdade filosófica é de ordem essencialmente higiênica: (…) protege o organismo mental contra o conjunto de germes portadores de ilusão e loucura”, diz o filósofo Clément Rosset.
É a filosofia, sem esperança, mas com segurança, onde não pode vicejar o desespero, como diz Spinoza; a filosofia que entristece os sujeitos-sujeitados em suas aberrações, como diz Deleuze, que nestas eleições o movimento real se processa “sem medo de ser feliz”.
Não podia ser diferente, o desespero de Bolsonaro é produto da filosofia-política que hoje é praticada pela maior parte do povo brasileiro. A filosofia-política que não precisa de cátedra miseravelmente dominada pela alienação de muitos que se tomam por filósofos mas não destroem a dúvida e não entristecem, porque são miseravelmente tristes.
Ao que o filósofo Zé da Zilda, que não deixa barato e sem qualquer dúvida, completa, ainda com Clément Rosset: Não são filósofos, representam o grupo-desespero de Bolsonaro como “compassivo, ineficaz, e curandeiro”.