BRUNO E DOM FORAM EXECUTADOS POR ORGANIZAÇÃO, DIZ ENTIDADE INDÍGENA, CONTESTANDO A POLÍCIA FEDERAL
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A Brazilian Kamuu Dan Wapichana indigenous man takes part in a protest of employees of the National Indigenous Foundation (FUNAI) outside the Ministry of Justice in Brasília, on June 14, 2022 over missing British journalist Dom Phillips and Brazilian Indigenous affairs specialist Bruno Pereira. - Human remains have been found in the search for a British journalist and Brazilian indigenous expert who disappeared deep in the Amazon after receiving threats, Brazil's president confirmed Monday. Relatives of veteran correspondent Dom Phillips and respected indigenous specialist Bruno Pereira meanwhile said authorities informed them two bodies had been found -- though police and local indigenous leaders denied that, adding to confusion around the case. The families of Phillips, 57, and Pereira, 41, have endured an anguished wait for news since the pair disappeared a week ago Sunday during a reporting trip to Brazil's Javari Valley, a remote jungle region rife with illegal fishing, logging, mining and drug trafficking. (Photo by EVARISTO SA / AFP)
Crime contra Bruno Pereira e Dom Phillips não foi feito por dois executores, mas sim por grupo organizado, diz Univaja
A Unijava (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) fez duras críticas, nesta sexta-feira (17), à investigação da Polícia Federal que descartou o envolvimento de organização criminosa ou mandante na morte do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips.
Em nota, a Unijava afirmou que a PF “desconsidera as informações qualificadas, oferecidas pela Univaja em inúmeros ofícios, desde o segundo semestre de 2021, que apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando em invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual ‘Pelado’ e ‘Do Santo’ fazem parte”.
“As autoridades competentes, responsáveis pela proteção territorial e de nossas vidas, têm ignorado nossas denúncias, minimizando os danos, mesmo após os assassinatos de nossos parceiros, Pereira e Phillips”, afirmou a Unijava. Clique aqui para fazer o download da íntegra.
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De acordo com o ofício, “o grupo de caçadores e pescadores profissionais, envolvido no assassinato de Pereira e Phillips, foi descrito em ofícios enviados ao MPF (Ministério Público Federal), à PF e à Funai (Fundação Nacional do Índio). Descrevemos nomes dos invasores, membros da organização criminosa, seus métodos de atuação, como entram e como saem da terra indígena, os ilícitos que levam, os tipos de embarcações que utilizam em suas atividades ilegais”.
A avaliação da Univaja é que o “requinte de crueldade” no modo como Pereira e Philips teriam sido mortos indica que eles estavam “no caminho” de uma organização criminosa, que tentou ocultar seus rastros durante a investigação.
“Esse contexto evidencia que não se trata apenas de dois executores, mas sim de um grupo organizado que planejou minimamente os detalhes desse crime. Exigimos a continuidade e o aprofundamento das investigações. Exigimos que a PF considere as informações qualificadas que já repassamos à eles em nossos ofícios. Só assim teremos a oportunidade de viver em paz novamente em nosso território, o Vale do Javari”, conclui a nota.
PF descartou mandante e organização criminosa
Em nota divulgada à imprensa poucas horas antes, a PF, que coordena o comitê de crise para investigação do caso, informou também que as diligências continuam e que, mesmo na hipótese de não haver mandante, outras pessoas devem estar envolvidas no crime e novas prisões podem ocorrer nos próximos dias.
“As investigações prosseguem e há indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa. As investigações também apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”, diz o comunicado. Clique aqui para fazer o download da íntegra.
Apuração da Polícia Federal mira mais suspeitos
Mais cedo, o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Fontes, afirmou à CNN Brasil que trabalha com a hipótese de cinco suspeitos. Até o momento, duas pessoas foram presas temporariamente por 30 dias, os irmãos Oseney da Costa de Oliveira e Amarildo Oliveira da Costa. À PF, Amarildo confessou ter participado do assassinato e apontou o local em que havia enterrado os corpos.
Diante da confissão, a PF foi até o local, onde foi realizada a reconstituição da cena do crime. Durante as escavações, as equipes encontraram remanescentes humanos em uma área de mata fechada. O avião da PF transportou o material até o Instituto Nacional de Criminalística, onde será periciado para confirmação da identidade.
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As investigações continuam para apuração da suposta participação de mais pessoas no desaparecimento e para encontrar o barco utilizado pelos suspeitos para executar os crime.
O caso
Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil estavam desaparecidos desde 5 de junho, na região do Vale do Javari, no oeste do Amazonas. De acordo com a coordenação da Univaja, Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira (3) no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com indígenas.
Ainda de acordo com a Univaja, no domingo (5), os dois deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de Churrasco. No mesmo dia, uma equipe de busca da Univaja saiu de Atalaia do Norte em busca de Bruno e Dom, mas não os encontrou e eles foram dados como desaparecidos.
Edição: Rodrigo Durão Coelho