BREVE OLHAR SOBRE O REAL-BOLSONARO: 64% AFIRMAM QUE NÃO VOTARIAM NELE “DE JEITO NENHUM”

PRODUÇÃO AFINSOPHIA,ORG
Breve escopofilia sobre o real. Prazer de olhar. Breve olhar sobre Bolsonaro em sua total visibilidade. Longo olhar sobre o Prazer-Democrático.
O filósofo Baudrllard poderia afirmar: Bolsonaro sai da transparência, sua ocultação-secreta-virtualizada, para entrar na aparência, já que a transparência, na ordem dos simulacros, é o êxtase da existência: o puro vazio do existir. O desaparecimento. O que ultrapassou sua normalidade e se tornou uma excrescência. O que foi além do seu limite-real se tornando uma anomalia fora do jogo do valor e da troca entre o sujeito e o objeto presentes em suas originalidades.
Muito fácil de entender a paródia com sua ironia apolítica. Bolsonaro foi eleito com mais de 56 milhões de votos de eleitores escotomizados cuja propriedade escopofílica encontrava-se atrofiada. Ou seja, sem função de perceber o real com prazer. Todos aprisionados na cadeia do falso: mais verdadeiro do que o verdadeiro. Ou, dominados pelo hiper-real: mais real do que o real. Mais de 56 milhões de eleitores acometidos das certezas de seus credos fascinantes o elegeram pelas forças projetadas de suas miríades bruxuleantes: a força sedutora da transparência.
Bolsonaro passou 28 anos na Câmara Federal como um habitue domesticado pela inércia parlamentar testemunhada por sua negatividade política. Apegado aos signos-mágicos da dor como pulsão de morte, possibilitou que mais de 56 milhões de eleitores lhe acompanhassem no ritual macabro da procissão da morte da democracia.
Hoje, trôpego, nas nuances proféticas alvissareiras do ano-eleitoral, ele não pode mais permanecer oculto pela transparência. Teve, contra sua própria vontade, de se mostrar em estado de aparência. Estado que ninguém escapa, mesmo com todos os recursos das simulações. Todas as simulações que a sociedade pós-moderna proporciona aos que têm pavor da vocação ontológica do ser que é Existir Autenticamente.
Bolsonaro não escapa! Não escapou! Pesquisa divulgada pelo instituto IPESPE, afirma que 64% dos eleitores não votariam nele “de jeito nenhum”. Não há como fugir dessa paródica-ironia que lhe veste com sua própria visibilidade que não escapa do olhar escopofílico. O olhar do Prazer-Democrático.
Sem qualquer recurso do reflexo do que transparecia, já que o olhar escopofílico do Prazer-Democrático não reflete nem em concavidade ou convexidade espelhante, Bolsonaro pode Já ir reafirmando que seu Messias não faz milagre. Muito menos seu deus (minúsculo por trata-se de uma entidade eminentemente individual nascido de sua projeções) colocado acima de todos.
Bolsonaro não pode nem vivenciar a angústia de um possível futuro doloroso, visto que para ele o futuro já aconteceu. O máximo que ele pode vivenciar é o pseudo luto por não ter sido um político. A Democracia como Amor da Coletividade. O que ele não amou. Daí não ter perdido nenhum objeto-amado.