PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG

 

COMUM A TODOS 

 

Comum. Comum de dois, de três, de quatro,… Comum de todos. Comum a todos. Epistemologicamente o que é do conhecimento de todos. O que é fácil distinguir e compreender. Nas relações sociais o encadeamento de todos na mesma causa e efeito. Comum na Sociedade Civil, além da burocracia-jurídica-administrativa-dominante. Politicamente, comum nunca é depreciativo, mas apreciativo. Nunca é vulgar, ignóbil, chulo, banal… É comum, serve a todos. Isso é comum. Isto é comum. Sem exclusão, o comum une e leva ao movimento da ação: Democracia. Senso-comum: pensamento-coletivo como engajamento-social. 

Do adjetivo ao sufixo. Comum+Ismo. Generalização de comum: Comunismo. Na politica econômica-social distributiva: Satisfação-Comum. 

 

COMUNISMO PRIMITIVO

 

Depois que o homem se desvencilhou da relação envolvente com a natureza, o que lhe deixava enuviado com confusão perceptiva e o mundo lhe imprimia um estado de estranheza, e inventou a primeira divisão do trabalho, o que é material e o que intelectual, organizou sua vida em comunidade impulsionada pelas necessidades que precisavam ser suprimidas. A fome, a sede, a habitação, o vestuário. Foram estas necessidades que possibilitaram a primeira forma de comunismo: o comunismo primitivo.

Diante de um ambiente muito hostil e ameaçador à sua vida, o homem formou unidades de trabalhos como forma de proteção e sobrevivência. No início os grupos praticavam a colheita, depois a caça e a pesca, posteriormente o plantio e a colheita-agrária-produzida. Não havia uma força de produção agindo isolada. Todas forças de produção trabalhavam com o mesmo objetivo: a satisfação de todo. Toda produção era realizada por todos endereçada ao uso de todos. Não havia preguiça, exploração e privilégio. Era a concretização do comum a todos. Não havia alienação, reificação, visto que toda produção era do homem-coletivo para o consumo coletivo.

 

O COMUNISMO EM CRISTO

 

Se o comum a todos é juntar, dividir e distribuir em forma de igualdade-solidária, além da predominância do único, o um, como ocorre no egoísmo, ou, como debocha o filósofo Zé da Zilda, “Meu Pirão primeiro”, Cristo funda o comunismo na pós-antiguidade.

É o Cristo concreto. Não abstração-hegeliana. Homem-real, sujeito-histórico, o filho de Maria e José, nascido fora do casamento-oficial do Estado, quem, em uma sociedade embrutecida e ambiciosa, prega a ternura, mas com a barriga satisfeita. É ele quem divide o pão-concreto e multiplica os peixes para matar a fome real, e não a fome abstrata que se quer eliminá-la apenas com práticas ilusionistas nascidas na ordem mistificadora. Perverso Auxílio Emergencial. Abstração da pobreza.   

Mas Cristo não acredita que a fome, em si, depois de saciada instala o homem no mundo como ser social. Para ele, o comum a todos conduz encadeamentos de fluxos de enamoramento. O homem é o ser que se enamora pela vida, pois a vida é amor vinculação ontológica-existencial. Dignificação do Existir. E só há real Existir em comprometimento com o outro. É pelo amor ao outro que um ser humano “realiza o objeto da afetividade de outro ser humano”, como diz Marx. 

Para Cristo-comunista, o amor não se reduz a uma enunciação-afásica em que o locutor pronuncia a palavra sem seu suporte-empírico, como ocorre com os disangelistas. Os que propagam, ecolalicamente, a má mensagem. A mensagem da exploração do próximo. Em Cristo, em função do amor ser práxis e poieses, ele se materializa no trabalho como potência-social. O trabalho-amor liga os homens como produtores de uma sociedade-justa, pois é a Potência do Aumento de Agir-Alegre. E só há autêntica alegria como alegria-comunalidade. Trabalho e amor são inseparáveis em razão de seus corpus constitutivos como sociabilidade, alteridade e solidariedade. O contrário do trabalho alienado em que muitos trabalhadores e patrões-abstratos acreditam, e creditam, na exploração como necessária. São os que fervorosamente idealizam que Cristo, paranoicamente, vigia, cobra, julga, pune e condena. E ainda afirmam que Cristo é amor.  

 

O COMUNISMO-DELIRANTE

 

Depois da Idade Média, com o sistema econômico Feudal de exploração e perversão, foi a Revolução Francesam, em 1789, quem propiciou um campo para o desentendimento geral do comunismo. A humilhação dos trabalhadores e a ascensão da burguesia são os fatores proeminentes desta falsa-revolução-popular. Porém, é no século XIX que o comunismo se torna, não só palavra de ordem, mas objetivo das massas-massacradas. E são os revolucionários filósofos Karl Marx e Friedrich Engels quem mais promovem suas bases científicas e filosóficas. Suas bases de luta por direitos trabalhista, econômico, político e social. É a partir deste marco-histórico que o mundo-burguês passou a ter inevitáveis e contínuos pesadelos. Motivo: a psicopatológica obsessão-compulsão-narcísica em explorar a força de trabalho do trabalhador para manter sua lógica-capitalista-capitalística: o lucro máximo com mais-valia e tudo mais. O comunismo passou a ser o fantasma que ronda o capital, como se o comunismo rimasse com capital.

Desde esse momento foi acirrada a propaganda contra o comum a todos. Mas, foi com a Revolução Russa, a Revolução dos Sovietes, que o Ocidente apontou suas baterias anticomunistas para bloquear sua expansão. Principalmente, nas guerras e pós-guerras. Propaganda liderada pelo maior e ambicioso estado capitalista: Estado Unidos da América do Norte. Logicamente, acompanhado por outros países, também de orientação capitalista.

Como temiam perder a luta pela econômica-mundial, passaram a recorrer aos elementos de ordem dos egos-despedaçados: culpa, castração, pecado, medo; os frágeis sentimentos que tornam seus possuidores escravos necessitados de senhores. Como se diz filosófica e equizoanaliticamente: medo da Liberdade. Medo de ser sujeito-histórico coparticipante da construção do mundo.

Aí, não deu outra: as palavras de ordens-clichê saltitaram mundo a fora. O comunismo é contra Deus, comunismo persegue as religiões, comunismo rouba as propriedades dos outros, principalmente, suas casas. Comunismo come criancinha, comunismo maltrata velhinho, comunismo é a favor do aborto, comunismo é contra o casamento, comunismo acaba com a família, comunismo promove promiscuidade sexual, etc da irracionalidade. A acusação do comunismo como mal passou a ser a dogmática praticada na formação dos que eram possuídos por egos-frágeis. Tornou-se doutrinação psíquico-pedagógica. Subjetividade-Objetividade dos que falam sem ter superado o sentido do movimento real que é o comunismo. Não percebem, em suas doutrinações, que a família, para ser fragmentada não precisou do comunismo. Bastou a televisão e a Internet para ela se separar. “Ola, mami! Beijos! Não vou poder ir no seu aniversário. Ligo depois. Fique com Deus!” 

Essa realidade é facilmente provada nos bolsonaristas, e outros apedeutas antipolíticos-semióticos: pronunciam a palavra comunismo sem conhecê-la. Como diria o filósofo Sartre/Estoico: pronunciam o lecton. A palavra sem corpus-empírico. Sem Conteúdo/Expressão. 

Neste quadro, a palavra comunismo foi metamorfoseada em fantasma bruxuleante como deslocamento-projetivo dos que a pronunciam sem conhecê-lá. Se ela não é conhecida ela não tem existência e nem essência, não existe. Se não existe não pode morrer.  Ou acabar. 

 

  

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.