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Em um entendimento bem simples na perspectiva da psicanálise, uma personalidade compulsiva é alguém que repete continuamente os mesmos atos. Trata-se de um sintoma nascido nos conflitos inconscientes representados por resíduos de culpa e castração: medo. Sendo assim, a repetição é uma defesa-inconsciente para que esse impulso não venha torna-se consciente, o que levaria o compulsivo ao colapso-emocional que ele não suportaria.

Dessa personalidade pode-se extrair um forte sentimento de morte, visto que repetir é parar. Parar o movimento-natural do  existir. Aliás, a compulsão é um dos sintomas básicos da ordem semiótica do sistema capitalista e capitalístico. Sem repetição compulsiva não existe a dogmática-capitalista que se nutre de atos compulsivos como forma de manutenção de seu estado-lucrativo. É a compulsão que sustenta a serialidade do vazio reiterando cotidianamente o narcisismo-obsessivo figurado nas representações estereotipadas como forma negadora das mutações necessárias ao existir-singular.

Neste entendimento, a repetição-compulsiva é um culto-narcísico sublimador da pulsão de morte. Um exemplo é a sociedade de consumo que modela os sujeitos para serem sujeitos-sujeitados às repetições de suas determinações. Culto ao consumo como ilusão de posse da vida.

Bolsonaro, em sua conhecida impossibilidade política-administrativa-jurídica, tem apresentado à sociedade brasileira uma cartografia cruel de negação do real. Na verdade, trata-se mais da nadificação dos pressuposto fundamentais para o convívio social-democrata. Negação da sociedade como corpus-democrático. Em todo momento, ele apresenta em conteúdo e expressão esses componente nadificadores. Porém, a pandemia permitiu que a sociedade brasileira tomasse mais conhecimento sobre sua personalidade. Não precisou psicanálise, psiquiatria e esquizoanálise para essa psico-pedagogia se concretizar como conhecimento-prático no brasileiro.  

Suas contínuas repetições contra os protocolos necessários ao combate da pandemia como isolamento corporal, uso de máscaras e, principalmente, vacinação, serviram de material-didático para o conhecimento de sua personalidade pela sociedade brasileira. Até de quem lhe confiou o voto. 

Hoje, dia 4, com recorde de mortes no dia anterior, Bolsonaro voltou ao culto compulsivo-repetitivo contra os cuidados que se deve ter para o combate da Covid – 19. Desta vez, dirigindo-se aos produtores rurais, repetiu ele:

“Vocês não ficaram em casa. Não se acovardaram. Nós temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”.

Este é o Bolsonaro conhecido pela sensibilidade, inteligência e ética da sociedade brasileira. 

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