MAIORIA DOS CANDIDATOS PARA A PREFEITURA DE MANAUS É CONSERVADORA E MINORIA PROGRESSISTA: PT, PSTU E PCDOB

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Vista-aérea-do-Porto-da-cidade-de-Manaus

PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG

 

Uma cidade é composta por dois corpos: um corpo material e um corpo imaterial. Estes dois corpos criam as formas de relações-afetivas-cognitivas de seus habitantes. O corpo material é conhecido como urbe expressada através de suas ruas, calçadas, praças, prédios etc. O corpo imaterial são as formas de relações sociais de seus habitantes que resultam no que se conhece como cidade. Desta forma, a cidade sintetiza a ação arquitetônica, histórica, estilística, funcional produtora de desejos de universos corporais, como nos mostra o psiquiatra-filósofo Félix Guattari.  

Os corpos materiais interpelam os habitantes produzindo neles formas de afetos que atuam como vetores das relações sociais que podem aumentar ou diminuir a potência de agir dos habitantes, porque são subjetivadores e geradores de corpos imateriais. O que significa que as vivencias espaciais e temporais dos habitantes de uma cidade são estimuladas por esses corpos que apresentam a expressão e o conteúdo da saúde ecológica, social e mental de seus habitantes. A cognição, a estética e a ética da inteligência-coletiva. 

Quando os corpos de uma cidade possibilitam a composição de afetos-alegres a potência de agir de seus habitantes aumenta. O que afirma que trata-se de uma cidade democrática onde seus habitantes são seres livres, criativos e comprometidos. Produtores da práxis e da poiesis maquínica-subjetivadora. Autores e responsáveis de seus próprios desejos cidadinos. São corpos-maquínicos encadeadores de fluxos-mutantes e quantas-desterritorializantes. Democraticamente responsáveis pelo movimento contínuo da vida da cidade que sempre se ultrapassa como renovação ontológica. Existir em uma cidade é ser ativo produtor de subjetividade-alegre. Não a alegria compensatória: encontrei o objeto que havia perdido, mas a alegria-positiva que afirma a vida.

Porém, quando os corpos de uma cidade possibilitam a composição de afetos-tristes a potência de agir de seus habitantes diminui. Porque trata-se de uma não-cidade. Um corpo-reacionário, não-democrático, paralisado por ideias-molares constituídas por elementos-paranoicos que refletem tão somente o estado-afetivo-triste de seu governantes onde a publicidade serve de recurso de ocultação deste estado. Entretanto, as crises constantes de ansiedade, medo e angústia de seus habitantes revelam o que os alcunhados governantes tentam ocultar mascarando com slogans-publicitários falsamente-otimista. Um dos recursos-modelares da semiótica dominante do sistema-capitalista-capitalístico,como dizem os filósofos Deleuze e Guattari. 

No caso de Manaus, temos uma não-cidade resultante da ausência da concepção política-filosófica de seus anteriores governantes. O que, consequentemente, demonstra o desconhecimento do sentido politico-ativo do que vem a ser uma cidade como Devir-Povo. Para eles, cidade se resumia e se resume em administração-burocrática, serviço público e comunicação, nos moldes das antigas não-cidades europeias e brasileiras. O que significa conservação do modelo já estabelecido. E como conservar é manter o que já foi dado, redundância, replicação, repetição do vazio, pulsão de morte,todo candidato conservador é reacionário, já que conservar, como proteção do estabelecido, é reagir. Nunca agir. Agir é da democracia: produzir o novo. No caso de Manaus, produzir a cidade. Reagir é manter o já feito, No caso de Manaus, manter o arcaico. Manter a não-cidade.

 Na disputa para prefeitura de Manaus, há a clara predominância de candidatos conservadores (eufemismo de reacionários). Velhos conhecidos (não pelas idades, mas pelas subjetividades-a-políticas que são traspassados) e outros menos conhecidos, mas que são de igual subjetividade a-política. No outro lado, aparecem os candidatos progressistas como nos casos de Zé Ricardo do PT, Gilberto Vasconcelos do PSTU e Marcelo Amil do PC do B. Candidatos cujas subjetividades politicas são contrárias as dos conservadores.

Diante desse quadro, o eleitor pode escolher: ficar com o já estabelecido. Ou, se assumir como incondicionado.   

 

1 thought on “MAIORIA DOS CANDIDATOS PARA A PREFEITURA DE MANAUS É CONSERVADORA E MINORIA PROGRESSISTA: PT, PSTU E PCDOB

  1. Para o Filósofo Itinerante Marcos José a Filosofia, mais que filha da cidade, da pólis, como aponta Vernant, é sobretudo produtora de vida tecida de afetos coletivos e solidários. Para a burguesia, o modelo de cidade é aquele presidido pela circulação venal do dinheiro e da acumulação. Enquanto os pobres constroem a cidade da circulação rizomática de corpos livres e comunicantes, a burguesia se fecha em seus condomínios retensivos, feitos de medo e reação. Em sua célebre Teoria da Cidade, publicada com o título de Política, Aristóteles já preconizava que os ricos são mais perigosos para a cidade do que os pobres e por uma razão simples: aos ricos, em seu individualismo doentio, não interessa a cidade como coletivo do povo-multidão. Eles preferem investir na cidade-condomínio, anticirculação, geometrizada pela privatização dos espaços públicos. Não há medida de comparação entre a uniformidade asséptica dos shopping centers, destemporalizados, com suas praças (praças?) de alimentação dessaborizada e os espaços plurais da livre circulação das feiras e mercados, fervilhantes de vida, variedade de comidas e frutas regionais. É possível comer um jaraca frito, descascar uma pupunha, um tucumã, ou negociar um matabroca cabocal em praça de alimentação? Não há cidade sem a produção e o agir do povo-multidão.

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