O DRAMA DE WASSEF PARA ENCONTRAR UMA VERSÃO PLAUSÍVEL: “EU E O PRESIDENTE VIRAMOS UMA PESSOA SÓ”

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Queiroz e a mulher, o radialista e Flávio, Wassef e a esposa. Redes sociais

POLÍTICA.

21/06/2020.

Se bater no Fred atinge o presidente, eu e o presidente viramos uma pessoa só, então todos estão empenhados em atingir minha vida, em destruir minha vida, minha imagem, minha reputação. Fred Wassef, advogado de Jair e Flávio Bolsonaro, à CNN

Da Redação Viomundo. 

O advogado Fred Wassef não explica como Fabrício Queiroz foi parar em seu imóvel em Atibaia, no interior de São Paulo.

Alega sigilo profissional.

Por enquanto, faz uma defesa política. 

Nas entrevistas que deu, alegou até que foi alvo de plantação de documentos, o que o Ministério Público de São Paulo rebateu.

Wassef diz que nem ele, nem o presidente Bolsonaro, nem o senador Flávio têm qualquer relação com os fatos da Operação Anjo.

A estrategia de Wassef parece ser a de ganhar tempo para combinar versões com as de outras testemunhas.

Fabricio Queiroz e a esposa, Márcia, que está foragida — por exemplo.

O fato é que o advogado esteve 13 vezes com o presidente da República, desde setembro do ano passado, no Planalto ou no Alvorada.

Uma empresa ligada à esposa dele, Cristina, revelou o UOL, recebeu R$ 41,6 milhões em contratos com o governo federal durante o governo Bolsonaro.

Como Wassef disse mais de uma vez em entrevistas que não sabia do paradeiro de Queiroz, vai ter de formular uma resposta compatível com a pergunta que a repórter Andrea Sadi fez a ele na Globo: o operador dos Bolsonaro entrou “voando” no imóvel de Atibaia?

Perguntas sem resposta

Wassef já deixou claro que vai se colocar como um anteparo entre Queiroz e Jair e Flávio Bolsonaro, mas sem fazer o papel de bode expiatório.

Se sua versão para a presença de Queiroz em Atibaia não for factível, afunda junto com o presidente e o senador.

Wassef tomou a iniciativa depois que outra advogada do presidente, Karina Kufa, divulgou nota tentando dissociar Jair Bolsonaro do colega.

Repelindo a nota, Wassef diz que tem nove procurações para advogar em nome dos Bolsonaro: três para Jair, três para Flávio e três para Carlos.

A dificuldade em conseguir uma versão plausível para a presença de Queiroz em Atibaia, no entanto, é imensa: os repórteres de O Globo Juliana Del Piva e Chico Otávio já descobriram um novo personagem, o radialista Márcio Motta, que admitiu ter levado Queiroz de Atibaia a Saquarema, no Rio de Janeiro, para ver o filho jogar futebol, entre maio e setembro do ano passado.

Confirmada, esta versão coloca Queiroz na casa de Atibaia já em maio de 2019 — é inverossímel que uma pessoa — no caso Wassef — não saiba da presença de um hóspede supostamente indesejado, em seu próprio imóvel, durante mais de um ano!

Além disso, o documento encaminhado pelo MPE-RJ, deixa claro que o bando de Queiroz usava outro advogado — de Flávio Bolsonaro — no esquema para tentar atrapalhar as investigações.

Luiz Gustavo Botto Maia foi um dos alvos da Operação Anjo.

Ele entrou no circuito para ajudar Queiroz.

Luiza Souza Paes, servidora fantasma do gabinete do então deputado estadual Flávio, começou a ficar preocupada com o noticiário envolvendo as rachadinhas.

Recorreu ao pai, que disse explicitamente em mensagem que precisava combinar a versão dela com a de Queiroz, antes de qualquer depoimento.

A mensagem do pai à filha

No que pode ser definido como obstrução de Justiça, o advogado Botto Maia foi intermediário para que Luiza assinasse pontos retroativamente.

Porém, pelo rastreamento do celular, os investigadores descobriram que Luiza só chegou três vezes a menos de 750 metros de distância da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quando era “funcionária” de Flávio, entre 16/12/2014 e 15/02/2017.

O que a peça do MP demonstra é que Queiroz e seu entorno atuavam ATIVAMENTE para dificultar as investigações, COM A AJUDA DE ADVOGADO ligado a Flávio e adotaram o padrão de não comparecer aos depoimentos marcados pelo MP — é uma forma conhecida de evitar contradição com fatos revelados posteriormente.

Assim, é pouco provável que Márcia, a esposa foragida de Queiroz, se entregue à polícia.

Adriano Magalhães da Nóbrega, o miliciano implicado no esquema, preferiu fugir para a Bahia, onde foi morto em fevereiro deste ano, durante ação policial.

Márcia poderia esclarecer, por exemplo, quem financiava a vida de Queiroz em liberdade.

Hoje, ela é o seguro de vida do marido — e vice-versa.

Sabe, melhor que ninguém, que a regra do crime é o silêncio.

Parece incrível, mas estamos falando em crime organizado, senador e presidente da República na mesma sentença.

Anjo from Luiz Carlos Azenha

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