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E o filósofo, Marx, disse: “O homem é no sentido mais literal, um ‘dzoon politikon’ (animal político), não só um animal sociável, mas também um animal que só se pode isolar na sociedade”. 

Como sempre, o filósofo de Trier, nos conduz para um entendimento além da obviedade proposta pela objetividade dominante. Segundo ele, não há como isolar o homem como ser social fundado em sua espiritualidade-política. O homem encontra-se condenado a não escapar da sociedade. Nela não há isolamento. Isolar-se na sociedade é permanecer nela como um ser imanente continuamente em projeto transcendente, porém em sociedade.

O conceito de social surge, neste pensamento, como a composição sintética das individualidades que estruturam o corpus-sociedade, território das relações de produções e sociais do ‘dzoon politikon’. A asseveração do homem como um ser social. É neste sentido que o Mouro de O Capital, concebe os três fatos históricos necessário ao entendimento do homem como ser social-político-histórico:

I – “Primeiro fato-histórico – A produção dos meios para satisfazer estas necessidades, a produção da própria vida material, este é, na verdade, um fato histórico.

II – Segundo fato-histórico – A primeira necessidade satisfeita – a própria satisfação e o instrumento de satisfação já adquirido -, conduz a novas necessidades.

III – Terceiro fato-histórico – Os homens que renovam cotidianamente a sua própria vida , começam a fazer outros homens, a reproduzir-se – é a relação entre o homem e a mulher, os pais e os filhos, a família”.

Em síntese: há sociedade por todos os lados como fator material e imaterial. Em todos os seguimentos surge sempre a presença social. Porém, esses seguimentos só se tornam corpus-atuantes como práxis, porque estão imbricadamente envolvidos pela potência unificadora das relações sociais: a Linguagem. A linguagem é o corpus-político-social-histórico implicado na desvelação do Ser, diz o filósofo, Heidegger. Legein traduzido como saber e dizer. Todo homem é sabedoria e fala. Todo homem é um ser falante que traduz sua experiencia em sociedade como linguagem falada, escrita, gestual, pictorial. Todo homem é um devir linguístico como significante-significado.

Com a ocorrência deletéria do coronavírus, o Covid 19, a sociedade com suas funcionalidades e expressões, passou a ser a importante discussão entre os todos os habitantes terráqueos. Visto que diante da destruição que o vírus vem apresentando, tem sido necessário a mudança nos comportamentos da sociedade-mundial. Novas práticas e formas variadas são usadas para a prevenção e tentativa de proteção da população. Novos indicadores e referenciais são indicados. Entre elas, a considerada mais eficiente para a proteção é o chamado isolamento. 

Não se sabe quem cunhou o imperativo isolamento social, mas sabe-se que segundo, Marx, é uma tarefa impossível. O preso, em sua cela, não se encontra isolado-socialmente. Ele conta com a presença do carcereiro, e, em um caso mais específico, com a presença dos trabalhadores que construíram a prisão. E com a presença do sistema capitalista que explorou, e explora, estes trabalhadores.

O homem não pode ser isolado socialmente a não ser em sociedade. O que significa não-isolamento. O homem pode ser isolado fisicamente, materialmente de acordo com seu ser biológico. E é o que vem vem ocorrendo como prevenção da patologia que só os aberrantes não fazem caso.

E quando se leva em conta a linguagem, mais ainda o isolamento social é impossível. Todas as pessoas que se encontram em quarentena, isolamento-físico, têm usado os instrumentos vetores de linguagem: celular, computador, rádio, televisão,etc. Ainda mais, que o lugar onde se encontram, a habitação, é um corpo linguístico milenar que fala como pragmática-arquitetural. O que mostra que ninguém encontra-se isolado-socialmente. E o que mostra, também, que os filósofos Marx e Heidegger estão certíssimos quanto ao fator político-social-histórico.

Quando o dramaturgo afirmou que “palavras são palavras, nada mais do que palavras”, ele acertou pela metade o discurso-linguístico do vazio. Porque existem palavras, porque são corpus-ideias (Spinoza), que afetam fortemente pessoas que compõem com seus significados. Ainda mais quando são palavras corpus-ideias que significam dor. Dor que mistificadamente eleva-se a a categoria de morte. 

A palavra isolamento entendida como condenação, extração do sentido social do viver, que algumas pessoas transformam em empatia de conversão-dor, diminui a potência de agir, elevando o afeto-triste desativador da vida. É por esta razão que todos que se encontram no chamado isolamento-social, precisam acreditar que não estão isolados socialmente. Estão com seus corpos-isolados das ruas, avenidas, becos ruelas, transportes, etc, mas não isolados-socialmente. Todos continuam a pensar, imaginar, criar, amar, comer, beber, dormir, acordar, escrever, cantar, dançar, praticar panelaço, projetar suas existências como Imanência-Transcendência. Diria o filósofo, Sartre: O  Em-si se lançado como Para-si como futuração ontológica do Ser-Histórico.

Neste quadro, para enfrentar o Covid 19, é preciso ouvir e acreditar no imperativo-categórico-fundamental de Spinoza, “só compor bons encontros para aumentar a potência de agir”, e do Rap: “Tá Ligado!” 

  

 

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