NÃO EXISTE ARTISTA NAZIFASCISTA

PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG
A arte é revolucionária, porque é a essência ontológica do homem como práxis e poiesis de sua liberdade que se concretiza como devir-criador de sua Existência. Como devir-criador, a arte é movimento e transformação. Ela não existe para se adequar ao que já se encontra estabelecido, ordenado, regrado, sedimentado como mundo objetivo. Ela não existe para confirmar esse mundo como uma realidade dada que deve ser mantida em seu corpo institucionalizado. A arte como potência revolucionária não encontra-se a serviço deste mundo. Ela não tem a missão de refletir esse mundo-imobilizado por suas leis, suas regras, suas ordenações e suas certezas inalteráveis. A arte, como afirmou, na década de 20 o poeta futurista russo, Vladimir Maiakovski, “não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para moldá-lo”.
Como devir-criador-revolucionário, a arte é um movimento dialético. Ela parte de uma tese dada como realidade posta, territorializada, se movimentando como fluxos mutantes-antítese, para se reterritorializar como síntese através das potências práxis-poiesis, quantas-territorializantes: O Novo. Jamais o velho. Jamais o arcaico. Jamais o reacionário. Jamais o estabelecido como clichê. Para Maiakovski, “moldar o mundo” é transfigurá-lo. Ir além da figuração-expressada. É similar ao transformar. Ultrapassar a forma dada como objetividade inabalável. Criar outra forma que sirva ao enlevo-movimentador do público como vivência-estética. Por essa realidade revolucionária, apesar de Freud, a arte é necessária fundamentalmente por seu espírito-social.
Porém, o conceito de arte como estética-revolucionária, durante muito tempo foi afastado do conhecimento-social. Ou seja, passou-se a designar como arte qualquer objeto que saísse de um sujeito-sujeitado determinado, pela linguagem fetichizada, como artista. O que fez muito bem a semiótica-paranoica da sociedade de consumo-capitalista. “Na sociedade capitalista, o fetichismo é inerente a todas manifestações ideológicas. Isto quer dizer, sumariamente, que as relações humanas, que se mantém na maior parte dos casos, por intermédio de objetos, aparecem, para esses observadores enganados pela miragem superficial da realidade social, como coisas; as relações entre os seres humanos aparecem portanto, sob o aspecto de uma coisa, de um fetiche”, nos diz o filósofo Lukács.
Essa é a estrutura da sociedade da coisificação, onde todas as formas de relações são produtos da alienação imposta pelo modelo de divisão de trabalho. A transformação da potência produtiva do trabalhador em mercadoria. O trabalhador reificado em mercadoria. A sociedade coisificada como sociedade de consumo da forma como mostram os filósofos José Alcimar e Marcuse. Topos da proliferação de objetos-mitificados que servem para manter enebriados os sentidos e cognições dos sujeitos-sujeitados em suas zonas-escuras, e jamais poderem se elevar da consciência de escravo em que estão situados, como diz a filósofa Simone Beauvoir.
Nesse quadro comunicacional-mitificado-reificado-alienado, a linguagem-dominante-paranoica passou a fazer uso de todos os seus poderes para elevar à condição de artista qualquer sujeito-sujeitado que aceitasse suas classificações. Assim, passaram a ser chamados de artistas todos que promovessem os credos do sistema-paranoico de entretenimento cognominado de estética do belo, onde não existe qualquer exame sobre essa condição com cores e tons nazifascistas que estimulam a estupidez e a ignorância. Como toda arte se reporta a um domínio técnico, todo artistafastro (falso artistas)em função de carregar essa técnica, se tomou como artista, sem saber que para a técnica é necessário o conteúdo. E na arte essencial, o conteúdo é o corpo-novo que transforma o mundo. O artista-revolucionário é o que sabe, pelo domínio de sua técnica-singular, que é o criador do conteúdo-estético-mutante. O conteúdo que metamorfoseia o mundo. Enquanto que no artistafastro o conteúdo é sempre o já posto, o que já existe. É por isso, que esse tipo é um elemento-conservador: sua função é expressar o corpo conservador que concede a segurança burguesa. É por isso, que ele serve aos sistemas nazifascistas.
Hoje, na chamada pós-modernidade, são comuns os tropeços com estes artistafastros alcunhados de artistas pela sociedade de consumo em todos os seus quadrantes sociais. São falsos pintores, poetas, músicos, cantores, dramaturgos, cinegrafistas, bailarinos, escritores, atores, atrizes, principalmente de tele-novelas, que com suas falsidades, seus destalentos-artísticos e suas alienações-ontológicas, servem para sustentar a imagem nazifascista. Como é sabido, a estética nazifascista é claramente uma forma psicopatológica de culto exacerbado à morte. Ela transpira morte.Nenhuma nazifascista tem cumplicidade com a vida em função da predominância em si de afetos-tristes em forma de inveja, ódio, vingança, castigo, brutalidade, estupidez, homofobia, misoginia, racismo etc. Foi nessa necrófila realidade que o ministro da propaganda de Hitler, Goebels, fundamentou sua prática de destruição de sensibilidade e inteligência. O nazifascista jamais comunga com o filósofo Spinoza quando ele afirma que, “O homem livre pensa muito mais em qualquer outra coisa do que na morte; sua sabedoria é meditação não sobre a morte, mas sobre a vida”. Nenhuma forma de escravidão tem liberdade para ter sabedoria e meditar “sobre a vida”.
Desta forma, infere-se que sendo a arte revolucionária, não existe artista nazifascista, porque seus espíritos e instintos são degenerados, reativos, corrompidos. Recorrendo ao filósofo da “vida que ativa o pensamento e o pensamento que afirma a vida”, Nietzsche, neles tudo é decadência.