BOLSONARO RECORRE A SUA VERVE FICTÍCIA PARA PEDIR AO POVO BRASILEIRO QUE NÃO LEIA A FOLHA DE SÃO PAULO
PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG
É difícil pensar. Ainda mais alguém que nunca teve a experiência do pensamento e sempre confundiu sua volição-imaginativa com pensamento. Como disse uma adolescente, é mais fácil imaginar do que pensar. É por isso que todos os que são transpassados pelo ódio, como os nazifascistas, jamais pensam. E como a democracia é uma regime-político fundamentado pela razão, daí ser seu devir-social a sua dimensão ontológica, a imaginação como volição-odienta não faz parte dela.
O filósofo holandês, Spinoza, tratando do conhecimento apresenta três formas de experiências que podem esclarecer o que é verdadeiro e o que é falso. Para ele existem três tipos de signos que podem ser usados nestas experiências: o ente real, o ente de razão e o fictício. O ente real é o ente que encontra-se como atributo, predicado e modus da Natureza. Que ele chama de Substância. Já o ente de razão é aquele que resulta da intuição do mundo para depois servir de explicação do que foi conhecido. Ou, ideado. Já o fictício resulta da vontade imaginativa que encadeia imagens coordena falsos conhecimentos.
Um ente real é resultado de uma percepção clara e distinta. Possui essência e existência. Pode ser examinado e percebido. O fictício não possui nem essência e nem existência, visto que é produto da livre imaginação de quem lhe faz uso. Não existe fora. Sem essência e existência, não pode ser examinado e nem percebido. Resulta da pura imaginação como forma condensada de imagens. Daí, ser nada mais do que uma abstração mistificada e mitificada.
Um breve exemplo: alguém viu o lobo e o homem. Duas imagens que possuem essência e existência. Porém, quando esse alguém tem um momento de cochilo essas duas imagens se condensam e surge uma única imagem: o lobisomem. Dominado pelo mais baixo grau de conhecimento, ao despertar, este alguém confere realidade a esse personagem. E o pior, ele confere poderes místicos-míticos-sobrenaturais. A conhecida superstição impulsionada e alimentada pelo medo. O fator base de toda falsa religião que explora o medo dos fiéis monetariamente. E os usa para todos os seus benefícios, até os chamados benefícios políticos como ocorreu recentemente nas eleições de 2018.
A Folha de São Paulo é jornal de direita, reacionário representante da burguesia paulistana. Na verdade, brasileira. Apoiou a ditadura que chegou a classificar como “ditabranda”, e emprestou veículos seus para transportar presos políticos. Durante todos os governos populares de Lula e Dilma se mostrou uma compulsiva inimiga e detratora destes governos. Apoiou o golpe contra a Dilma e se mostrou defensora da Lava Jato contra Lula. Porém, trata-se de um produto jornalístico que deve ser, democraticamente (apesar de muitas vezes mandar às favas a democracia) respeitado em função da ética da liberdade de imprensa.
Todavia, Bolsonaro, com sua compulsão em querer que o Brasil gire em redor de seu narcisismo-edipiano, e dominado por uma baixa tolerância para suportar frustração, resolveu fazer campanha contra o jornal da família Frias. Não satisfeito em eliminar a Folha da licitação para verba pública federal, resolveu pedir que todos os anunciantes do jornal terminassem seus contratos com o diário paulistano. E mais, pediu que todo o Brasil deixe de compra-lo, porque, para Bolsonaro, a Folha de São Paulo é contra o Brasil. Claro que o Brasil que ele fantasia.
Como não é dado a filosofia, daí querer acabar com o curso, o que confirma que nunca leu Spinoza, Bolsonaro não sabe que sua vontade jamais se realizará, pois trata-se nada mais do que um produto ficcional. Um produto saído de sua livre volição-imaginativa sem qualquer referencial no mundo objetivo. Como a Folha encontra-se na objetividade, a ficção de Bolsonaro jamais lhe atingirá pois não é composta pelos predicados e modus essência e existência. O que faz um ente ser real. Ou, um ente de razão.
Daí que o querer de Bolsonaro, não passa de uma quimera. Um elemento inutilmente ficcional. E o pior, que implica a saúde-política do Brasil, Bolsonaro não sabe que a superstição não tem qualquer atributo e predicado da democracia.