HÁ UM VAZIO DE PODER NO BRASIL, UMA ECONOMIA EM CRISE E UM ESTADO DE EXCEÇÃO. POR ERIC NEPOMUCENO

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Bom, aconteceu o que era esperado, no sábado Lula foi preso. Foi levado para Curitiba.

A exemplo de milhões de brasileiros, estou em um misto de tristeza e indignação por essa arbitrariedade, por essa violação da constituição. Sobretudo, por causa dessa farsa, eu continuo buscando uma prova daquilo que Lula é acusado.

Agora, ao mesmo tempo eu tenho também uma apreensão, um quase medo, sobre o que vai acontecer. Não estou me referindo só o que vai acontecer com o Lula mas o que vai acontecer com o Brasil.

O quadro que a gente tem hoje, pra mim, é muito nítido. Você tem uma Corte Suprema dividida, encabeçada por uma senhora magistrada que é manipuladora, ela manipulou claramente para colocar o Lula “na boca do canhão”.

Por uma outra magistrada que vota contrário ao que ela pensa. Eu nunca vi isso na vida. Tentei entender o que ela falou, na verdade a única coisa clara pra mim é: “é contra minha convicção mas eu vou votar”. Por favor! O mínimo de integridade.

O ministro Gilmar Mendes chegou a ser indelicado, que no caso dele não é surpresa pra ninguém, mas francamente indelicado. Quer dizer, aquela casa não tem comando.

Há um vazio de poder no Brasil. Temer não manda em nada, ele negocia. Ali é um mercado de troca de interesses, seu governo acabou.

Há um vazio de poder no Ministério da Justiça…

O que se constata é que existe um vazio de poder. O Temer não manda em ninguém, a Polícia Federal, que em nome de uma autonomia, que seria desejável e louvável, age totalmente fora de controle, e não é de hoje.

 O Ministério Público ganhou. Chegamos em um ponto em que um procurador pede a um juiz para que acelere a prisão do Lula para acabar com a ameaça de onipresença. Traduzindo para o português quer dizer o seguinte: “o Lula estava falando demais, se mexendo demais, então prende logo para acabar com isso”.

Existe uma economia em crise, na segunda-feira após a prisão do Lula o Dólar explodiu, o Euro explodiu, a bolsa despencou – são os especuladores de sempre que mexem. O quadro é muito complicado.

A única voz que se levantou com firmeza durante esse episódio inteiro, além do Lula é claro, foi a voz do comandante do exército, o general Villas Bôas. E eu acho que nós das nossas comarcas, da nossa América, quando a voz da caserna começa a se ouvir além do normal é hora de temer. Sobretudo quando estamos nas mãos de um camarada chamado Michel Temer e sua quadrilha.

Eu tenho muito claro o sentimento de apreensão. A qualquer momento essa extrema direita desbordada, está descontrolada, e ela conta – é evidente que conta – com a cumplicidade por omissão da Polícia Militar do Paraná. Que sabe agir na hora de jogar bomba de gás, de dar tiros de borracha em crianças, em senhoras e senhores, etc.

Mas quando os facínoras de um troglodita chamado Jair Bolsonaro dispararam rojões contra o helicóptero, onde está o Lula mas também policiais federais, aí não acontece nada.

Tempos de breu, tempos de breu. Eu não achei, canso de dizer isso, que se eu fosse voltar a essa altura da minha vida, em um estado que cada vez mais claramente é um estado de exceção, um estado de temer.

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