PROFESSORES DE MANAUS REALIZAM OUTRA MANIFESTAÇÃO CONTRA O PREFEITO ARTHUR (PSDB) POR NÃO PAGAMENTO DO FUNDEB

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Produções AFINSOPHIA

Novamente os professores da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), de Manaus, realizaram uma manifestação contra a posição intransigente do prefeito Arthur Neto, do PSDB, que se nega a esclarecer qual o destino dado, por ele, à verba do FUNDEB, assim como pagar o que é de direito federal dos professores.

A posição do prefeito, em se esquivar do fato negando um diálogo convincente com os professores, mostra o grau de desrealização burocrática que ele carrega e que ocupa sua administração em relação, principalmente, no referente à educação.

Arthur Neto, que pertence ao partido que menos entende de educação no Brasil, como já reafirmaram seus parceiros o governador do Paraná, acusado de corrupção, Beto Richa,e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ‘Santo’, também em acusação de corrupção pela Odebrecht, disse que vai salvar a educação em Manaus.

Sua afirmação possibilita duas formas de inferências. Uma, a constatada pelo seu comportamento em relação à educação. Baixo grau de dimensão da vontade de saber que nos mostra o filósofo Foucault. Arthur não evidencia qualquer signo da potência-educacional como vontade de saber. E mais, não vivencia a educação como gay ciência, como nos fala o filósofo Nietzsche. A alegria do saber. Arthur expressa a educação (que não deve ser tida como educação por quem não vivencia a gay ciência) como mero mecanismo atributado pela inércia-administrativa do sistema capitalista. Não é por acaso que ele é fascinado pelo endereçamento do signo anêmico, “modelo”. Ele não cansa de expressar que administrar é ser reconhecido. Refletir em forma de marketing. Simulacro e Simulação. Como diz o filósofo Jean Baudrillard: fingir ser o que não é, e fingir não ser o que é.  

Duas, a educação não é um corpo material que se possa tratar como se trata a relação epistemológica sujeito-objeto. Ela não é um dado. A educação se processa como corpo virtual: a potência do real, como nos oferece o exercício cognitivo transcendente pensado pelo filósofo Deleuze. A educação é sempre um processual criativo que escapa do dado, do determinado, do posto. Daí, porque ele não pode ser “salva”. Ela não é Dasein. O Ser aí. Ela não se encontra aí esperando a atuação de quem quer que seja para tratá-la como um objeto definido em um tempo e espaço definido, posicionado, cristalizado.

É essa ausência de vontade de saber, gay ciência, alegria do saber, educação como virtual-potência do real, imaterialidade que os professores percebem em Arthur que se quer educador, sem ser. Por isso, os professores não pretendem, como educadores, apenas a redução da práxis e da poieses educacional à linguagem administrativamente-mecanicista. Eles querem devir. Exercício transcendente dos sentidos e da cognição. Nada que Arthur evidencie. E que para isso é necessário que eles possam processar suas saúdes física, cognitiva, imaginativa, memorial, sexual que não podem se movimentar sem os seus salários. Afinal, eles são compostos de corpos materiais e imateriais.

Uma prova dessa ausência, segundo os professores, são os recursos usados por Arthur. Ameaças e chantagem para que os professores se sintam intimidados em lutar por seus direitos. Porém, os professores não se submeteram aos atos violadores da educação e realizaram mais uma manifestação. E na sequência de suas ações, marcaram reunião para sábado para discutir novas pautas de lutas.

Como a educação de um povo não se reduz a um território fixo, se desterritorializa continuamente como movimento real, a questão da educação em Manaus não é sintetizada somente em Arthur. Ela também, como encadeamentos de afetos e conceitos, toca em grande parte na indiferença da classe média que sempre apoiou os governantes para usufruir privilégios. Dessa forma, se mostrando como bela parceira dos atos dos governantes. O mesmo pode ser transposto para as chamadas mídias manô. A maioria sempre foi muleta dos governantes. Agora mesmo se percebe quantas delas estão protegendo o prefeito, escamoteando sua função social que é informar racionalmente já que a faculdade maior da democracia é a razão.

É verdade que os professores têm que ter, no momento, a perspectiva situada na SEMED, mas eles não podem se divorciar da perspectiva social mais ampla.

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