Eu entro em campo para ser feliz”

Valdívia, craque chileno.

Encontrar-se fora é não possuir nenhuma semelhança com o que encontra-se dentro. É escapar de todas formulações e designações que identificam os objetos e os sujeitos que habitam a esfera das relações constituídas como realidade inquestionável.

Estar fora é se mover em evanescências, sinuosidades, variações, intensidades nômades. Escapar, não poder confirmar o que se tem como conhecido. No caso do futebol, bem sistematizado em linhas, pontos e regras, é nada poder sentenciar. É ser mudo por falta da linguagem tornada muro fixo de obviedade que se mostra como futebol. O que serve para o lucro. A mercadoria-fetiche do reino desencantado do lúdico criativo. O ‘desGARRINCHAmento” da Alegria do Povo.

Estar Por Fora de Futebol é uma condição dantesca: Perder todas esperanças de poder sobre o que não se vê.

* * * * * * A bola rolou como um ouriço: * * * * * *. Ela subiu, caiu no peito, desceu pelo corpo, correu na grama… Deus nos acuda! Que birranho: derrubou a panela com feijão da D. Leocádia, que estava sobre o fogão. Nem gol, nem comida. Mas havia bebida. Hurra!

SÉRIE B DE BRASILEIRÃO REBAIXADO. DE QUÊ?

Duas partidas realizadas ontem pela partezinha da noite.

Oh, mana deixa eu ir

Oh, mana, eu vou só

Oh, mana, deixa eu ir

Para o sertão do Caicó”.

América de Natal e Ponte Preta. 2 para o segundo, e 1 para o primeiro.

No grupo escolar, série B, é superior a série A. Mas no futebol é tudo do contra. Fosse tudo normal, o futebol do Amazonas que encontra-se na série D, seria o bicho.

A partida corria nos equilíbrios. América atacava, Ponte atacava. Eis que na metade do primeiro tempo, uma bola lançada do campo potiguar, para direita, pegou o lateral Thoni – que H, hein, Toni? – com sua camiseta n°2, e ele mandou bronca: a clota bate na parte superior do metal da direita, atravessa o metal frontal, bate por dentro no metal da esquerda, e atende o desejo do time natalino: primeiro gol no Machadão.

O Machadão vai ser demolido para ser transformado em arena para Copa 2014.

No segundo tempo de tantos “macacos me mordam”, aos 23 minutos, uma descida veloz pela esquerda até a linha de fundo, um cruzamento em diagonal, lá estava o Fabiano Gadelha… Mandou ver: gol da “macaca”. Foi então que aconteceu: refletores apagados. Longa espera noite a dentro. 62 minutos passados: recomeço. “Vai acabar!” Falta longe, distante da grande área. Lá vai Edilson bater, pela Ponte. Não deu outra: ajumentou, e Gol. 74 minutos não há nada o que fazer.

Foi uma partida quente como a temperatura de Natal em tempo de São João. Houve até cena de strip-tease: jogador da ‘macaca’ teve sua camiseta rasgada do pescoço ao umbigo. Uma partida da Série B para causar inveja na A.

Na outra partida Ipatinga e Fortaleza, o único gol para o fortaleza foi uma beleza.

O fortaleza desce pelo centro, entra na pequena área pela esquerda, o jogador alencarino perde a bola, dá por finalizada a jogada, e vai saindo. O zagueiro do Ipatinga, como diria o senador Arthur Neto, em uma “besteira”, crente que tem a bola sob controle, escorrega. O atacante de Padim Cícero, vê a “besteira”, volta, pega a Clota, e a coloca na rede. Ela o que ela queria: fica dormindo.

Fim de espetáculo. Ipatinga parece dizer “Minas não é mais”!

COPA DAS CONFEDERAÇÕES E OS SENÕES

Sabemos o que temos que fazer para pará-los. O estilo da Espanha é manter a posse da bola e fazê-la se movimentar. Sua capacidade para abrir e jogar em espaços curtos é maravilhoso, mas sabemos como detê-los”.

Quem afirmou esta verdade que o futebol da Espanha é maravilhoso? Não, não, nada de queimar neurônios. Foi técnico da seleção dos Estados do Tio Sam: Bob Bradley. Hoje, dia 24 de junho, no calor de São João, ele terá a oportunidade de colocar em prática o disse à imprensa:”Sabemos como detê-los”. Dizem os surrealistas da lavra de Aragon, que o maravilhoso é inapreensível.

JOEL SANTANA VIRTUAL

Hit de Joel Santana é sucesso na Internet. Mas ele não está gostando nada. Uniformizado de seleção sulafricana, de olho em sua prancheta, não ver nada de engraçado no sarro que estão tirando do seu inglês de cais do porto. Por isto, mandou protesto: “Brasileiro gosta disso, de tirar sarro. Tem cara fazendo um monte de besteira, mas usa gravatinha tem uma pastinha na mão, como brasileiro gosta”. Lhe conte: Joel disse o quê? Lhe conte. Joel, meu…

E NADA DE GOL: Sai do chão petróleo! Gruda, catarro! E nada de gol.

SE A BOLA NÃO ENTRA, NÃO TEM GOL, ORAS!

Se tiver três bolas para mim na cara do gol e eu perder as três, aí pode me cobrar. Eu mesmo vou lá e peço para sair. Me coloca as bolas na cara do gol e pode cobrar de mim. Não tenho má fase aqui, não estou mal. Se o time estiver em bom momento e começarem a chegar as bolas, o centroavante vai fazer gol”.

Fala, Washington! Três bolas na cara do gol? Três bolas na cara do gol é gol. Gol é quando a bola entra, não a frente da trave, Washington. Três bolas? Até o Romário faz.  Não há fase, mas o Muricy, e nem é tempo de murici, para cada um cuidar de si, amadureceu e caiu. Três bolas na cara do gol e nenhum gol. Quantos gols foram perdidos?

INTERNACIONAL CONTINUA INTERNACIONAL

Bolívar, lateral, ou melhor, coringa, do Internacional, renovou contrato até 2012.

Quinta-feira pela Recopa Sul Americana, tem Internacional e LDU.

NO PALMEIRAS CORTE NÃO PEGA LUXEMBUSTE

Presidente Belluzzo disse que é preciso fazer corte nos gastos do Palmeiras. Coisa de 15%. Mas nada de tocar na comissão técnica: Luxembuste, continua prestigiado. A diretoria diz que é um técnico de ponta. O último também é ponta.

Temos que cortar sem perder a qualidade”. Palavra de economista. Coisa de Belluzzo.

CLÁUSULA CRISTIANO RONALDO

16 bilhões de euros, coisa como R$ 2,7 milhões, é o montante da cláusula de ressarcimento de contrato caso algum clube imagine tirar Ronaldo do Real Madrid. A diretoria diz que é para se proteger do incerto futuro. Claro que no futebol de mercado não existe futuro. Olha Kaká. Olha Robinho. Olha, olha…

BOCA É SÓ SORRISO

Nesta quinta feira Alfio Basile, ex-técnico do time de Maradona, vai se apresentar no Boca.

HOJE TEM!

Logo mais, a noite: Cruzeiro e Grêmio, pela Libertadores.

Uma bola no pé e o chute, Mané!

3 thoughts on “POR FORA DE FUTEBOL

  1. Aí, moçada
    Grande texto e a escolha da epígrafe do Valdívia não poderia ter sido melhor. Ando lendo sempre os textos do blog e…caralho, tem sido muito importantes pra gente que está longe de Manaus. A parte futebolística é minha preferida. Até divulgo na página do programa (que ando anarquizando com o formatinho acadêmico e incluindo arte e futebol). Vou postar este também.
    As notícias do “terreiro” também são muito legais. Aqui tem um doutorando da Física chamado Gilmar (que é o próprio físico padrão, “sério”, cientificista, coisa e tal) para quem enviamos uma foto do Babalorixá Gilmar e a quem, depois do episódio chamamos de Pai Gilmar de Ogum.
    Abraços, Welton
    P.S. Uma contribuiçãozinha: característica do regionalismo amazonense é a troca da conjugação do presente do indicativo pelo infinitivo. Neste texto, vocês usaram “dar por finalizada a jogada” ao invés de “dá por finalizada” e “O atacante de Padim Cícero, ver a ‘besteira'”, ao invés de “vê a besteira”.
    Nada de Professor Pasquale, só pra checar se é “escolha consciente” ou não.

  2. Quando tive o primeiro contado com o blog da afin,não ententia certos textos,devido o uso de palavras que não conhecia,mas hoje compreendo o que é ter um afeto alegre e compor isso com vcs,o chagão foi pego pelo chagão da tristeza,dos textos sem alegria, do futebol dos resultados vazios que caracterizam a influencia do capitalismo.POR FORA DO FUTEBOL,faz a gente rir de alegria!E entender que o futebol é uma festa!Gilberto-Novo Israel.

  3. Aí, Welton,
    pelo toque linguístico-gramatológico, e também pela capacidade distribuitiva aí nas paradas desses lances afinados.
    Valeu!

    Companheiro novoesraelense Gilberto,
    então vá ficando por fora de futebol na composição de afetos construtores para liberação da alegria de jogar o jogo de se jogar nos entendimentos do esporte-arte-pensamento.
    Valeu!

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