ECONOMIA DOMÉSTICA ― NO BALANÇO DOS PREÇOS
SUBINDO NO PAU DE SEBO
Tiquinho (entra em casa a cantar): Boi! Boi! Boi… Boi! Boi… Bumba-Boi!Arreda, Arena… Deixa meu Povo passar! Arreda, Arena… Deixa meu Povo passar! Arreda… Arreda… Deixa meu Povo passar!
Vó Juracy: De boa! Que folguedo!
Tiquinho: Seu Pixa começou a ensinar os cantos para a Festa Junina!
Vó Juracy: Ainda bem que na rua em que moramos os traços culturais que cada um trouxe para a nossa comunidade são alegres!
Tiquinho: É mesmo! Tem paraense, piauense, maranhense, cearense…, que mantém seus laços culturais para não se deixar envolver com as falsas políticas do governo! Quando eu estava a meio caminho da feira, encontrei Dona Dalva, ela falou que ia à escola do Caneca!
Vó Juracy: O que foi que aconteceu?
Tiquinho (coloca a sacola da feira na mesa): É que na escola dele, ela foi chamada, porque lá o estudante até recebe a farda do governo, mas o pai e a mãe tem que assinar um termo de responsabilidade comprometendo-se de comprar a farda sugerida pela escola. É o tal de Centro de Excelência, vó!
Vó Juracy: Eles estão impedindo as realizações concretas do existir do estudante, fazendo se afirmar o blefe que é a educação no estado do Amazonas!
Tiquinho: Dona Candeia me disse uma vez: “Educação é movimentar, elevar a potência criadora, partindo do já conhecido para além dele. É que isso vai possibilitar as construções de situações constantes de cidadania”. E é o que menos ocorre nessa cidade, não é, vó?
Vó Juracy: É mesmo! E aí, como foi na feira? Comprou as frutas para nos ajudarmos a fazer o “Pau de Sebo” para a brincadeira de Santo Antônio!
Tiquinho: Vó, se depender da cheia, santo vai ficar sem “Pau de Sebo”! O maracujá, a senhora disse que era 15 tocos o cento, agora tá 40. Não deu para comprar…
Vó Juracy: A cheia tá fazendo o preço subir no “Pau”. E o mamão, vai ter?
Tiquinho: Ainda tá subindo no “Pau”. Era 1 real, foi a 1,50, e agora é 3 tocos. E agora, vó?
Vó Juracy: A cheia vai subindo no “Pau”. E a laranja, comprou?
Tiquinho: Tinha a Paulista, de 28 a 30 tocos; a regional, de 14 foi a 15, depois a 20, e agora é 25 o cento. Não deu para comprar.
Vó Juracy: Não tinha tangerina?
Tiquinho: Andei muito! Encontrei de R$ 3,30 a R$ 4,50 a dúzia. O cento era R$ 25,00. O pessoal se aproveita, não é, vó?
Vó Juracy: Esse “Pau” vai ficar pobre! E a goiaba?
Tiquinho: Tá em falta. Agora que industrializaram, só na polpa batizada. Quando encontrei, foi de 2 tocos a 3. Cheia na goiaba, não é, vó!
Vó Juracy (canta na cozinha): “Sou eu, Rosa Menina da Folha da Jussareira, da Folha da Jussareira! Eu, Rosa Menina da folha da Jussareira! Da folha da Jussareira! Da folha do Jussara!” Vamos passar bastante “sebo” para ver se o preço escorrega. E abacate, tinha?
Tiquinho: Só o de fora, R$ 2,19 o kg ,vai a R$ 2,50 e tem de R$ 2,80, de R$ 3,00, e ficou R$ 3,70. O regional, quando tinha era de 2 a 3 tocos. Só se for na mesa da lembrança do sabor! Passa “sebo”, vó!
Vó Juracy (começa a cantar): “Meu balaio! Meu Balaio de Guaimã! Meu balaio!Meu balaio de Guaimã! Que eu deixei no Maranhão! Ai! Ei! Meu Balaio! Ai! Ei! Meu Balaio!” O biribá, a graviola, jenipapo, bacuri, piquiá, uixi coroa, uixi liso… subiram também no “Pau”?
Tiquinho: Subiram? Não! Sumiram, vó! E não foi o Curupira!
Vó Juracy: E o abacaxi para fazer o aluá, deu para comprar? Seu Pixa perguntou de mim se ia ter o aluá, que ele conseguiu destilar uma cachacinha, e queria apurar o aluá. Além da música, pediu para cada um de nós contarmos uma lenda no dia da festa. Você já sabe sua lenda?
Tiquinho: O aluá vai ficar sem a cachaça! E a cachaça vai ficar sem o aluá. O preço vai de 1 real a 2,50. E só vende se for de 50 unidades.
Vó Juracy (os dois começam a dançar): “É Pau Pereira! É Pau Pereira! É o Pau de opinião! Todo pau dobra o galho! Só o Pau Pereira não!” Vamos falar com a vizinhança para ver se eles ajudam. Quando viemos para cá, muitos de nós plantamos árvores dessas frutas, e com certeza com a alegria dessa gente essas frutas vão aparecer nesse “Pau de Sebo”! A gente é Pau Pereira! Pau de Opinião!
Tiquinho: A Lenda que estudei é a do Bumba-Meu-Boi!
Vó Juracy: Vou me alegrar! Conta! Peraí, vou pegar o pandeiro para acompanhar! Vai, começa…
Tiquinho: SOBRE O BUMBA MEU BOI!
O bumba-meu-boi é uma das mais ricas manifestações do folclore brasileiro, ou da nossa cultura popular, como preferem outros.
É uma festa popular, de grande sensibilidade cultural, cujo conteúdo varia entre os inúmeros grupos de bumba-meu-boi, existem quatro principais formas de dança: o Boi de Orquestra, Boi de Pindaré, Boi de Zabumba e o Boi de Matraca, mas, basicamente, desenvolve-se em torno da lenda do fazendeiro que tinha um boi de raça, muito bonito, e querido por todos e que, inclusive, sabia dançar.
Na fazenda trabalhavam Pai Chico, também chamado negro Chico, casado com Catirina, tem o Cazumbá, Amo, os vaqueiros, o rapaz do Amo, o Diretor dos índios, os índios. E ainda tem o Gavião Real!
Catirina fica grávida e sente desejo de comer a língua do boi. Pai Chico fica desesperado. Com medo de Catirina perder o filho que espera, caso o desejo não seja atendido, resolve roubar o boi de seu patrão para atender ao desejo de sua mulher.
O fazendeiro percebe o sumiço do boi e de Pai Chico e manda os vaqueiros procurá-los, mas os vaqueiros nada encontram. Então o fazendeiro pede para o Diretor dos Índios que ajude na procura.
Os índios conseguem encontrar Pai Chico e o boi, que neste intervalo havia adoecido. Os índios levam Pai Chico e o boi à presença do fazendeiro, que interroga Chico e descobre porque ele havia levado o boi.
Os pajés (ou doutores) são chamados para curá-lo, e após várias tentativas conseguem curar o boi, que se levanta e começa a dançar alegremente. Então o fazendeiro perdoa Pai Chico e tudo termina em festa. Mas, vó, o Seu Pixa disse que o mijo da Catirina é que salva o Boi?
Vó Juracy: Valeu! Lindíssimo! Esse seu Pixa! É porque ela era a mulher mais bonita da fazenda! É sobre o Ciclo do BUMBA-MEU-BOI. Aprendeu?
Tiquinho (a vó continua a tocar): Aprendi! Escuta só! Os ensaios iniciam por volta do mês de maio. Nessa época, o “couro” do boi, que na verdade é um veludo, já está sendo bordado, e só pode ser visto pelas pessoas por quem está sendo bordado. É um segredo guardado a sete chaves, até que o boi seja batizado e consagrado a São João. A religiosidade está presente todo o tempo na brincadeira do bumba-meu-boi.
Os ensaios continuam até 13 de junho, dia de Santo Antônio, quando ocorre o último ensaio. Dia 23 de junho, véspera do dia de São João, o boi é batizado e o novo “couro” bordado e montado na armação de madeira em forma de touro. É mostrado para todos.
A partir daí o boi passa a apresentar-se, frequentemente, até por volta do mês de setembro.
Uma vez convidado, o grupo apresenta-se defronte a casa de quem o convidou. A apresentação começa um pouco antes da casa, quando o amo do boi canta a toada inicial, chamada Guarnecer, organizando o grupo para a apresentação.
Depois do Guarnecer, é a hora do Lá Vai, que é uma toada para avisar o dono da casa e demais que o boi já está indo. Depois do Lá Vai, é cantada a Licença, quando o boi pede licença para se apresentar.
No decorrer da apresentação, cantam louvores a São João, São Pedro, ao boi, ao dono da casa e vários outros temas, como a natureza, lendas da região, amores, política, etc. Em determinado momento começa o auto, quando apresenta a história básica de Catirina e Pai Chico, que, no entanto, pode variar muito de um grupo para outro. Também é cantado o Urra do Boi e a toada de despedida. E a apresentação termina.
As apresentações sucedem-se até por volta do mês de setembro, quando ocorre a morte do boi. Para a morte do boi, é preparado um grande mourão no centro do terreiro, todo enfeitado. Defronte ao altar de São João reza-se a Ladainha. A matança do boi dura três dias ou mais, com muita festa e dança.
No final, o boi é morto simbolicamente, onde o vinho representa o seu sangue. O “couro” que envolvia a armação de madeira é retirado. Para o próximo ano, outro “couro” será bordado, novas toadas serão compostas e o ciclo recomeça.
Vó Juracy (abraça o Tiquinho): Lindo! Lindo! É a potencia de agir de uma criança na construção dos seus afetos comunitários alegres! “Se o boi morrer, o que será de mim?”
Tiquinho (canta): Vai morrer não, vó. Vai morrer não! Vou por a mão no regador, não vou deixar meu boi queimar…
Ele não sabe que seu dia é hoje,
Ele não sabe que seu dia é hoje,
Ele não sabe que seu dia é hoje,
Ele não sabe que seu dia é hoje.
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O céu forrado de veludo azul marinho,
Veio ver devagarinho,
Onde o boi ia dançar,
Ele pediu pra não fazer muito ruído,
E o santinho distraído,
Foi dormir sem se rezar.
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E vem de longe o eco surdo do bumba, sambando,
A noite inteira encurralado batucando,
E vem de longe o eco surdo do bumba, sambando,
A noite inteira encurralado batucando.
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Bumba meu Pai do Gambo ô ô,
Bumba meu Boi Bumbá,
Bumba meu Pai do Gambo ô ô,
Bumba meu boi bumbá.
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Bumba meu Boi Bumbá,
Bumba meu Boi Bumbá.
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Estrela D’alva lá no céu já vem surgindo,
Despertou quem tá dormindo,
Por ouvir galo cantar,
Na minha rua restam cinzas da fogueira,
Que levou a noite inteira,
Fagulhando para o ar.
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E vem de longe o eco…
Quando cheguei aqui em Manaus na decada de 80,ainda conseguia ver essas manifestaçoes em bairros daqui,pessoas se reuniao para fazer suas festas em homenagem aos santos do mes de junho,mas infelizmente com a vinda do boi de parintins para manus essas festividades foram desaparecendo aos poucos,hoje em alguns bairros de manaus ainda se ve essas festa,as pessoas nao percebem que o boi hoje,e o boi do consumo dos produtos alieniginas,que tiram o sabor da brincadeira,das danças das musicas!Ah! meu Para!Francisco-Jorge teixeira.
Manaus mudou mesmo. Importa td. Fruta regional ai já era. A cheia levou td. P.Pucu/Glória.
Dizem os secretários do Governo do Amazonas,na rádio,que a população esta esperançosa,com a vinda da Copa…teremos uma verdadeira saude em manaus ,um transporte coletivo digno,educação escolar de alta qualidade a cidade vai se modernizar…e a popualaçao esta em festa…E os anos que se esta no governo…fizeram a famosa maquiagem na cidade para ganhar votos …A alimentaçao fica na mão dos FestFood,os grandes supermercados,que empõe os seus modos de consumo,quando chegar a copa vamos comer tudo embalado,ja pensou,comer uma tapioca em barra,paté de abacate,caldeirada em copo,para esquentar no microondas,farofa de maracujá!Puta merda!vou voltar para o interior antes de me suicida,com tudo isso!pedro-Cidade Nova-Núcleo 15.
Manaus e uma cidade abandonada!não tem um orgão publico para interferir no aumento dos preços!e quando criam uma secretaria e para atender seus proprios anseios financeiros de lucro!A zona franca verde so para quem quer acreditar!Miguel-Cidade Nova.