COMEÇAM AS PARADAS GAYS PELO BRASIL!!

Esperando mais de 3,5 milhões de pessoas, a 13a Parada Gay de São Paulo rola hoje, em meio a polêmicas e muita alegria. Além da música e da diversão, um foco na conscientização e na prevenção: testes rápidos do HIV estarão à disposição de quem quiser faze-lo. O tema? “Sem Homofobia, Mais Cidadania Pela Isonomia dos Direitos”.

Com a proximidade do 28 de junho, data comemorativa da “rebelião de Stonewall”, que ocorreu em 1969, as paradas gays pipocam pelo Brasil. Quem tem disposição e din-din para viajar, pode curtir e se engajar em diversas cidades, entre capitais e do interior. Em Manaus, geralmente a parada ocorre no início de setembro, mas ainda não há confirmação da data do evento. Para acessar a atualizada lista de paradas municipais, no site da ABGLT, clica aqui, Bem!

O importante da parada é chamar a atenção para as principais bandeiras de luta do movimento, sejam elas locais ou nacionais. Além da alegria e da descontração, que são características da parada, anos-luz adiante de protestos mais “sérios” e “sóbrios”, e que somente assim, já é revolucionária. Mas não pode se reduzir a isso.

Dentre os vários temas que já trabalhamos aqui, a questão dos direitos é fundamental, e não pode se reduzir à luta no campo do Direito, mas deve transbordar para a transformação cultural. De qualquer sorte, para quem está “avuando” na temática gay, por exemplo, mas não quer fazer feio na parada, quando aquele gatinho ou gatinha te perguntar sobre homofobia ou sobre o PLC 122/06, a gente traz um texto do professor Idelber Avelar, do blogue O Biscoito Fino e a Massa, que traça um curto porém preciso panorama desta luta aqui no Brasil, com pinceladas (Ui!) da situação nos States. O texto foi publicado originalmente na revista Fórum. É pra ler e estudar, viu, Maninha!

A ESQUERDA E A LUTA CONTRA A HOMOFOBIA

Nos Estados Unidos, a luta pelo casamento gay passa por um momento contraditório. Ela acumula vitórias nos lugares mais inesperados, como Iowa, e uma derrota catastrófica no habitat natural do movimento, a Califórnia. Não é ideal a posição conciliadora de Barack Obama, que defende as uniões civis — que possibilitariam conquistas fundamentais, como os direitos de plano de saúde conjunto e de herança –, enquanto reserva o termo “casamento” para as uniões heterossexuais. Mas, pelo menos, Obama dá um passo adiante em relação à tradicional hipocrisia do Partido Democrata, que sempre contou com os votos de gays e lésbicas para, logo depois, rifá-los no jogo político.

Qualquer conhecedor da história da esquerda sabe como tem sido longo e acidentado o caminho de reconhecimento da luta gay/lésbica. Na esquerda tradicional, dos Partidos Comunistas, o completo descaso vinha, muitas vezes, recheado de homofobia explícita. Isso mudou, claro, e hoje uma Deputada como Jô Moraes, do PC do B de Minas, é uma das vozes mais incisivas na luta contra a homofobia. O PT, que sempre foi mais atento que a esquerda tradicional para as questões relacionadas à mulher e ao negro, demorou certo tempo em realmente acolher a luta antihomofóbica. Resta ainda um longo caminho que percorrer.

O crescente sucesso da parada gay de São Paulo e as iniciativas pioneiras de Marta Suplicy são capítulos dessa história, mas ela foi construída com uma luta que custou o sangue de muitos anônimos. O jornal O Lampião surge em 1978, em condições dificílimas. Em 1979, constitui-se em São Paulo o primeiro grupo de homossexuais organizados politicamente, o Somos. Seguem-se o Somos/RJ, Atobá e Triângulo Rosa no Rio, Grupo Gay da Bahia, Dialogay de Sergipe, Um Outro Olhar de São Paulo, Grupo Dignidade de Curitiba, Grupo Gay do Amazonas, Grupo Lésbico da Bahia, Nuances de Porto Alegre e Grupo Arco-Íris do Rio, entre outros (as informações são do GLS Planet). Somente em 1985 o Conselho Federal de Medicina decide desconsiderar o artigo 302 da Classificação Internacional de Doenças, onde constava a homossexualidade. Pelo menos nisso, o Brasil se antecipou. Só em 1990 a Organização Mundial da Saúde decide eliminar a homossexualidade da lista de doenças. A data da decisão histórica, 17 de maio, passaria a ser o Dia Internacional de Combate à Homofobia.

Em sua esmagadora maioria, os heterossexuais – mesmo aqueles engajados na luta pela justiça social — ainda não refletiram o suficiente sobre os efeitos devastadores da homofobia. Não se trata somente dos sutis gestos de discriminação cotidiana e das piadinhas homofóbicas, reproduzidas diariamente nas interações sociais e na programação da mídia. Trata-se de direitos básicos, como o de adoção, herança, plano de saúde e constituição de união matrimonial reconhecida pela lei. Trata-se do direito à imagem e à honra. Muitas vezes, trata-se simplesmente do direito de andar de mãos dadas com seu amor pelas ruas sem correr o risco de ser espancado.

Os homicídios homofóbicos no Brasil aumentaram 55% em 2008. Foram 190 no ano passado, contra 122 em 2007. Estes são os números oficiais, compilados pelo Grupo Gay da Bahia com base nos boletins de ocorrência. Imaginem quais serão os números reais. Nesse horror quase medieval, há mortes com requintes de crueldade, a pedradas, por exemplo. Recentemente, o odioso projeto de lei 4508/2008, do Deputado Olavo Calheiros (PMDB/AL), que visa proibir a adoção de crianças por homossexuais, começou a tramitar como se não fosse a excrescência inconstitucional que é. O projeto cospe no artigo 226, § 4º, da Constituição Federal, mas o Congresso o examina como se fosse a mais razoável das leis.

Ideias absolutamente inconstitucionais, como a que proíbe homossexuais de lecionar em escolas primárias, são discutidas com argumentos “ponderados” até por gente de esquerda. Está categórica, sociologicamente provado que, em potencial, um padre é uma ameaça sexual muito mais grave a uma criança que um(a) professor(a) gay ou lésbica. Mas reproduz-se mesmo em comarcas progressistas o estranho estereótipo que associa, contra todas as evidências, a homossexualidade à pedofilia. A bizarra noção de que gays e lésbicas são máquinas sexuais incontroláveis, prontas para disparar a qualquer momento, tem ainda profunda inserção no chamado inconsciente coletivo.

É urgente o apoio maciço e incondicional da esquerda ao Projeto de Lei da Câmara 122/2006, que criminaliza a homofobia e pune a discriminação e a agressão contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais. O projeto se encontra, no momento, em trâmite no Senado. A leitura do projeto e o contato com os Senadores podem ser feitos através do site NãoHomofobia. Atualmente, não há nenhuma proteção específica ante a agressão e a discriminação homofóbicas, comparável à que temos contra o racismo.

A Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT é formada por 211 deputados federais e 18 senadores. Dos grandes partidos, o PT ainda é, de longe, o que se sai melhor na foto. De seus 11 senadores, 9 são membros. Mas ainda é pouco. Não há razão aceitável para que Tião Viana (PT-AC) e Marina Silva (PT-AC) não se juntem à Frente. Se, em vista de suas crenças religiosas, a Senadora Marina Silva tem “problemas de consciência” para se juntar a essa causa, que ela os resolva no âmbito privado. Na esfera pública, ela tem a obrigação de defender o programa do PT. Chega de conferir aos progressistas religiosos esse estranho privilégio, o de omitir-se (ou, pior, adotar uma postura reacionária) nas questões fundamentais do nosso tempo, sempre que estas entrem em choque com a leitura que lhes inculcaram de um livro apócrifo de fábulas judaicas.

Sempre defendi que a melhor forma de se imbuir do espírito de luta pela justiça social é ouvir as vítimas com atenção. Quer entender o racismo? Abandone as fáceis, imaginárias simetrias entre negros e brancos e escute as histórias de vida narradas por aqueles. O apelo do post é muito simples: procure seu amigo gay ou sua amiga lésbica e pergunte, indague muito. Não pressuponha que sabe o que eles vivem. Escute com atenção. Você se surpreenderá.

Para acessar o Professor Avelar, clica aqui, ó.

Para chegar na excelente revista Fórum, é por aqui, maninha!

Ui! E agora vamos ver outros sopros gays (ou não) que passaram no nosso Mundico! A Lôca!

Φ AUDIÊNCIA SOBRE HOMOFOBIA NA CÂMARA DE MANAUS EVIDENCIA HOMOFOBIA DE VEREADORES. Gente! Tudo bem que existem estudos que mostram que consciências fortemente atravessadas por enunciações de ordem dogmáticas ou inflexíveis ao contraditório tendem a ser mais estreitas epistemologica e cognitivamente, mas desta vez a bancada disangélica da Câmara Municipal de Manaus demonstrou, como se diz, por A + B!!! É que o vereador José Ricardo (PT) entrou com o pedido de realização de uma audiência pública para discutir as políticas públicas na área municipal para a população LGBT (se é que existe alguma política pública numa gestão sub judice) e a omissão do poder público em relação à homofobia. A audiência também marcaria o lançamento da Cartografia Social e Plano de Enfrentamento à Homofobia, além de marcar a passagem do dia 28 de junho, Dia da Consciência Homossexual. E não é que a mesma turma do espanto que negou a utilidade pública às Amazonas entrou em ação para tentar impedir a audiência?! Desta vez, parece que somente o pastor Marcel Alexandre, querendo fazer média com o público que o elegeu, tentou tumultuar a sessão, ao ver que o desejo das 11 entidades LGBT que solicitaram a audiência iria se realizar. Com a votação em regime aberto, ficou mais difícil para os edis destilarem a homofobia que carregam, e a audiência foi aprovada por 18 votos a 13. É que o público, como potência, transborda as armadilhas ademocráticas que se querem realidade nos legislativos mundo afora. Daí Marcéis e outros “sagrados” doutores da lei teocrática à parte, não entenderem nada. A audiência ocorre no próximo dia 19, às 15h, na Câmara Municipal, e esta colunéeeeesima vai estar presente, é claro. Homofóbicos, tremei!!! Sentiu a brisa, Neném?

Φ CURSO ABERTO E À DISTÂNCIA COM TEMÁTICA LGBT. O Presidente da ABGLT, o companheiro engajadíssimo, Toni Reis, conclamou, e nós vamos nessa. É que a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com o Instituto de Tecnologia Social, estão ofertando o curso online “Direitos Humanos e Mediação de Conflitos”. Importante para quem quer ter sibsídios técnicos para atuar na área dos direitos humanos e contribuir com o movimento LGBT. O curso é da modalidade auto-instrucional (não tem professor, baby, é você e tu), tem dez módulos, e você faz conforme a sua agenda. Pode terminar em até dez semanas, e tem direito a certificado. Imperdível! Quem quiser se escalar (se joga, menina!), ou pelo menos conhecer melhor a proposta, pode clicar aqui, ó. Sentiu a brisa, Neném?

Φ PELA PRIMEIRA VEZ, UMA PARADA GAY NA CHINA. Que o comunismo como organização social ainda não encontrou condições materiais necessárias ao seu surgimento, os regimes totalitários de extrema-esquerda (aqueles que são tão, mas tão de esquerda, que toca cognitivamente e epistemologicamente na direita) já o provaram. O que não significa que o comunismo, tal como o pregado, por exemplo, por Jesus Cristo, não seja um possível para o Homem. E neste possível, o desejo como produção ético-estética intensiva independe da expressão da sexualidade ou qualquer outra. Por isso é preciso entender que na China não há rastro de comunismo: há, na realidade, um regime tão capitalista e explorador quando no seu rival, os EUA. Apenas mudam as formas de censura, embora a cultura chinesa seja infinitamente mais rica que a norte-americana. E pra completar, esta semana rolou por lá a primeira edição da Parada Gay, e não ficou só em uma parada: é um Festival do Orgulho Gay, que ocorre em Xangai e termina hoje (pelo horário, gurias, já deve ter terminado). Hannah Miller e Tiffany Lermay são as organizadoras do evento, e explicam que não haverá desfile, para evitar confronto com as autoridades. No entanto, palestras, encontros, cinema e rodas de discussão devem animar os LGBT de olhinhos puxados. Desde 1997, o governo chinês, oficialmente, não persegue os gays. No entanto, é bom não arriscar. Existem mil maneiras e estratégias para “dobrar” o sistema, e nem sempre encará-lo de frente é o melhor remédio. Que muitos mais venham depois deste festival na terra do Mao! Uau Uau! Sentiu a brisa, Neném?

Φ SÃO PAULO GANHA AMBULATÓRIO ESPECIAL PARA TRANS. Dia desses esta colunéeeeeesima presenciou uma discussão sobre se o governo de Israel era ou não de extrema direita. Os que argumentavam a favor diziam que a xenofobia contra os palestinos e a negativa em permitir um Estado co-irmão é característica de regimes de direita, enquanto que os defensores do governo israelense afirmavam que eles têm políticas de combate à homofobia e de promoção de direitos civis para os LGBT. Como a questão não é classificações, não há porque brigar. Na realidade, governos de direita têm, sistematicamente, enfraquecido a força reacionária e garantindo o direito de minorias. À exceção daqueles atravessados por enunciações dogmáticas, como os que misturam Estado e Igreja, o restante já entendeu o que a esquerda ainda não compreendeu: a necessidade de votos anda junto com a individualização coletiva, para usar um termo caro ao filósofo Gilles Lipovetski. Embora em sociedade, cada vez mais o sujeito decide o público a partir da sua privacidade, e os políticos à direita do espectro já o sacaram bem. Daí não nos espantarmos que num regime de direita e repressor, como o governo Serra, em São Paulo, tenham havido avanços em relação aos direitos LGBT. Ao mesmo tempo em que usa a polícia militar para promover a violentação dos direitos na USP e nas periferias, o governo avança em questões como por exemplo a saúde. Esta semana, foi inaugurado o primeiro ambulatório exclusivo para a população trans. Inicialmente, o ambulatório irá oferecer as especialidades de endocrinologia e urologia, com um tratamento e receptividade todos voltados para a população transsexual e travesti, a começar pelo uso do nome social. Trata-se, evidentemente, de uma conquista, e um desafio às esquerdas: realizar mais e melhor, e sem a superficialidade das ações de governos midiáticos. Inaugurar um ambulatório é pouco, se pensarmos não existir ainda uma política pública de saúde voltada, por exemplo, para o acompanhamento hormonal das trans. Neste sentido, o governo federal, com o Brasil Sem Homofobia e outros programas, pensa mais adiante. Ainda que suas ações não sejam de visibilidade imediata, serão, se bem geridas, mais importantes à médio prazo. Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

3 thoughts on “!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

  1. O mundo gay e gay! nao o mundo que eu vivo, se liga velha!!!! Sodoma e Gomorra foi distruida por causa dessas merdas!!!! quando Cristo voltar nao vai sobrar nada de novo…. mundo gay nao faz sentido, ate que nascer gay e toleravel, mas se tornar um gay ja e viadagem!!!. quem viver vera…………..se vcs nao acreditam, consultem a Biblia. agora se vcs nao acreditam na palavra do Senhor… entao estao na roca mesmo!!!!!!!!!!!!
    Boa sorte.

  2. Que é isso Joe? Por que tanto desespero? Só por que o mengo levou 5 pro coritiba. Não se desespera não, o mundo é gay mesmo. Agora como eu não sei de que mundo você é fica difícil mesmo eu te entender, mas como você conhece Sodoma, Gomorra, a Bíblia, Jesus Cristo, você vive mesmo no nosso mundo gay. Viva a parada gay de São Paulo, viva os gays e abaixo o preconceito, porque viado só aquele do mato. Francinildo/Raiz.

  3. Eita Joe…
    Que coisa retrograda é essa… Não é uma questão de gosto ou não apenas… Isto é uma coisa social, já que envolve um falso moralismo como este teu e que pode levar uma pessoa a impedir de se expressar da forma que achar melhor (ou através da repressão, trauma ou através de morte). Quem é você ou outro pra se achar o juiz e botar sua banca e condenar alguém… Como diria Cristo (talvez não o que você crê): quem nunca tiver pecado atire a primeira pedra! MaNoz

Responder a Joe Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.