O jogador recebe as cartas, percebe e entende que está perdido: este jogo não é seu. Apela para a sedução: blefa. Traça linhas no rosto, movimenta as mãos em cumprimentos, pigarreia em dissonante, traga o cigarro em tom de tango, tamborila sobre a mesa como senhor da dama da noite, engole compassado a bebida, gesticula em universos que sirvam de máscara, de véu, de adornos capazes de seduzir, e desviar os oponentes de suas cartas perdidas. Se eles titubearem no ritual, ele pode levar a rodada.

Este o blefe de alguns times que disputam dois ou mais torneios, ou campeonatos. Perdidos em suas mediocridades, miséria futebolística, estes times blefam quando vão jogar em um desses campeonatos, ou torneios, considerados por eles de menor importância. Encenam, insinuam que estão se resguardando para partida de maior importância. Uma confissão da ignorância que não é blefe, já que todo os campeonatos, ou torneios, são importantes, daí porque estes times estão participando. Se um paga mais, ou promove mais no mercado futebolístico, isto não importa. O que importa é estar participando.

Entretanto, o entendimento destes times é próprio dos que blefam. Além de não entenderem que para os times o importante é participar de disputas, tentam seduzir o torcedor com performances que seus times não possuem, afirmando que estão jogando neste torneio com time reserva, para poupar os titulares para o jogo mais importante.

Risível blefe. Como o futebol no Brasil anda pela hora da morte, quase todos os times se assemelham na pobreza futebolística. Que time titular tem o Palmeiras para jogar com os reservas no Brasileirão, se tanto os ditos reservas e os titulares se assemelham jogando a Libertadores? Tira Keirrison, coloca o Leny, dá no mesmo. O time do Palmeiras conseguiu realizar a unanimidade da mediocridade. Mas não é só ele. O São Paulo poupa jogador no Brasileirão, joga contra o Cruzeiro nas Libertadores, perde, é o mesmo do Brasileirão.

Mas neste blefe dos iguais há os iguais iguais. O Cruzeiro e o Internacional. Jogando com os reservas, jogam com os titulares. É que estes times têm jogadores talentosos tanto como reservas quanto como titulares. O Cruzeiro, com reservas, vence o São Paulo. É um falso blefe. Diz que joga com reservas, o adversário acredita que são jogadores inferiores, leva couro: os times não têm reservas. Todos jogadores estão no mesmo plano.

O gol da rodada. Existem dois tipos de times que blefam. Os que blefam com jogadores iguais para pior, e perdem, e os que blefam com jogadores iguais para melhor. Estes ganham a rodada.

3 thoughts on “O BLEFE DO TIME RESERVA

  1. Na segunda feira sempre espero neste bloguinho este tipo de post que nos tira da ilusão do futebol Brasileriro!Mas vcs tem dado so resultados no Chagão!Se for assim eu vou gastar meu um real com o jornal e nao na lan house,so para saber do resultado!Gomes-Sao Lazaro.

  2. Sou morador do novo israel,estudei em 2007 na escola estadual,o professor de filosofia em um discusão sobre o futebol me indicou o blog da afin,mas hoje tenho que concorda com o Gomes,o Chagão deixou de ser chagão e passou mero depositor de resultados;eu acesso a mas de um ano e considero sempre esclarecedor o blog ao ponto de não precisar comentar nada,mas estava querendo enriquecer a minha discursão justamente sobre a questão abordada no post e não encontrei no Chagão!Aguardo melhoras!Hugo.

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