APESAR DE PARLAMENTARES, HÁ OPINIÃO PÚBLICA
UM FATO PARLAMENTAR
O deputado federal Sérgio Morais (PTB-RS) foi escolhido pela Comissão de Ética da Câmara para relatoria do processo contra o deputado Edmar Moreira, de Minas Gerais, sem partido, suspeito de crime de decoro parlamentar. Porém, preocupado com “a verdade”, segundo o deputado, Sérgio Morais antecipou seu voto, afirmando que iria absolver Edmar Moreira.
Parlamentares e a opinião pública mostraram sua indignação diante do sentido de “verdade” do aristotélico deputado. Vendo-se no próprio quiproquó legislativo que pintara, o deputado saltou, alto e em bom tom, que estava se “ lixando para a opinião pública”.
Lixando-se ou não, o certo é que a Comissão de Ética da Câmara tirou-o da relatoria. Ele recorreu ao STF, tentando recondução à relatoria, mas a ministra Carmem Lúcia deu parecer contrário.
OPINIÃO PÚBLICA ALÉM DE PARLAMENTARES
A estupidez tem várias formas de manifestação. Umas bem visíveis, e outras menos visíveis, mas que são visíveis. O caso do deputado Sérgio Morais, expressa a segunda forma de estupidez desdobrada nele mesmo.
Por não perceber as manifestações da opinião pública, e assim não entender que um parlamentar é eleito por parte desta opinião, o deputado confirmou duplamente sua estupidez. Quiçá, triplamente, já que seu enunciado foi de prepotência. Como se estivesse acima dos eleitores que o elegeram. Ou — outro talvez —, estenda ele que seus eleitores não fazem parte da opinião pública. Ou então que a opinião pública é algo ruim, discurso saída dos seus adversários.
Pobre estupidez antidemocrática, que faz com que inúmeros profissionais do legislativo e executivo não percebam que a opinião pública é uma forma de pensamento coletivo, que entende mais dos traços sociais que a opinião individual destes parlamentares e governantes presos em si mesmos, por isso não podem sem estabelecer alternância política com o fora como processual constitutivo democrático.
Só para ilustrar a opiniática estupidez. As manifestações das categorias múltiplas, que vem ocorrendo em Manaus só conseguiu ser realizada com efeitos importantes, por que a opinião pública se fez presente, tanto como consciências das categorias, como consciências da outra parte da população que concordou com as reivindicações.
Além de quê, a opinião pública somos nós que produzimos como elemento de suspeita ou aceitação sobre um objeto ou um conceito, não é, mano?
