ENSINO DE SAÚDE INDÍGENA NOS CURSOS DA UFAM

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O Ministério Público Federal do Amazonas estará promovendo amanhã, quarta-feira, dia 29, às 14:30h , no auditório do Ministério Publico do Estado do Amazonas, Antônio Carlos Bandeira de Araújo, anexo da Procuradoria Geral de Justiça, na Avenida Coronel Teixeira, 7995, bairro Nova Esperança, uma Audiência Pública Sobre Saúde Indígena, organizada pela procuradora Luciana Portal Gadelha.

O encontro, cujo convite se estende aos médicos, antropólogos, psicólogos, sociólogos, assistentes sociais, juristas, prefeitos, parlamentares, e estudiosos das áreas afins, tem seu tema originado no caso da menina tukano, L.B., de 12anos, que fora picada por uma cobra, e ao ser internada em um hospital da capital, teve seu diagnóstico conturbado no momento em que as duas culturas, com suas semióticas médicas sustentadas em suas verdades antropocientíficas diferentes, tentaram fazer prevalecer seus discursos diante do caso clínico.

Foi então que o Ministério Público Federal do Amazonas interveio, mostrando a necessidade de atender às exigências dos membros da etnia tukano, que pretendiam usar a terapia própria de sua cultura. Assim, foi possível realizar um tratamento, cuja terapia foi constituída dos saberes e fármacos das duas culturas. O que levou a criança a ser curada. Um fato por si mesmo singular, pois de acordo com o diagnóstico da medicina estruturada pelos saberes emanados da imagem dogmática do pensamento do Estado, a criança deveria ter a perna amputada. O que não aconteceu em função da atuação da medicina indígena juntamente com a medicina institucional.

Entretanto, apesar do encontro proporcionar a discussão sobre as relações e práxis terapêuticas entrelaçadas das duas medicinas, seguindo seus signos culturais quanto aos diagnósticos e curas, o que salta como elemento de forte implicância é o exame sobre a possibilidade da inclusão da disciplina “Ensino da Saúde Indígena” nos currículos dos cursos de Medicina e Enfermagem. Uma proposta antropo/pedagógica fundamental para auxiliar os educandos dos dois cursos a terem experiências para além do constituído como saberes necessários aos Estado. Uma proposição que vai mexer com o conceito de medicina hegemônica a encontrada nos hospitais e clínicas.

Uma disciplina que além de deslocar os educandos da ordem perceptiva/cognitiva da chamada cultura letrada, levando à outras percepções e outras cognições, no contato com os signos culturais indígenas, vai auxiliá-los no maior entendimento sobre o conceito de Saúde do SUS, que implica, também, o conceito antropológica/social, que a maioria dos profissionais da saúde desconhecesse.

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