PÁSCOA, A PASSAGEM
Na Filosofia da Diferença, passagem é uma intensividade que atualiza idéias virtuais em qualidades e valores ontológicos. Movimento que atravessa o que está constituído como real para fazer nascer o Novo. O Eterno Retorno intensivo. Nada do semelhante, do igual, do mesmo. Só o distributivo como criação.
A Páscoa, como passagem para o novo, necessário à confirmação estética ontológica do homem, não pode ser reduzida a uma simples ilustração presa às chantagens consumistas do capitalismo, como também da culpa e da dívida, do misticismo dogmático. Se se trata de uma festividade da ressurreição de Cristo, que seja o Cristo, o que foi: o Novo. A Boa Notícia. Uma nova existência. Nada do “eterno retorno” do repetido como má notícia. A doutrina do juízo punitivo. Tudo que faz da superstição a paralisação da passagem para outras percepções e ouras cognições.
Cristo, ressuscitado como devir/transformador, não pode ser aprisionado na simulação libertadora comandada pelos que continuamente falsificam o seu nome. A Páscoa não pode ser reduzida às palavras desativadas dos profetas/mercadores das igrejas capitalizadas. Não pode servir de alento para as consciências dos corruptos, bandoleiros políticos, mídias sequeladas, patrões exploradores, todos que a tomam mais como um recurso escuso para sublimar suas indiferenças com a existência comprometida.
Daí que, sendo a Páscoa, passagem, ninguém que permanece fixo nas idéias fúnebres do ressentimento, e da entropia social, pode atualizá-la como o Novo. A não ser pela força da imaginação supersticiosa, como fazem os pós-modernos fariseus.