O FASCISTA BERLUSCONI SIMPLIFICA AS PALAVRAS POVO E LIBERDADE

A Itália é um país que, politicamente, é fácil de se compreender. Sempre criou forças democráticas historicamente capazes de influenciar alguns países da Europa. Entretanto, ao mesmo tempo em que se configura como forças não consegue fazer emergir estas forças permitindo ser ocultada pelas armadilhas místicas/capitalistas dos grupos reacionários. Constatação: a configuração do fascismo.

Desta maneira, vista pela crítica política, a Itália é um país de esquerda, só que sofre de uma síndrome que se manifesta com grande vigor no momento em que é convocada a se constituir poder. É neste momento que a potência democrática/socialista/comunista carregada pelos filósofos, intelectuais, artistas, cientistas, professores, operários, todos anti-fascistas, se separam pelo fator “minha idéia é mais adequada”, e a direita aproveita e faz a festa. Assim, a esquerda na Itália tem se mostrado nestas últimas décadas o elemento político construtor da hegemonia da direita fascista.

É neste constante andante de ruptura desnarcisada das esquerda que um fascista como Berlusconi esparge seu dom de canastrão do universo da desrealização do mundo. Desta maneira, dando seqüência a este dom, ele invade palavras originariamente políticas e as simplifica, vampirizando suas potências sociais, transfigurando-as em semiótica esvaziada de qualquer sentido político. Aí está ele como presidente do novo Partido do Povo da Liberdade. Misto de dois partidos fascistas, o seu, Forza Itália, mais o Aliança Nacional.

Povo e Liberdade, duas práxis historicamente políticas, transfiguradas em uma alusão linguística vazia. Duas quimeras. Visto que não possuem essência como vivência multitudo, povo, como afirma o filósofo italiano Toni Negri, e nem existência, como engajamento político das classes trabalhadoras representantes produtivas do povo.

Diante de uma esquerda romantizada e rivalizada, o fascista chefe do governo italiano, Berlusconi, faz das palavras Povo e Liberdade dois signos vazios suficientes para usá-los como simulacros democráticos facilmente casados com as colorações de seu show delirantes.

E neste realismo fantástico da política italiana, onde a esquerda é tão somente coadjuvante, a crítica socialista não aceita a jocosidade reducionista: enquanto Berlusconi debocha, a esquerda se afrouxa. Mas sim, em Povo e Liberdade, Berlusconi não é verdade!

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