NO CASTELO DE AREIA DA CAMARGO CORREA, A DIREITAÇA E A MÍDIA SEQUELADA MORREM NA PRAIA

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Na busca e apreensão, denominada Operação Castelo de Areia, que a Polícia Federal Republicana fez ontem na sede do mega-grupo Camargo Correa, onde se investiga, crimes de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem autorização, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, superfaturamento de obras e, é claro, doações ilegais a partidos políticos.

Que o surgimento e manutenção de impérios corporativos e a corrupção da classe política estão sempre imbricados, é coisa que até os minerais sabem, como diz o insigne jornalista Mino Carta, mas, devido a essa sólida relação, geralmente prevalece a impunidade de ambos. Vez ou outra, quando os crimes cometidos pelos mega-grupos e pela classe política extrapolam (o que é antigo nesta pátria brasileira), enquadra-se “sem” rigores a Lei (e isso é recente na pátria brasileira) um ou outro, como se um não tivesse nada a ver com o outro, como se nunca tivessem morado juntos em festivo castelo.

O que aparece como novo na Operação Castelo de Areia é a evidência clara e irremissível dessa relação fraudulenta. Na caderneta de doações ilegais e outros quitutes da Camargo Correa estão em letras garrafais o nome de sete partidos políticos: PSDB, DEM, PMDB, PPS, PSB, PDT e PP. E ainda tem, além destes, um PS, que não se sabe se é um nome de um partido, uma pessoa ou “pos-subscritum”. E muito mais além destes oito, está a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, que fez o repasse das verbas e até já emitiu nota, dizendo-se uma entidade “apolítica e independente”, voltada aos “interesses coletivos da indústria paulista e da sociedade brasileira”, deixando claro “não temer qualquer investigação”. Claríssimo que Paulo Skaf não teme, mas se sua sorte mudar…, como diria Brecht.

A mídia sequelada ficou desesperada quando procurou na lista e o PT não estava. Por isso agora tenta debaixo das ruínas do castelo onde sempre esteve se segurar aos seus, comparando a ação da Operação Castelo de Areia à Operação Satiagraha. “Se” a PFR vier a apresentar nomes de jornalões escritos e televisivos na lista de apaniguados, serão publicados?

Quando as ondas arrebentam na praia, para quem sempre nadou tocando com os pés o fundo da piscina, o castelo pode ser de pedra dura, mas como diz o dito, as águas são mais fortes e sempre morrerá afogado. Ainda mais quando são assim águas profundas, potáveis e democráticas.

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