O deputado federal pelo PR de São Paulo, Clodovil Hernandes (que em uma de suas faces/biográficas foi Clô, para os íntimos) ao sofrer um grave AVC – Acidente Vascular Cerebral, na madrugada de segunda, dia 16, encontra-se neste momento, 14:50h do dia 17, em estágio profundamente preocupante. De acordo com boletim médico, hoje o deputado sofreu uma parada cardíaca, mas foi reanimado. Ainda, segundo o boletim, em razão da forte pressão craniana, ser submetido a uma cirurgia é demais perigoso. Espera-se o desenrolar de seu estado clínico.

O ESTILISTA, A TV E A POLÍTICA

A TESOURA, O CORTE, A LINHA E A COSTURA

Em seus percursos de homem do Show das variedades: costura, televisão, e agora política. Clodovil apresenta duas faces antagônicas que servem para um entendimento quanto à difusão de seu nome. A primeira é a que mostra o grau de consciência progressista referente à moda. O que lhe permitiu a posição que ocupou até o momento, mesmo afastado da alta produção. Diante de um estilista da alta costura como Denner, que lhe antecipou no universo da moda paulista e carioca, Clodovil teve que criar um estilo próprio para poder construir seu espaço no gosto da classe média alta e da elite, tendente aos modos dos talhos de Denner, que, além de ocupar o gosto da maioria no mundo do glamour com sua costura, também era admirado pela pose que vendia como ‘aristocrata’.

Diante deste panorama da costura, Clodovil, afiou sua tesoura e produziu seu estilo na moda tido por muito como mais vanguarda que o estilo de Denner. Talvez aí o motivo dos comentários de que ambos não se toleravam. Caso depois desmentido pelo próprio Clodovil. Mas de qualquer entendimento, o certo é que Clodovil criou a fama de um transformador da moda brasileira, pelo menos lá para as bandas do sudeste.

A TV COMO PASSARELA

Clodovil adentrou nos estúdios no misto de estilista e colunista social. Na tarefa áudio-visual proporcionada por seus talhos e costuras, manteve o patrimônio trazido de seu atelier. Chegando mesmo até a desenvolver um estilo considerado mais popular. Um estilo que agradava as telespectadoras de todas as classes. Soube unir seus conhecimentos de costureiro com a economia doméstica que podia ser aplicada à costura.

Entretanto, quando exercia seu papel de colunista social televisivo, aí a cobra pegava o rato. Era um Show de coragem desnecessária. Verdadeiras lantejouladas de substantivos e adjetivos lançadas contra seus supostos desafetos, do tipo, “esta que é a verdade”, o que, para alguns, não combinava com sua costura.

Mas foi nas várias passagens pelos estúdios das TVs que ele pode cunhar seu mais famoso bordão: “Clô, para os íntimos!” Certamente seus íntimos são os que lhe aceitam com todas suas contradições estilísticas do Show business da sociedade psicodélica de consumo.

O PARLAMENTO

Com uma votação grandiosa promovida pelo eleitor do estado de São Paulo, que chegou a servir de zombaria para muitos, Clodovil chegou à Câmara expelindo toda força de seu reacionarismo de representante da direita rancorosa. Destilou comentários raivosos contra o governo Lula, discutiu com ala feminina do parlamento, que lhe moveu uma ação, e, por fim, teve seu mandato sob pedido de perda pelo partido que foi eleito, PTC. Todavia, no fim da semana passada teve seu mandato garantido por decisão do TSE, que não encontrou nenhuma ilegalidade nos motivos alegados pela direção do PTC, que o levaram a ir para o PR.

Agora, mais afeito ao governo Lula, menos reacionário, já que começou a entender os meandros das relações parlamentares, teve este acidente grave, que segundo as últimas informações deste momento, 16h, foi diagnosticado com morte cerebral.

Desta forma, pode-se considerar, por seus percursos ontológicos, “Clô, Além dos Íntimos!”

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