O MEDO DA MÍDIA-MAIOR E O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Passado o período do Fórum Social Mundial, FSM Amazônia 2009, eis que a mídia-maior, a chamada grande imprensa, continua procurando razões para desqualificar o evento.
Mesmo com o seu término, os jornalões e a grande mídia se esmeram em mostrar que o fórum foi um “fracasso”. No Estadão, por exemplo, questionou-se até as barracas e o lixo produzido pelo fórum. Tudo o que foge do padrão ou nega numa superficialidade os propósitos do fórum serve aos interesses. A questão é: por que?
O SIGNIFICANTE DESPÓTICO E O PAVOR DA MÍDIA-MAIOR
Presa a uma linguagem laminada, a imprensa afeita aos melindres do capitalismo é vítima da limitação semiótica: capturada pelo significante despótico, a ela só resta a repetição ad infinitum do mesmo discurso capturado pela ordem do ilocutório. Uma linguagem limitada, feita menos para comunicar do que para ordenar. Palavra de ordem, não comunicação.
Daí o pavor diante de elementos semióticos que rompam com esta ordem. Ou como afirma o filosofante Michel Serres: quando um átomo-letra entra na composição e provoca a declinação, temos outro texto, outra textura, outra realidade.
Daí a textualidade em rede semiótica do Fórum, com sua pluralidade linguística, seu liames, suas linhas de força, suas declinações, seus enunciados sem sujeitos, representarem uma ameaça à própria condição de existência da mídia-maior.
Como noticiar um acontecimento que foge aos parâmetros da sua limitada linguagem? Daí o pavor da mídia, que usa aquilo que conhece: procurar descaracterizar o adversário ao invés de seus argumentos.
Noticiar o Fórum Social Mundial é muito mais complexo do que noticiar o Fórum de Davos, mesmo em tempos de crise. É que a crise não evita que lá os códigos continuem os mesmos. Familiaridade epistemológica, ainda que reduzida.
É impossível para a mídia-maior compreender que os fluxos intensivos produzidos no FSM são elementos da polivocidade maquínica, incapturáveis pela codificação tradicional. Igualmente, para desespero deles, estes códigos-fluxo carregam uma potência democrática que transbordam o social de forma muito mais eficiente do que a grande mídia. Algo relevante ocorre, por exemplo, entre os blogues midialivristas e os grandes jornais e tevês: enquanto a diferença se marcar pela semiótica, os blogues levarão vantagem. O outro mundo possível já existe.
Daí a relevância de um fórum que não tem na seriedade uma de suas “virtudes”. Ao contrário, é contra a seriedade da sociedade de consumo que ele existe. Ainda que, para isso, certos signos desta sociedade sejam subvertidos pela caosmoticidade do Fórum Social Mundial.
I’m the only one in this world. Can please someone join me in this life? Or maybe death…