Quem não mora em Manaus, ou não a conhece, não sabe que ela é uma ilha. E que ilha! Chegar em Manaus, ou sair dela, só pelas hidrovias ou aerovias. Outra tentativa é mera ilusão ou desespero. Pois bem, Manaus neste momento vive o pior filme hollywoodiano. Quer dizer: pior não. Qualquer filme hollywoodiano. Hollywood é a indústria da inutilidade perceptiva. Então, Manaus vive um filme hollywoodiano.

Sob a direção do prefeito cassado Amazonino, o filme manauara apresenta a angústia e o desespero dos usuários de veículos de todos os tipos, modelos e marcas, e dos pedestres. Cassado, Amazonino resolveu deslocar o itinerário de passagem para veículos. A eufemística mudança no trânsito. Onde se podia seguir à direita, agora é para a esquerda. Onde era liberado para subir, agora se desce. Resultado: os veículos encontram-se quase parados em confusas direções, como se seus motoristas estivessem fugindo de alguma ameaça perigosa. Um ser estranho que está chegando como um cataclismo. Aí salta a pergunta: “Fugir para onde?” Eis o desespero de quem mora em uma ilha.

Amazonino, cassado, prometeu uma gestão de impacto: está causando. O impacto dos dias que Manaus parou. Se pretendia atingir seu eleitor, conseguiu. Só que não em cumplicidade por uma administração que atuasse coletivamente bem — mesmo estando cassado —, mas impedido de se movimentar. Psicólogos dizem que o pior castigo para uma criança é proibi-la de se movimentar. Imaginem qual o pior castigo para o motorista e o pedestre na urbe? O mesmo: imobilidade. Estimula ansiedade, as neuroses aumentam a pressão arterial, os batimentos cardíacos, causam pruridos, sudoreses, pânico, todas as mazelas possíveis provenientes da paralisia.

SINOPSE Tem chovido muito em Manaus. Às vezes surge uma tênue claridade, daqui a pouco o céu começa a escurecer. Trovão, raios, relâmpagos, e os veículos parados ou se arrastando em agonia. Motoristas não sabem que rua pegar, para onde ir. A cidade lembra o conto do escritor argentino Julio Cortázar A Casa Tomada, em que os habitantes da casa são empurrados para os cômodos por estranhos ruídos internos, até se encontrarem do lado de fora. Um realismo fantástico. Este o filme que Manaus apresenta hoje. Todavia, sem que os motoristas e os pedestres possam sair dela.

1 thought on “O CENTRO DE MANAUS É UM FILME HOLLYWOODIANO

  1. eu gostaria muito que de saber pelo omenos uma pista dessa pessoa que foi um grande amor da vida eu namorei ele no em bacabal MA eu vi para brasilia ele ficou lá no nordeste mas já´fiquei sabendo que ele si casou e foi morar em manaus gostaria de saber do reginaldo por fava for estou esperando a resposta ficaria muito feliz.

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