LGBT, CIDADANIA, EDUCAÇÃO… TODAS AS EXPRESSÕES NO FSM AMAZÔNIA 2009
Despedindo-se do Fórum, a equipe AFINPRESS esteve na UFPA, onde acompanhou algumas oficinas e atividades, dentre as centenas que estão ocorrendo diariamente nos territórios do Fórum Social Mundial.
EDUCAÇÃO PLANETÁRIA
O que seria uma mesa de diálogo se transformou em uma grande conferência, onde os estudantes, sentados em roda, ouviam os palestrantes, que falavam com a ajuda de um megafone.
A atividade proposta pelo Instituto Paulo Freire, “Educação para a Cidadania Planetária” trouxe, dentre outros convidados, o pedagogo Carlos Rodrigues Brandão, que nos falou sobre suas impressões sobre o FSM: “Estou vendo este fórum, como eu disse na minha palestra, como uma resposta ao encontro de Davos. Aqui sendo o encontro para a busca de uma nova sociedade”.
FEMINISMO E MOVIMENTO LGBT
Enquanto de um lado a educação era a temática, do outro, ela também estava na pauta. Era a oficina da Liga Brasileira de Lésbicas (clique aqui para entrar no blogue) que trazia a temática “Lesbianidade Feminina: uma ferramenta de fortalecimento de mulheres lésbicas como sujeitos políticos”.
Com a sala cheia de interessados no assunto, mulheres e homens, de todas as orientações sexuais/eróticas (o Iranduba estava lá representado!), a discussão passou pela contextualização do movimento frente às demandas LGBT, explicando como a LBL está organizada nacionalmente.
Um dos temas que foi discutido foi o do envolvimento dos grupos LGBT com outras lutas:
“Por que não se discutir a questão do nosso posicionamento enquanto homossexuais? Nós sabemos que a nossa categoria é vulnerável, somos deixados de lado pelas políticas dos governos e pela própria sociedade. Então quando nós restringimos, nós ficamos ainda mais vulneráveis”.
“Aqui nós também somos a sociedade. Nós não queremos privilégios, queremos apenas os nossos direitos. E quando uma minoria é beneficiada, toda a sociedade se beneficia”.
O dia 30 no FSM, aliás, bem poderia ser o da temática LGBT. Duas mini-paradas ocorreram, uma na UFRA e outra na UFPA. Na federal, após a parada, ocorreu uma grande assembléia dos movimentos LGBT`s, enquanto que na UFRA, houve até, contam, um casamento gay para encerrar a festa democrática de um novo mundo possível.
NÃO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
E na sala ao lado, o Núcleo de Mulheres Jovens da CAMTRA (Casa da Mulher Trabalhadora) realizou uma discussão sobre o combate às violências histórico-culturais contra a mulher.
Foi enfatizado pela Camtra que o movimento feminista não pretende inverter a hierarquia homem/mulher, mas fazer uma militância não-hierárquica, deixando claro o entendimento que todos os movimentos de minorias têm de se aproximar e caminhar nesse sentido.
NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA FESTA…
Atravessando a rua principal da UFPA Básica, uma alegre banda de música arrastava os passantes, numa animada passeata. Era o Estandarte do Gênero, Etnia e Sexualidade, esquentando a festa que viria, relamando o outro mundo possível e declarando a alegria do Fórum Social Mundial.
Em Davos não tem disso não…
COMBATE À CORRUPÇÃO ELEITORAL
O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral trouxe uma oficina intitulada “Como Combater a Corrupção Eleitoral”.
O objetivo da atividade foi apresentar o movimento nacional, compartilhar experiências de comitês estaduais, lançar a campanha 2009 de Corrupção Eleitoral em Saúde e falar sobre o sucesso da campanha “Ficha Limpa”.
Estiveram presentes à oficina o jurista Marlon Reis, da Abramppe, Jovita José Rocha, diretora da secretaria executiva do Comitê Nacional do MCCE, Suylan Midlej, secretária-executiva nacional do MCCE, e os representantes dos comitês do Pará, Pedro, do Maranhão, José Guilherme Zagalo, e Luciano Santos, do comitê 9840 – SP.
O início do movimento, os primeiros passos em direção à Lei 9840, passaram pelas reflexões da campanha da fraternidade. A compra e a venda de votos, como fenômeno cultural “normal”, e a mudança desta perspectiva é o objetivo maior do MCCE. As articulações nacionais para que o movimento possa atuar em todo o país, a fim de fortalecer o movimento tem grande importância, para Marlon, porque sem a pressão e a atuação da sociedade civil organizada, jamais leis de combate à corrupção seriam votadas e aprovadas.
Interessante notar que, de 1932 até 2000, pouco se tem notícia de candidatos que tenham perdido o mandato. Segundo Marlon, não chegam a 10. O número, no entanto, se opõe às práticas de compra de votos, comum em todas as regiões do país. Desde o início do movimento, no entanto, e com a aprovação da Lei 9840, muita coisa já mudou. Marlon cita, por exemplo, na eleição de 2004, uma cidade do Rio Grande do Norte, onde o prefeito e mais 23 vereadores foram cassados por compra de votos.
O companheiro Pedro, do Comitê 9840 do Pará ressaltou as mais de 1400 denúncias enviadas ao MPE, de 62 municípios do Pará, graças a um sistema eletrônico de denúncias criado pelo ministério daquele estado. A despeito destes avanços, Pedro criticou a atuação do judiciário, pela morosidade em julgar as denúncias.
Gulherme Zagalo, do Comitê 9840 Maranhão, citou diversos casos de violência contra juízes no interior do estado, que sofreram pressões para mudar decisões judiciais. Ele citou ainda pouca participação da OAB local no movimento, e as tentativas de mobilizar a sociedade por parte do comitê 9840. Segundo Zagalo, o quadro de cassação iminente do atual governador, Jackson Lago, cria um clima de instabilidade no estado, colocando partidários contrários e a favor da cassação em condição de conflito constante. Para ele, houve irregularidades sim na eleição de Lago, a qual, ele aponta, não representou uma mudança no paradigma político da cidade, que continua sob a influência do “Sarneyismo”.
Luciano, do Comitê de São Paulo, afirmou que, apesar do desenvolvimento econômico, o estado também enfrenta sérios problemas com corrupção eleitoral e compra de votos.
Em todos os depoimentos, percebe-se o engajamento desejante para mudar o contexto social das práticas políticas clientelistas no Brasil. Ao mesmo tempo, a falta de recursos e a atuação morosa, quando não parcialista, da justiça, dificultam o trabalho.
Em seguida, participantes de todo o Brasil trouxeram contribuições ao debate. Os afinados aproveitaram então para apresentar um breve panorama das eleições em Manaus, falaram sobre a cassação de Amazonino e o caso Henrique Oliveira, além de divulgar a Campanha Spinosista de Combate ao Mau Candidato, da Associação Filosofia Itinerante.
EQUIPE AFIN DE VOLTA A MANAUS
A equipe AFINPRESS se despede da edição 2009 do Fórum Social Mundial, depois de trazer um panorama do evento e a cobertura de alguns dos principais acontecimentos. Como vetor virtualizante intensivo dos sem (grande) mídia, a pauta do Bloguinho procurou contemplar, dentro das centenas de atividades que ocorriam ao mesmo tempo em diversos lugares dos territórios do FSM, os temas que perpassam a intempestividade afinada.
E este bloguinho ainda trará algumas entrevistas e imagens de acontecimentos provenientes do FSM; além disso, pela cartografia afinante de proximidade com os saberes populares, também estaremos disponibilizando nos próximos dias algumas atividades e pessoas que não forma incluídas no Fórum, como carimbó, capoeira, blocos de rua, etc.
Mas o FSM Amazônia 2009 continua, e para quem está na belíssima e acolhedora Belém, ainda tem Futebol Solidário no Baenão, Noam Chomski e Eduardo Galeano na UFPA e muito mais!
Jogo da solidariedade
Dia : 31 – sábado
Local: Baenão (Almirante Barroso) esquina da Antonio Baena
Horário: Mulheres (8h30) ? Homens (10h40)
Participantes: Indígenas, Quilombolas, MST e movimentos de mulheres.
Entrada Franca
Apoio: Secretaria de Esporte e Lazer (Seel)
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Programação Cultural do FSM 2009
Onde: Cidade Folia (quilômetro zero da Rodovia BR-316)
Quanto: 31 de janeiro (sábado)
Hora: a partir das 18 horas.
Aberto ao público
Abraços afinantes!
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