FÓRUM MUNDIAL MÍDIA LIVRE
Midialivristas de todo o mundo, uni-vos! No antigo NPI, atual Escola de Aplicação da UFPA, ativistas de mídias alternativas do mundo inteiro se encontram para discutir e disseminar modos alternativos de informar e de produzir informação e conhecimento. Na manhã de hoje, duas mesas temáticas trataram da situação da mídia tradicional e apresentaram os eixos que serão levantados pelos midialivristas no fórum. À tarde, uma grande roda viva onde todos puderam participar e dar a sua contribuição.
No horário da manhã, as mesas de convidados fizeram a animação, tratando das questões relativas ao desenvolvimento do midialivrismo e da mídia e sua posição em relação à crise.
Na mesa que tratou da relação entre mídia e crise, os convidados Luiz Hernandez Navarro (La Jornada), Sandra Russo (Página 12), Pascual Serrano (Rebelión), Marcos Dantas (PUC-RJ), Joaquim Palhares (Carta Maior), Altamiro Borges (Vermelho), Joaquín Constanzo (IPS), Bernardo Kucinski e Ignácio Ramonet, traçaram um preciso e profundo quadro da mídia em relação à chamada crise, e mostraram que esta não se reduz ao seu viés econômico, mas é um crise do próprio jornalismo, além de responsabilizar diretamente a mídia pelo clima de horror que toma conta do cenário econômico.
Ignacio Ramonet, sempre lúcido, apontou os destroços do chamado neoliberalismo a partir da crise financeira. Para ele, a crise afeta não somente o espectro econômico, mas principalmente a credibilidade e força dos meios de comunicação, em estreita relação com as instâncias responsáveis pela irreponsabilidade do mercado. Ele pontou que o clima de desespero da mídia não vai muito longe, bastando para isso que o leitor perceba que a própria mídia, ela mesma participante da rede do sistema financeiro, está em ruínas. Ele apontou o surgimento de governos pró-esquerda na América Latina como uma evidência do enfraquecimento da mídia oficial, o qual deve ser aproveitado pelos midialivristas.
Silvia Russo, do periódico argentino Pagina 12, destacou o surgimento de um sentimento de cidadania e protagonismo na América do Sul. Ainda, para ela, o martírio da linguagem é o grande inimigo da comunicação. A expropriação da palavra pela grande mídia é um das armadilhas que existe contra a comunicação, e é neste campo que a mídia alternativa pode e deve atuar.
Marcos Dantas, da PUC-RJ, salientou que a palavra mídia pode carregar um equívoco. Por detrás do termo mídia existem pessoas, profissionais, e mais, um patrão, que não é jornalista, e que pauta o jornal de acordo com os seus interesses. Ele cita o exemplo de Chico Mendes, que quando ganhou um prêmio internacional da ONU, foi notícia de pé de página no Jornal do Brasil, mas que, quando faleceu, o mesmo editor do jornal desengavetou uma entrevista feita por um jornalista e que, à época, não foi aproveitada. A lógica do mercado no jornalismo midiático. Dantas salienta que esta estrutura de mídia precisa ser enfraquecida, já que submeter a notícia à lógica do mercado é inverter o sentido público do jornalismo.
Para o combativo jornalista espanhol Pascual Serrano, a mídia deve ser responsabilizada não apenas por noticiar a crise com histeria, mas por fazer parte do sistema econômico-financeiro que a causou. Para ele, houve uma verdadeira expulsão do jornalismo pensante da grande mídia. A orientação mercadológica, ele sublinha, permite apenas aos analistas favoráveis ao discurso do patrão emitirem sua opinião em rede nacional. Ele cita o exemplo de um noticiário cubano, muitos meses antes da deflagração da queda das bolsas, onde vários jornalistas e analistas já anunciavam o que estaria por vir.
O professor Bernardo Kucinski aponta o predomínio de um discurso genérico da mídia sobre a crise, procurando fazer prevalecer a tese da “naturalidade”, como se os resultados da temeridade dos financistas fosse algo natural. Ele sublinha por exemplo, que a crise sequer é mundial (nenhum banco na Índia faliu, nem no Japão, nem no Egito, por exemplo). Apontou ainda o viés político que a mídia nacional carrega em transformar a crise em algo maior do que ela é, com o objetivo de atingir o governo Lula. Citou ainda uma pesquisa sobre a financeirização da mídia econômica. Segundo ele, o trabalho citado mostra que os bancos investem desde muito tempo em departamentos de assessoria técnica econômica, que se transformaram em “fontes obsequiosas”, ávidas de transformar a versão do patrão em verdade factual. Para ele, paradoxalmente, quem melhor cobriu a crise americana foi a própria mídia Americana.
Para o periodista Joaquím Constanzo, a profissionalização da mídia alternativa é necessária para que se possa disputar em termos de audiência e amplitude. Ele cita o exemplo do IPS, onde trabalha, e que tem uma grande estrutura de jornalismo internacional, e mesmo assim “é uma gota no oceano” da informação. Segundo ele, a mídia, com seu alarmismo, tenta ocultar que a crise financeira significa o fim do modelo financista predatório.
Altamiro Borges, do site Vermelho, responsabiliza a mídia não apenas por criar um clima de terror econômico, mas de ser, ela mesma, a origem de toda a onda especulativa. Para ele, é preciso fortalecer a mídia alternativa, disputar as verbas governamentais em condição de igualdade com a mídia oficial, montar fóruns regionais de mídia e criar uma pauta nacional, sem subtrair a diversidade que caracteriza a mídia alternativa.
Para o argentino Luiz Hernandez Navarro, do La Jornada, a mídia mergulha numa crise sem ter resolvido a sua própria crise: a diminuição massiva do consumo de jornais e, menos massiva, mas significativa, da tevê, a deteriorização da profissão jornalística, a falta de sintonia com a atualidade e a transformação da informação em mercadoria. Na sua visão, a mídia alternativa deve focalizar a luta para que a informação continue sendo um bem público, e procurar impor a sua própria agenda em relação à mídia oficial.
Joaquim Palhares, da Carta Maior, observou que o cenário da América do Sul é a prova de que o Fórum Social Mundial, oito anos atrás, já tinha a leitura do que hoje ocorreria. As mudanças no mundo tem uma forte relação com a circulação alternativa de informação, sobretudo na internet, e que permitiu o alinhamento mais à esquerda da América do Sul e a eleição de Obama nos EUA, por exemplo.
RODA VIDA DA LIVRE-MÍDIA
No horário da tarde, fez-se uma grande roda, onde as temáticas eram apresentadas pelos próprios participantes do fórum. Dentre várias verbalizações, idéias e alternativas apresentadas nos segmentos de rádio comunitária, software livre, produção independente de informação, tevê e WebTV, internet e outros, este Bloguinho bateu um papo com a moçada da rádio 103 FM – A Voz da Resistência, de Belém:
“O que vivemos aqui no Pará em relaçào a radios comunitárias é uma discriminação, somos chamados de marginais, de derrubadores de aviões, e esperamos que com esse fórum possa mudar essa situação. Denunciamos a truculência da polícia federal, e já fomos presos, certa vez, por 19 agentes da PF, 05 agentes da anatel, fortemente armados. Neste dia, na outra sala estava um dos mandantes da morte da irma dorothy, falando ao telefone calmamente enquanto os integrantes das rádios eram coagidos a dedurar os colegas. E na última terça-feira, na semana passada, novamente outra batida da PF ocorreu, levando todo o nosso material.”
Também registramos o toque da moçada do Fórum de Tevê Alternativa, Documentaristas e WebTV:
“A tevê alternativa tem como objetivo o registro das lutas sociais e a memória histórica, além da diversidade cultural, além do uso para informação das populações e dos movimentos sociais, indígenas, negros, estudantes, fazendo com que a câmera e a linguagem da produção de informação na tevê fosse apropriado pelos movimentos sociais. O audivisual é absolutamente pssível quando os movimentos sociais se apropriam da linguagem da tevê e constrói novas linguagens.”
Ao mesmo tempo, o companheiro Jacinto Mango, da Rádio Sol Mansi, de Guiné-Bissau, na África, nos falou sobre a potência-democrática das ondas de rádio por lá:
“Trabalhamos no que era uma rádio comunitária católica, e que agora se transformou em tevê. São jovens que trabalham com vídeos, rádio e cinema, com o objetivo de transmitir valores culturais e educacionais da nossa sociedade, o objetivo é dar voz a quem não tem voz.”
Diretamente do Fórum de Produção de Conhecimentos Livre, o companheiro Marcos, do Intervozes, nos fala sobre o seu trabalho:
“O processo de amadurescimento do laboratório está ligado à apropriação do conhecimento e a descentralização do conhecimento. Troca de experiências, e reflexão sobre as patentes do conhecimento, na arte, na literatura, na música, na cultura digital. O laboratório é o espaço de convergência de tudo isso. Estamos amadurescendo este espaço na UFPA, com cinema, grafismo digital, espaço que preserva o software livre.”
O movimento falou ainda sobre o perigo da Lei Azeredo e a vigilância na internet, lembrando que na frança o usuario que baixa conteudo em copiright é banido da internet, por que lá tem 4 provedores somente, e que a lei deveria virar-se ao contrário e trabalhar as licenças livres, já que atualmente tudo o que é colocado em sites como you tube, google, yahoo, pertence a eles, e não ao autor. Propriedade intelectual, modelo de licenciamento inaceitável da parte das gravadoras, o patenteamento dos transgenicos que transformam a vida em propriedade, e a discussão deve continuar nas oficinas de mídia livre do fórum.
MIDIALIVRISTAS NA CAMINHADA DA ABERTURA DO FSM
O Fórum Mundial de Mídia Livre continua suas atividades na manhã de hoje, a partir das 9h, e às 15h, todos se dirigem para a Escadinha, ao lado da Estação das Docas, para a Marcha de Abertura. O FMML está acontecendo no antigo NPI, atual Escola de Aplicação da UFPA, à Av. Tancredo Neves (Perimetral), 1000 – Terra Firme.
O blog Dilma13: http://dilma13.blogspot.com/ é um blog independente, sem fins lucrativos, sem patrocinador, sem receber nenhum tipo de ajuda financeira seja do governo, de políticos, de partidos políticos, e mesmo de particulares. Foi idealizado pelo Daniel Pearl, o mesmo editor do blog Desabafo Brasil, e conta com a minha modesta colaboração. O blog Dilma13 desenvolve um trabalho para que fique registrado o bom trabalho feito pela ministra Dilma Rousseff, Chefe da Casa Civil, e responsável pelo PAC, Plano de Aceleração do Crescimento. Pretendemos com isso dar conhecimento aos leitores do blog, o bom desempenho do governo Lula e a competência da ministra Dilma em desenvolver com muita seriedade, responsabilidade, os programas de investimentos do governo Lula. A ministra Dilma está sendo cotada pelo presidente Lula para ser a sua candidata sucessão em 2010, pelo bom trabalho que ela vem desenvolvendo como chefe da Casa Civil. Dar continuidade aos projetos do governo que beneficiam o país, todo povo brasileiro, e principalmente os mais pobres antes excluídos da sociedade pelo governo anterior do PSDB, de FHC, é o desejo do presidente Lula, e de todas as pessoas responsáveis e conscientes que amam este imenso Brasil. Editores Daniel Pearl e Jussara Seixas – editora e a participação da Escritora Glória Leite diretamente da Europa.
Companheiros do Desabafo Brasil,
Hoje uma garota desabafante entregou a membros desse bloguinho um jornal do Desabafo. Há muito temos conhecimento do trabalho participativo-democrático desabafante, assim como do blog da Dilma. Todos os blogueiros de esquerda como outra forma de ver, ouvir e pensar estão nessa…
Valeu pela proximidade democratizante!