Na pré-história, a comunicação era o imaginar-resposta do homem sobre os movimentos da natureza, já escreviam os filósofos Adorno/Horkheimer. A manifestação de Mana. Um vulcão entrava em erupção, os homens expressavam seus gritos de terror. Decodificação apavorada do natural. “Projeção eco da supremacia real da natureza nas almas fracas dos selvagens” (Adorno/Horkheimer). Nada de comunicação. Emissor (natureza) anuncia sua mensagem (sons vulcânicos), que é deformada (ruídos na comunicação) pelo terror do homem (decodificador) que corrompe a mensagem e entende o que lhe convém: o medo. Do medo, passa a emissor mistificado e mitificado. Estava fundada a pré-lógica da escamoteação da notícia, que iria servir a lógica do jornalês pós-moderno.

Escamotear em jornalês é corromper o fato, notificando a sua degenerescência, produto da corrupção, alteração do corpo-motor, como informação real. Sempre seguindo um objetivo. Quase sempre o lucro, principalmente no dogma do jornalismo de mercado. Ou, às vezes, por simples “amor” à subserviência. Mas, de qualquer sorte, escamotear é sempre um recurso anti democrático. Sempre contra o Bem Comum. Sempre contra a informação-pedagógica, o leitmotiv do jornalismo.

A coluna Sim e Não do jornal A Crítica publica que no site da prefeitura “por quatro vezes o nome de Amazonino é citado em destaque”. Se houvesse ainda leitor incauto, ou vítima do jornalês, talvez ele acreditasse que a coluna estivesse comentando o grau da patologia personalista que passou a predominar no ciberespaço comunicante do prefeito cassado pela congruente juíza Maria Eunice Torres do Nascimento. Mas como não existe mais esse tipo de leitor, principalmente o leitor do jornal “de mãos dada com o povo”, infere-se que se trata de uma recurso jornalês, que, na gíria, chama-se de “tiração de broncas”, “aliviar a barra’’, já que durante a semana inteira o próprio jornal A Crítica anuncia, e enuncia, matérias sobre Amazonino muito mais que quatro vezes, numa tal “normalidade”, como se ele não estivesse cassado. Vezes demais, que salta um vezo escamoteante do jornalês ambíguo. Uma ambigüidade do faz que não vou, mas vou nessa quadra carnavalesca personalística contra o enredo democrático/populus.

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