ISRAEL EM SEU COMBATE DE PAZ
Um homem e uma nação têm que enfrentar dois tipos de combate para fazer passar a Vontade de Potência. Um combate consigo mesmo, quando enfrenta as forças/juízos alojadas em si que o imobilizam, aprisionando-o como réu, impedindo seu crescimento como vida livre criativa; o outro, um combate contra as forças/juízos exteriores que pretendem se alojar internamente para aprisioná-lo como réu confinado no medo de se lançar fora. Ambos os combates são necessários para que os juízos opressores não anulem as duas existências e a Vontade de Potência prevaleça. É uma questão de liberar as forças para brotar a vida. Entretanto, quando não ocorre o primeiro combate, o segundo fica comprometido, aí, tanto o homem como a nação ficam aprisionados no medo como réu.
O Estado de Israel, através de sua representação governamental, sem liberar suas próprias forças/juízos, introspecção, projetou suas forças/juízos sobre a Palestina. Como as forças/juízos, não liberadas, são resíduos destrutivos que cada um carrega em si, ela realizou a Vontade do Nada. Fez a guerra. “A guerra é somente o combate contra, uma vontade de destruição, um juízo de Deus que converte a destruição em algo ‘justo’”, enuncia o filósofo Deleuze. Aprisionado em si, o governo de Israel anulou o vigor da razão sintomatizando seu ódio como reflexão de defesa nacional contra o inimigo, a Palestina, responsável por seu juízo “justo”.
O juízo “justo” do governo de Israel matou mais 1.450 palestinos, a maioria civil, centenas de crianças; mais de 5.400 feridos; bairros destroçados; fome, sede e pavor; hoje, dia 18 de janeiro, comenta a possibilidade da paz. Cruel lógica. É preciso matar para buscar a paz. A lógica do pathos genocida. Quem atravessa os códigos dessa lógica não se espanta, pois matar é, também, a lógica de manter as forças/juízos arrefecidas internamente em si. Arrefecidas as pulsões internas, cai-se na ilusão da paz. Por enquanto os palestinos “não causam perigos”. Não necessitam sentir a força do juízo “justo”: Israel envolvida por seus próprios medos.
Ironia histórica-teológica: um grande número de judeus são contra os cristãos porque estes lhes acusam de terem morto Cristo. Cristo disse: “Amai teu próximo como a ti mesmo”. Preso em suas próprias forças/juízos, seu amor, o governo de Israel ama os palestinos como a si mesmo. E assim, faça-se a paz.