VEJA TENTA PLÁGIO, MAS SÓ CONSEGUE COPIAR O GLOBAL VOICES
A revista Veja está sendo apontada pelos blogueiros do Global Voices como tendo realizado um plágio de uma de suas matérias. O blog Global Voices é uma mídia alternativa mundial, formada por jornalistas do mundo todo, e que apresentam versões diversas para os assuntos do cotidiano. A Global Voices já citou, por exemplo, um artigo deste bloguinho, quando tratou do episódio da nudez censurada da atriz Rogéria na Câmara dos Deputados. Mas a matéria citada em questão, e copiada pela Veja foi um post escrito pela jornalista e tradutora Ayesha Saldanha, indiana que realizou um belíssimo trabalho de compilação de matérias de blogues palestinos. Como as transmissões televisivas e mesmo a entrada de jornalistas na Faixa de Gaza é impedida pelo exército do país invasor, são os blogues a principal fonte de informação de quem está dentro da zona de massacre. A Veja, baluarte do jornalismo neoliberal (aquele que segue os ditames do grande capital, tanto na tendência editorial quanto na contabilista e financeira), resolveu lucrar com a matéria do site internacional, sem dar-lhes, no entanto, os devidos créditos. Embora o Global Voices seja copyleft, cópia livre de relação comercial, ela precisa ser citada como fonte, já que autoria e lucro só se confundem nos grupo de defesa de interesses de exploradores da propriedade intelectual. Quem estiver com a vesícula biliar em dias, pode adentrar no site da referida revista, clicando aqui. O plágio filosofante é uma retumbação do enunciado como potência-saber: reforça-o, como bom encontro, e produz afectos democráticos. Portanto, só o pode plagiar quem é corpo ativo na produção de afectos que aumentem a potência de agir – vide a estética do plágio, de Tom Zé. Daí ser impossível à Veja fazer um plágio. No máximo, e quando muito se consegue, ela copia.
Mas, ao menos, com a cópia, pode-se dizer que a revista publicou uma boa matéria.