A JUÍZA COMO VERDADE EM NIETZSCHE
Princípio movente da existência: A Verdade. Sem verdade não há vida, e nem existência. A verdade da vida é sua Vontade de Potência: sua afirmação. Bio-nutrição é verdade como preservação dos organismos. A fome é verdade fundamentadora da vida. Sem fome não há nutrição, nisso não há vida. No plano biológico a verdade sempre é antecedida por uma busca desequilibrada que pretende seu equilíbrio: a satisfação. A verdade é satisfação. Harmonia de corpos.
Ontologicamente, a verdade é a fundamentação da existência. O homem só existe quando suas faculdades naturais e sociais encontram-se em atuação no mundo construindo comunalidade. A comunalidade é a equivalência de todos como Bem Comum. Viver, viver bem, viver com outros. A verdade social. Distribuição de direitos e deveres. A justiça coletiva. Designação que alcança o homem e o dispõe a produção de cidadania. A potência democrática.
A VERDADE DO CAPITALISMO
O capitalismo é um sistema, e como sistema tem seu princípio de equilíbrio: seus valores. Seus credos são: valor de uso e de troca. Sua coluna: a propriedade como mais relevante fator econômico. Mas a propriedade não se reduz a posse material dos objetos como mercadorias sensoriais monetarizadas: fetiches. A propriedade se desdobra, principalmente, em formas de relações sociais, morais e psicológicas. É assim que ela se traveste de equivalência da verdade materializada como medida de lucro, poupança, sucesso, desenvolvimento, progresso e respeitabilidade. Daí que nada fora da moral capitalista é necessário à este mundo da abundância, como afirma o filósofo Marcuse. Aí, verdade é só o que valora o principio de equilíbrio do sistema capitalista. Afirmação de uma verdade: a verdade do capital. Desta forma a verdade é um total relativismo utilitarista, nada socializante. A pragmática: a política do lucro privado.
A VERDADE DEMOCRÁTICA
É tempo de eleição. Candidatos querem ser eleitos. Para alguns não importa como. Há uma denúncia de crime eleitoral. As provas são apresentadas ao TRE. A Polícia Federal investiga e analisa os comprovantes do crime. São encontrados elementos comprometedores contra o candidato ao cargo de prefeito Amazonino Mendes (PTB), mais seus vice Carlos Sousa (PP). A juíza Maria Eunice Torres do Nascimento, uma cidadã democrata que não pensa a verdade como um processo social relativo ao bem de uma classe, examina o material jurídico, e sentencia: Cassação do registro dos dois candidatos.
A sentença da juíza Maria Eunice nos mostra Nietzsche afirmando que “lutar por uma verdade e lutar pela verdade são coisas muito diferentes”. A equivalência da verdade para ela é a democracia: seu ato serve a todos manauaras. Amazonino, com seus advogados, usando seu direito de recorrer da sentença, luta anti-nietzscheanamente por “uma verdade”: a deles. E não, nietzscheanamente, “pela verdade”: a democracia.
Então, contagiada Manaus com a verdade democrática, uma subjetividade moral se revela em aforismo de Nietzsche: “Que se pense em quão raro é o homem honesto: quão raro não será o puro amor pela verdade nas coisas mais elevadas”. Esse o amor da juíza!