A guerra é um combate entre um credor e um devedor. É o que nos afirma a máxima sentença teo-histórica fundada pelo juízo judaico-cristão-capitalista. Alguém deve a alguém que, ao ajuizar sua perda, tenta resgatá-la. Na guerra, um Estado credor interpreta o juízo de Deus. Nosso maior juiz.

Eis o embate. Lutar contra a força que o outro representa como ameaça de não pagamento. Na cláusula contratual: resgatar a dívida. Não importa que dívida. Mesmo se a dívida sai de uma fabulação psiquiátrica de ameaça química, como a acordada por Bush ao Iraque. É o que nos mostra Deleuze/Nietzsche. Libertar o povo iraquiano do ditador Saddam, em nome da democracia, essa a dívida que o Iraque tem com o mundo no delírio do Estado Americano de Bush. Não existem armas químicas. Não importa. Há dividas fantasmáticas.

O IDEAL DA GUERRA AMERICANA

Não está preparado” é a firmação paranóica da pedagogia modeladora de um ideal. “Está preparado” para executar uma tarefa: ter chegado ao ponto fundamental da execução de um ato com nenhuma possibilidade de erro. Missão cumprida. Bush não estava preparado para a guerra, não estava preparado para interpretar o Grande Juiz: Deus. Receber a dívida do Iraque contraída com o Estado ianque, segundo o delírio Bush.

Como Nixon, Clinton, e tantos outros presidentes-credores americanos, Bush cometeu crimes contra a humanidade. Prendeu, torturou, aleijou e exterminou (continua exterminando) milhares de inocentes, crianças, mulheres, idosos no Iraque. A crueldade perpetrada meticulosamente com o único fim de receber o que lhe “é de direito”: a “democracia”. Em verdade, com dívida ou sem dívida, o petróleo iraquiano. A real causa do Juízo de Deus. Mas Bush não estava preparado. Quando ele estaria preparado? Quando alcançaria o ponto fundamental para executar a missão-credora sem possibilidade de erro?

CRUEL PROPOSIÇÃO BÉLICA. DOIS ENTENDIMENTOS

1– Chegado ao ponto fundamental, o estar preparado, o resultado seria bem diferente. O requinte da crueldade seria o paroxismo da dor jamais imposta sobre um povo.

2– Estar preparado para a guerra é não fazer a guerra. Não cobrar. Compreender que não há dívida. Seria, pelo ponto fundamental, compreender a irracionalidade da guerra. Entender que só quem faz guerra é quem não está preparado para ela. E estar preparado é ter transcendido à necessidade de sua ação.

A cruel proposição é irônica. Está preparado é fazer exatamente o que Bush e seus conterrâneos têm feito contra povos indefesos: a perversa crueldade contra a dignidade humana. Bush, como sempre, mente: Estava, e está preparado para a guerra. Por tal, faz o que faz. Caso contrário não teria nunca se aventurado ao extermínio que comete. Por conseguinte, Bush jamais transcenderá a guerra para entender que ela não existe. Que não possui essência e nem existência como fundamento da razão. Delirante, tenta se safar em fim de mandato. Quer oferecer um possível humanismo, mas é peça que não lhe adorna. Bush é amoral. Não tem qualquer sentido do que seja o homem. Nisso, ela está certo: não está preparado para tratar dos significados humanos.

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