TEATRO MAQUÍNICO — “À PROCURA DE UM CANDIDATO”
“Eu não sei quem eu sou. A única coisa que sei é que viver não é passar privação. A privação não é uma condição da vida. E todo governante que leva o povo a passar privação não é governante, e muito menos humano.”
O Projeto Teatro Maquínico – “À Procura de um Candidato” é uma parceria da AFIN – Associação Filosofia Itinerante com o Ministério da Cultura e diz respeito à apresentação de um vetor teatral na cidade de Manaus com o objetivo de promover discussões acerca de temas de importância comunitária, como por exemplo as necessidades materiais (péssimas condições das ruas, ineficiência de inúmeros serviços públicos indispensáveis, condições sub-humanas de moradia, precariedade alimentar, etc) e imateriais (a inexistência de uma concepção educacional libertadora, que envolva as pessoas em sua totalidade existencial, política, social, artística; a formação de uma subjetividade perversa que rouba as energias físicas e emocionais da maioria dos cidadãos) da cidade, entre tantos outros que se atualizarão durante as apresentações.
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TEATRALIZAÇÃO DA EXISTÊNCIA
Entre os diversos vetores da AFIN, vetores teatrais como “Pequeno Conto de Natal” (2001), “O Filósofo Fernando Que Não Era Só Pessoa” (2001, a partir de poemas de Fernando Pessoa), “O Político” (2002), “Quanto Custa o Ferro” (2002, de Bertolt Brecht), “A Maldição do Boi Babão” (2003), “Para Criar um Candidato” (2004), “O Candidato Mais Ético” (2006), “Boizinho Rizoma nas Tramas da Zona Franca Verde” (2007), e, agora nessa parceria com o Minc, “À Procura de um Candidato” são levadas numa estética criada pela AFIN e que privilegia o texto e o distanciamento brechtiano, tomando o teatro, a partir da teatralidade da existência, a fim de que o próprio público possa compor, a partir dos signos e códigos que carregam, um entendimento acerca do que a AFIN se propõe a construir em coletividade com as pessoas da platéia, construindo uma percepção crítica sobre a realidade social e política onde estão inseridas e criando uma linha de atuação para que venham a intervir politicamente em suas comunidades a partir de sua potência de agir no mundo.
O FLUXO MAQUÍNICO
Além e aquém das engrenagens imóveis que estratificam o espaço e delimitam o tempo, há um espaço liso (áptico) e um tempo não-pulsado (ayon), o tempo do desejo que não foge de si: o maquínico é um fluxo contínuo nesse espaço-tempo. Ao entrar nesse movimento intensivo artístico-teatral, opera-se uma desterritorialização do estado de coisas e tem-se uma percepção nova de si e do outro, fazendo possível o encontro de singularidades capazes de compor uma potência democrática capaz de alterar o estado de coisas estabelecido. Esse aspecto, em Manaus, pela ausência de grupos que realizem trabalhos comunitários sem cunho paternalista, mercantilista ou eleitoreiro, é fundamental para uma proximidade da Afin, do Minc e do governo Lula dos anseios comunitários, para que deixem de ser sempre escamoteados pela miséria lucrativa para os que vivem por operá-la em seu proveito particular.
À PROCURA DE UM CANDIDATO
É com esse entendimento que o vetor teatral À Procura de um Candidato vai percorrer escolas, terreiros, igrejas, ruas, associações comunitárias, todo e qualquer lugar onde houver um convite e pessoas interessadas nestas apresentações/discussões/participações de forma que exista o desejo neste tipo de debate.
Aqui vão em imagens e algumas falas o encontro com o pessoal da Escola Estadual André Vidal de Araújo, na Cidade Nova III, que ocorreu na quinta-feira passada, a partir das 19h.
O humor desbloqueante dos afetos tomou conta dos estudantes e professores numa proximidade artística perceptiva desconstrutora das situações de violência instituída que, em seu estranhamento, o texto e a encenação carregam.
Além da participação do riso, enquanto um dizer lúcido-afetivo, alguns participavam, como sempre ocorre nas encenações da Afin, passando as placas que dividem os cinco quadros da apresentação.
Ao final, o momento mais importante de todo o espetáculo, a conversa com a platéia, que tece suas considerações não sobre a apresentação em si como ocorrem nos teatros tradicionais, mas sobre as questões comunitárias que sentem e que lhes inquietam. Entremeadas a outras imagens da apresentação, vão aí algumas falas das pessoas que estavam presentes e que escolheram contribuir com suas inteligências para as discussões das questões comunitárias afetivas-afetantes.
A peça não é só uma peça qualquer, também quer dizer que o eleitor tem de deixar de ser besta e ficar votando nas pessoas erradas, que nunca ajudaram a cidade, não resolveram o problema dos ônibus, até mesmo aqui nessa escola, na educação, falta livros, falta verba para dar melhoria a esse colégio, falta ética, porque senão eles não fariam o que fazem, toda essa corrupção, não desviavam dinheiro, não deixavam todos os eleitores que votaram neles assim na mão, porque certamente eles vão querer se eleger de novo e não será possível por causa do trabalho que eles não fizeram. (Juliano)
Muitas pessoas são induzidas, de forma que ainda não percebe, tem lugares que você dificilmente vê um programa sensacionalista, agora aqui em Manaus, parece às vezes um lugar meio atrasado, mas parece também que muitas pessoas da população se deixam induzir por esses programas. Quando chega a época de eleição, eles vão atrás das pessoas, muitos são comprados. Ali eles vão botando só aquele pessoalzinho deles, pra poder tá comprando, tá aprovando só os projetos que beneficiam eles mesmos, e tudo isso na costa de vocês, eleitores. Então, você tem que ser esperto, tem que eleger uma pessoas daqui do meio mesmo, não uma pessoa que chega lá na televisão, e diz: “Olha, eu sou assim, eu vim aqui lutar pela população”, como muitos já disseram várias vezes. Agora cabe a você a inteligência de estudante escolher uma pessoa certa, o que é muito difícil aqui em Manaus. (Jessé)
Tudo que eles falaram aqui tem tudo a ver com o que está acontecendo hoje dentro da cidade de Manaus, como por exemplo o transporte coletivo, os buracos nas ruas, tá uma briga por causa do salário da categoria dos motoristas, que o motorista e o cobrador não tê culpa. Eles pensaram uma coisa e deu outra, então a população é que vai pagar por isso, pois tá arriscado o transporte parar por incompetência dos administradores. Essa é a realidade. (Orlando)
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