NO PAGODE DA ESCOLA TEVE JUIZ PRESO E OFENSA RACIAL. SÓ NÃO TEVE SAMBA.

Há décadas, com a conivência e a vênia dos governantes que passaram e que ainda passam por Manaus, o pagode que acontece na Escola de Samba Reino Unido da Liberdade, no bairro Morro da Liberdade, zona sul de Manaus, fecha o cruzamento das ruas São Benedito e Maués, aos sábados à noite, com som alto, cadeiras no meio da rua e muita gente circulando. As rotas de ônibus que por ali passam tem que, neste horário, modificar a sua rota. Considerando que a outra alternativa – a ponte do educandos, que liga o bairro à cachoeirinha – está interditada pelas obras do governo do Estado, somente uma volta de mais de 15 minutos fora do previsto pode evitar o incoveniente de ficar preso no engarrafamento causado pelo pagode. O local é tradicional reduto de prostituição infantil, já tendo sido alvo diversas vezes de blitzes da Polícia Militar e Delegacia da Infância e Juventude.

Na madrugada do último domingo, 23, por volta das 02h, uma batida da polícia militar tentou, após denúncias e reclamações de moradores pelo Disk-Denúncia, fechar o bar que funciona na quadra da Escola de Samba Reino Unido, enquadrando-a na Leis dos Bares, que impede o funcionamento de Bares e casas de shows que não tenham isolamento acústico após às 23 horas. A policial militar que comandava a operação – que tinha 12 policiais – percebeu que não poderia fechar o bar “à força da lei”, e negociava com o responsável, quando – versão da policial – foi abordada por um homem embriagado que a teria chamado de “macaca”. O mesmo foi preso, mesmo alegando ser juiz de Direito. Mais tarde, descobriu-se que se tratava do Excelentíssimo Juiz da 2a Vara da Família, Bismarque Gonçalves Leite, 35 anos. Na versão dele, o mesmo fotografava a ação policial quando teve a prisão decretada pela comandante da operação.

As entidades de classe do judiciário (AMAZON – Associação dos Magistrados do Amazonas, MPE – Ministério Público Estadual, e TJ – Tribunal de Justiça do Amazonas) já pediram a cabeça da policial, alegando “arbitrariedades cometidas”.

PERGUNTA DE PROVA DE CURSINHO PREPARATÓRIO PARA A OAB/AM.

CAPÍTULO V – CÓDIGO DE ÉTICA DA MAGISTRATURA.

INTEGRIDADE PESSOAL E PROFISSIONAL

Art. 15. A integridade de conduta do magistrado fora do âmbito estrito da atividade jurisdicional contribui para uma fundada confiança dos cidadãos na judicatura.

Art. 16. O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral.

PERGUNTA-SE: O que era que um juiz da Vara de Família – conhecedor portanto, dos direitos que protegem a integridade e a paz do seio familiar, incluindo aquele que proíbe som alto após às 23 horas – estava fazendo neste tipo de local às duas horas da madrugada?

4 thoughts on “NO PAGODE DA ESCOLA TEVE JUIZ PRESO E OFENSA RACIAL. SÓ NÃO TEVE SAMBA.

  1. Diante da situação atual em que vivemos buscando soluções para a diminuição da violência, juristas e agentes da segurança publica deveriam estar contribuindo para garantir os princípios fundamentais da Constituição Federal, sendo um dos principais o respeito pela dignidade humana. Entretanto percebe-se que a falta de equilíbrio de alguns, deixa duvidas sobre qual caminho seguir, pois as próprias autoridades atuam de forma controvérsia ao prescrito na Carta Magna.

    Geane Vieira Bastos

  2. Amigo,

    Raramente vejo a policia militar agir com benovolência e repeitando o direito de um ciadadão. Quando fizerem isso contigo vc escreve no teu blog defendendo aquela bandida trajando farda da policia, pois não existe uma denúcia contra ela, mas varias. Juiz é um homem, tem direito de se divertir como qualquer outro, vi as filmagens e o audio da prisão e não vi nem um insulto racial a aquela cínica policial, que valendo-se da raça a que pertence usou esse argumento ridiculo.

  3. Marcio,

    Sua fala trouxe alguns elementos que podemos considerar:
    Se o juiz é homem enquanto se diverte, e não juiz, então por que ele se vestiu de juiz na hora de usar suas prerrogativas legais e se colocar como superior diante da policial?
    Se o juiz é homem enquanto se diverte, e continua sendo juiz, será que, como autoridade judicial, não viu que a lei estava sendo desrespeitada com o barulho em local público além das 23h?

    De qualquer sorte, o desrespeito ocorreria no impedimento ao trabalho policial (e da policial). O insulto poderia ser qualquer um. Bandida, por exemplo.

    Este bloguinho é um espaço potência-coletiva na virtualidade do existir. Quando houver algum fato ou ação policial contrário à democracia intensiva, certamente será tratado aqui. Até se ele tiver sido realizado contra você.

    Volte sempre.

  4. “O que era que um juiz da Vara de Família – conhecedor portanto, dos direitos que protegem a integridade e a paz do seio familiar, incluindo aquele que proíbe som alto após às 23 horas – estava fazendo neste tipo de local às duas horas da madrugada”

    Estar naquele local as Duas da madrugada tira a dignidade da função? Por que?

    (me mande um e-mail com a resposta por favor)

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