TEATRO-NEGRITUDE ENGAJADOS – A ARENA CONTA – E CANTA- ZUMBI!
Aproveitando os embalos étnicos-culturais da Consciência Negra, na última quinta-feira, este Bloguinho Intempestivo, após se movimentar pela alegria de Abdias do Nascimento, traz para os leitores-ouvintes intempestivos o símile eletrônico do disco “Arena Conta Zumbi”, vetor teatralizante dos itinerantes Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri.
O TEATRO DE ARENA DE BOAL, GUARNIERI E OS OPRIMIDOS DO MUNDO
O “Arena Conta Zumbi” é uma produção do Teatro de Arena, que foi fundado em 1953, a partir de experimentações com o teatro de arena (no qual a platéia “envolve” o palco, e os atores têm que desenvolver uma dinâmica cênica diferente, sem referencial fixo) e foi ativo disseminador da dramaturgia brasileira. A partir de 1958, com Boal, Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Milton Gonçalves, Vera Gertel, Flávio Migliaccio, Floramy Pinheiro, Riva Nimitz, dentre outros, o grupo começa uma fase de apresentação de peças politicamente engajadas, como Chapetuba Futebol Clube, Gente Como a Gente, Fogo Frio, Revolução na América do Sul e O Testamento do Cangaceiro.
Em plena ditadura (1965), Boal e Guarnieri lançam o Arena Conta Zumbi, primeiro de uma série, que contou ainda com Arena Conta Tiradentes e Arena Conta Bolívar. No Zumbi, a dupla conta a história do movimento quilombola e de Zumbi dos Palmares, a partir do entendimento do teatro épico (Brecht), mostrando a resistência dos escravos contra a opressão dos colonizadores portugueses, perigosamente aproximando o tema da opressão do governo militar ao povo brasileiro. Teatralmente, a peça marca o início do uso do Sistema Coringa, elaborado por Boal, e que permite a encenação de qualquer peça com o elenco reduzido, já que qualquer ator pode interpretar quaisquer dos personagens da peça. O sistema também se caracteriza pelo uso da música como elemento-vetor do tema tratado, e a desvinculação estilística das cenas, onde cada uma pode assumir um aspecto diferenciado, como comédia, drama, sátira, etc.
No Arena Conta Zumbi, o aspecto brechtiano está evidente na oposição que a montagem fez entre narração e interpretação. Os atores narram a estória, e não interpretam personagens senão em algumas características, não criando assim empatia com a platéia que possa fazer com que esta “relaxasse” o espírito crítico. O teatro do Arena é um teatro político, de esquerda, engajado, e que pretende convidar a platéia à reflexão dos temas abordados.
Uma versão da peça foi masterizada e transformada, na época, em LP, onde se pode perceber a força política e estética do teatro do Arena, e que depois desembocaria no Teatro do Oprimido. É esta versão, transformada em mp3 e hospedada no site Rapidshare que o Bloguinho Intempestivo traz ao leitor/ouvinte afinante!
Não consegui baizar o Arena conta zumbi, você tem uma cópia em outro endereço?
Braz,
O problema foi que o link do Rapidshare expirou. Mas retorne em breve que iremos atualizá-lo, e você poderá baixar.
EM 11/01: O LINK FOI ATUALIZADO.
Valeu!
Aqui vai um link renovado do Arena Conta Zumbi:
http://rapidshare.com/files/185575321/ArenaContaZumbi.zip.html
No orkut há uma comunidade dedicada exclusivamente a esse espetáculo, com fotos da montagem original e mais downloads.
Abs
Valeu, Bernardo,
é a partir dessa compartilhação que nos aproximamos para compor sempre novos encontros artísticos-sonoros. É mais um link para um dos mais belos-políticos-artísticos trabalhos músico-teatrais brasileiros. Valeu a dica!
Consegui baixar por aqui o album do zumbi, gostaria de saber quem tem as musicas de “ARENA CONTA TIRADENTES” do Arena