A democracia é um plano de imanência que segrega fluxos produtivos de relações sociais manifestados como crescimento cognitivo e afetivo de uma sociedade. Daí porque ser chamada de sociedade dos amigos. A sociedade tecida pelas pluraridades (do grego, pletos) das diferenças dos indivíduos como construtores de atos éticos e intelectuais.

Por sua vez, a escola como vetor-movente da sociedade democrática é um continuo devir de liberdade materializada nas novas percepções e ampliação dos entendimentos dos educandos de acordo com as exigências da objetividade social, pelas quais o educando transita. O que lhe coloca como sujeito da construção de uma realidade elevadora de seu ser social. Ou seja, a escola é um território onde movimentam-se signos desterritorializantes produtores da crítica social. É o topos onde o educando apanha a realidade que o envolve, analisa seus entrelaçamentos internos, e tenta, suavemente, criar uma realidade satisfatória à todos.

Em suma: não há como prescindir democracia de escola. Se a escola se fundamenta pela crítica, a democracia se mostra como real. Se a escola é uma mera representação simulante do saber, a democracia é fantasmagórica.

A TAUTOLOGIA DOS ENEM’S

Extraindo das proposições acima, o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – assim como outras formas de avaliações escolares, incluindo também o ensino universitário, não passa de uma repetição do já visto na prática social: a democracia que vigora em uma sociedade cuja política escolar fracassou como atributo da crítica social. As formas de relações sociais perpetradas nas indiferenças profissionais, visibilizam, sem constrangimento, esse fracasso político-social. Entretanto, entre essas formas, há uma que é mais visível e dolorosa, dado sua força de constrangimento social: a incrível soma de candidatos reacionários, em tempo de eleição, que são eleitos. No caso do Amazonas, em que a direita tem sido a proprietária dos poderes legislativo e executivo, contando só do pós ditadura – antes também era – 25 anos, é patética essa situação expressada como fracasso da escola. Assim como a maior parte dos eleitores passou pelas escolas, seja do ensino fundamental, médio e universitário, as eleições destes candidatos anti-democráticos só confirma por antecipação o resultado da avaliação do ENEM. Existisse uma escola/democrática, território do exercício da suspeita e da crítica, nada disso seria possível. A experiência do aprender, como graduadora da percepção e da compreensão, permitiria o aparecimento do desejo de produzir novos significados sociais, como essência produtiva da democracia. Realidade impossível para o florescimento destes “políticos” reacionário.

Triste espetáculo tirânico que se reconhece os ardis do plano de anular a potência escolar para se continuar assentado no trono governamental. Daí que não tem mistério para o Amazonas, o resultado do ENEM: Amazonas o último lugar.

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