*……….::::: CHAGÃO! :::::……….*

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Quien quiera entender como funciona el mundo deberá entender el fútbol”.
Roberto Perfumo (ex-jogador argentino).

CHAGÃO PERGUNTA

O ‘Chagão!’ quer saber: Em 1997, numa propaganda que convidava o reticente telespectador estadunidense a acompanhar o futebol/soccer do Mundial 1998, o slogan era: “seja testemunha de como o peixe grande devora o peixe pequeno”. No torneio, no entanto, além da “pequena” França, que devorou o gigante Brasil, houve um time que devorou muito grande, pela lendária defesa que montou. Qual selecionado era esse? Resposta: com a defesa formada por Arce, Rivarola, Gamarra e Ayala, além do goleiro Chilavert, o Paraguai surpreendeu os críticos naquela péssima Copa do Mundo de 1998, e só caiu diante da França, por 1 a 0, na prorrogação. O time só levou dois gols, e o zagueiro Gamarra, conhecido da torcida brasileira, só foi fazer uma falta no jogo contra os bleus. O técnico era Paulo César Carpegianni.

CONTA OUTRA, LEONOR!

Embora no futebol brasileiro alguns jogadores brancos tenham obtidos destaques a ponto de conseguirem grande notoriedade, a história do futebol no Brasil não pode ser contada e compreendida sem passar pela leitura da produção negra.

A própria introdução do futebol no Brasil pelo branco já trazia uma força de propulsão capaz de incitar o negro a atuar neste esporte. Dois motivos mostravam-se sedutores ao negro.

  • O seu deslocamento do contexto social, imposto pelo branco, pós abolição, que lhe permitia mais tempo para observar e entender os acontecimentos nacionais.

  • A identificação de seu vigor e sua gesticulação, como fluxos-corporais diversificado, com o ludos do esporte que não era acompanhado criativamente pelos brancos que o praticavam.

Dotado destes motivos, o negro não se intimidou para adentrar no jogo, apesar de toda proibição e discriminação, por tratar-se um esporte-hobby de branco, e mostrar sua criatividade através de suas gingas e sagacidades de movimentos. Mesmo com o utilitário “pó de arroz” discriminador. Assim, com o passar do tempo, tornou-se a maior expressão, tanto em qualidade como em quantidade, do futebol brasileiro. Nisso formou uma nova atitude social frente a sua condição étnica, que já não era mais vista tão somente como elemento excluído, como outrora. Passou, no que o futebol proporcionava, a ter mais orgulho de si, frente ao reconhecimento que passou a ter de outras instâncias sociais.

O PODER POLÍTICO DE TRÊS CRAQUES

Todavia, a respeitabilidade negra-futebolística não se deu apenas na glória conquistada nos estádios. A grande atuação, ou a grande jogada, aconteceu com posições políticas assumidas por alguns negros, não somente em relação a direitos próprios, mas, também, em relação aos direitos dos brancos. E para enfileirar uma ginga de craque, e marcar alguns gols de placa, apontamos apenas três forças do Black Power do futebol brasileiro que lutaram e lutam em enunciações variadas em que os direitos necessários ao livre movimento do cidadão são obstruídos pela ambição e irracionalidade.

Paulo César Caju, craque do Botafogo e da Seleção Brasileira. Inteligência cima da média dos jogadores brasileiros, foi um irreverente lutador pelos direitos dos jogadores. Um dos primeiros, juntamente com o branco Afonsinho, outro craque do Botafogo, a reivindicar o direito do passe do jogador e seus direitos trabalhistas. Formado em Letras, quando pela Europa, experimentou idéias que lhe permitiram maior percepção e entendimento de sua condição de negro, jogador e homem.

Vladimir, craque do Corinthians, um dos poucos zagueiros do futebol brasileiro com garbo e lealdade no trato com a redonda e os adversários. Foi um dos principais criadores da democracia corinthiana ainda nos reflexos da ditadura. Imbricou-se pela formação política, entrou para o velho PT, hoje um tanto nostálgico, tornou-se sindicalista e participou da gestão Erundina na prefeitura de São Paulo como responsável da área esportiva.

Richarlysson, craque do São Paulo. Como negro envolve-se contra as três teses negativas produzidas pela estupidez segregacionista: 1 – Discriminação racial. 2 – O homossexualismo no futebol. 3 – Ser negro, jogador de futebol e homossexual. Em todas as três vem obtendo resultados positivos com inteligência e altivez dos que sabem que viver não é se submeter a tirania dos infelizes. E de que quebra, ainda enfrenta a fobia-sexual da mídia e da torcida recalcada.

Então, nessa comemoração maior das fraternidades étnica-política, juntemos estes devires futebolísticos e cartografemos nos desejos cognitivos/afetivos. O resto? O resto é dor.

Valeu, e continuamente valerá, Zumbi!

LINHA DE PASSE

Se foi verdade ou apenas mais um factóide da sequelada imprensa inglesa, a suposta declaração do auxiliar técnico da seleção escocesa, o inglês George Burley, teve resposta à altura por parte de Diego Maradona. Como o técnico argentino não carrega elementos dolorosos da dívida futebolística e existencial em relação ao seu passado, pode se movimentar pelas lembranças com lucidez, e analisar as questões com sapiência. George Burley havia supostamente afirmando que, quando as seleções se encontrassem em Glasgow, para o amistoso de ontem, não iria cumprimentar o homem que “acabou” com o sonho da Inglaterra de conquistar o Mundial de 1986. Leia-se: com a chance dele, Burley, ser campeão do mundo. Refere-se, claro, à mítica semifinal, onde Maradona só não fez chover para não dar aos críticos a certeza de que é deus. Ao que Maradona, ao chegar à Escócia, respondeu, com serenidade e a acidez que lhe é peculiar: “não me interessa dar a mão a Terry Butcher (açougueiro). Estou bem com quem tenho que estar bem. Não sei por que Butcher não quer me dar a mão. Eu deixo que faça a vida dele, e eu faço a minha. Não morro e continuo dormindo igual se Butcher não me dá a mão”. Maradona ainda aproveitou para lembrar aos ressentidos ingleses que em 1966, única copa conquistada pelos autoproclamados inventores do futebol, em casa, o caneco foi levado com um “gol que não foi”. “Que não entrou por um pedacinho assim”. (e fez um gesto com as mãos separadas). A imprensa inglesa, como a brasileira, não está preparada para a inteligência e a honestidade. Mais um golaço de Don Dieguito, que ainda faturou o amistoso por 1 a 0, dizem, com um bom futebol.

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E o Internacional chegou lá. Se haverá virada de mesa e o clube disputará a Libertadores em seu centenário, ainda não se sabe, mas enquanto o Grêmio patina no Brasileirão, o arqui-rival passeia nos gramados da América do Sul. Os colorados, que já haviam ganhado a partida no México, não sucumbiram à síndrome da Despedida do Joel, e sapecaram 4 a 0 no Chivas Guadalajara. Esperam o adversário do choque local entre Argentinos Juniors e Estudiantes de La Plata. Promete-se um grande embate entre o tardiamente melhor time do Brasil e um sempre esforçado e perigoso argentino, venha quem vier.

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A FIFA deu o prazo até amanhã para que o governo peruano reconduza Manuel Burga ao comando da FPF. Burga, como você acompanhou nesta coluna, é acusado de gestão fraudulenta e de não adaptar a federação de futebol à nova lei esportiva do país. O presidente Alan Garcia já teria enviado carta à entidade internacional de futebusiness solicitando um prazo maior para a resolução da pendenga, enquanto a imprensa brasileira continua seu lobby para que as vagas órfãs na Libertadores sejam distribuídas por aqui. Se bobear, até o Corinthians leva uma…

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Não haverá rodada do campeonato uruguaio no próximo final de semana. Os incidentes envolvendo uma torcida organizada do Nacional de Montevidéu, na partida contra o Danubio, que venceu pro 1 a 0 e tirou a liderança do tricolor fizeram com que a AUF interrompesse o certame por um final de semana até que tudo esteja esclarecido. A torcida, conhecida como “Banda do Parque”, entediada com o time, que perdia o jogo e a ponta do torneio em campo, resolveu açodar a torcida adversária, roubando uma bandeira. O couro comeu e o jogo terminou com invasão de campo e uma batalha que durou quase dez minutos e só terminou quando as torcidas bem o quiseram, já que a intervenção da polícia foi débil.

CAMPEONATOS NACIONAIS

Copa do Brasil de Futebol Feminino: na rodada de ida das quartas-de-final, em Manaus, a equipe da Nilton Lins sofreu para ganhar do Boa Vontade, por 2 a 1, de virada. O primeiro tempo foi dominado pelas maranhenses, enquanto as amazonenses tentavam na base do chutão. Somente no segundo tempo, e em desvantagem, a equipe local se equilibrou, jogou melhor, e virou o jogo. A partida de volta.

AMISTOSOS INTERNACIONAIS

Enquanto os argentinos comemoravam o que consideraram uma boa estréia d’El Pibe D’Oro no comando técnico do time, no Brasil, o amistoso entre os amarelos e os lusos teve clima de festa pré-eleições 2010. Demos, tucanos, José Dirceu, ex-jogadores, a festa na cidade de Gama teve menos o foco na seleção de Dunga do que no governador José Roberto Arruda. No jogo, apesar dos lusos saírem na frente, o Brasil não deu chance e goleou por 6 a 2, em clima de festa, onde a estrela Cristiano Ronaldo não fez boa exibição, mas agradeceu o carinho dado pela torcida brasileira. Até Dunga, dizem, sorriu na coletiva de imprensa. Talvez por não ver realizado o desejo de parte da imprensa esportiva, que afirmou ser este o seu último jogo pelo selecionado local.

Outros resultados de “amigáveis” de ontem:

Espanha 3 – 0 Chile

França 0 – 0 Uruguai

Escócia 0 – 1 Argentina

Holanda 3 – 1 Suécia

Alemanha 1 – 2 Inglaterra

África do Sul 3 – 2 Camarões

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