O menos sábio do mortais sabe que os saberes são produções coletivas, que em seus percursos são selecionados, classificados, hierarquizados e dominados por instâncias várias, mas sempre engendrados e praticados em coletividade. Embora o Estado use as maiores estratégias para apropriar-se deles, sempre escapa como funcionalidade social. Tornados saberes institucionais, eles estão sempre como práxis coletiva, onde se realizam como necessários epistemologicamente.

Entretanto, quando a máquina despótica burocrática, cuja tonalidade é negação, e a qualidade é reativa, de acordo com Nietzsche, se mostra niilista, como ressonância de um juízo-paranóico, cuja função administrativa busca cortar a constância epistemê/coletividade, escancara duas negatividades como suas veracidades.

1 – Desconhecimento dos engendramentos dos saberes coletivos.

2 – Afastamento do que é coletivo por suas perspectivas pessoais/institucionalizadas.

O JUÍZO-BUROCRÁTICO CONTRA A UFAM

Quando as relações de saberes circulam em duas instituições, elimina-se a estúpida pergunta: “Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”. É o caso da questão Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Fundação Medicina Tropical (FMT), que encontram-se entrelaçadas desde os primórdios da criação do curso de medicina. Na década de 70, os saberes sobre doenças tropicais, matéria do curso de medicina, eram ministrados no Hospital Getúlio Vargas. Posteriormente, com a criação do Hospital Tropical de Doenças Infecciosas e Parasitárias, esta prática pedagógica-médica foi deslocado para esta instituição. Assim, transcorreu durante anos. Mesmo depois que o Hospital foi transformado em Instituto de Medicinal Tropical, e depois Fundação Medicina Tropical.

Entretanto, nesses dois último anos, a FMT, tendo na direção o médico Sinésio Talhari, cargo de confiança do governo Eduardo Braga, a relação profícua recrudesceu. Ele pretende cortar a histórica parceria, apresentando dois argumentos:

1 – A Universidade do Amazonas não oferece nada material para a instituição.

2 – A UFAM precisa mais da FMT do que esta dela.

O primeiro argumento, uma absurda posição anti-científica.

O segundo argumento, frivolidades personalistas.

Em síntese, a posição de Sinésio, cai mais para o leito pessoal do que para cartografia coletiva. Inclusive manifesta o maior desconhecimento médico, o fator básico destes saberes específicos: o enfermo, cujo corpo é um mapeamento de signos onde transitam específicos saberes a serem compostos com os saberes médicos. Daí que o diretor da FMT não possui poderes para apropriar-se destes corpus e usá-los como moeda de barganha pessoal, como simulação institucional contra a UFAM. Agora, cabe a UFAM um argumento solidificado no discurso científico e o discurso coletivo. Já que as instituições são corpus coletivos, e não indivíduos, grupos e governantes.

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