i iNDA TEM FRANÇÊiS Qi DiZ Qi A GENTi NUM SEMO SERO
@ O ÍNDIO AYMARÁ EVO MORALES FOI DEMOCRATICAMENTE ELEITO, depois de a Bolívia ter sido governada por uma elite de origem européia durante cinco séculos, por duas vezes. Ele faz, com inteligência, um governo socialista de distribuição de renda e reparação histórica das minorias: reforma agrária, valorização do trabalhador, investe na educação, na saúde pública, nas produções culturais e econômicas de seu povo. Por causa da redução de repasses do IDH, o principal imposto petrolífero, para aumentar a aposentadoria dos velhos bolivianos, a direita começou em cinco departamentos a fustigar um falso movimento separatista, que se tornou violento com a formação, por não contar com apoio das forças armadas, de milícias civis. Se bem que a questão é mais fascista ainda, já que com a nacionalização das companhias petrolíferas realizadas por Evo, a redução foi apenas na porcentagem, mas no montante, quadruplicaram. Como sempre nas ditaduras e tentativas de golpe na Sul-América, os Estados Unidos é o principal articulador da tentativa de derrubar qualquer governo democrático que não reze de acordo com seus interesses imperiais; ou seja, tenta derrubar de alguma forma toda democracia de fato. Só que, dessa vez, em tempos de Mercosul, Unasul, Alba, a Bolívia não vai só, tem a posição e o apoio, se necessário, de Argentina, Venezuela, Brasil, Equador, Honduras. E por todas as partes do mundo já vai sendo elaborado um manifesto que “repudia agressões fascistas na Bolívia”. Além disso, como índio aymará, mesmo podendo usar da força do Estado, Evo preferiu sempre o diálogo, até o momento que a direita truculenta chegou ao ápice do recrudescimento da tirania, aí ele decretou, no departamento de Pando, um estado de sítio, mas com serenidade, como medida de preservação da população, que não tem como defender-se contra a estupidez das milícias e dos prefeitos da chamada meia-lua. O aymará sabe ouvir de longe ouvido ao chão, sabe observar, analisar e atacar no momento necessário. A palavra evo é poética e significa “aquilo que dura eternamente”. Evoquemos: Evoé, Evo! I inda tem françêis…
@ ESTADÃO FAZ “BARRIGA” NA CORTINA DE FUMAÇA DOS GRAMPOS. O jornal “O Estado de São Paulo” publicou matéria ontem em que afirma que o governo federal afastou definitivamente Paulo Lacerda da direção da ABIN. Sem citar fontes, a matéria afirma que a decisão se baseia no fato de a operação Satiagraha (sempre ela!) ter sido “mais de Lacerda do que do delegado que a comandava”. O Planalto imediatamente negou o teor da matéria, que acabou caducando por falta de consistência. O toque foi do blogue do Nassif. Na cortina de fumaça que é o chamado escândalo dos grampos, o zilésimo que tenta se passar como real pela mídia e pelos partidos de direita, verdades, por enquanto, são duas: a atuação, no mínimo, desastrosa do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, que conseguiu a façanha de enganar Raymundo Faoro por cinco minutos, sendo o principal porta-voz (ou seria garoto de recados) da grande imprensa, dizendo exatamente aquilo que se quer ouvir, e a atuação de Lula, que afasta mesmo provisoriamente um policial republicano da estirpe de Lacerda, artífice da Polícia Federal Republicana, instituição de respeitabilidade e credibilidade nacionais, e não afasta o falastrão Jobim, que alimenta a farsa burlesca do circo midiático nacional. Para uma semana que foi fraca em atuação democrática, Lula deve comemorar ao menos a sua espantosa e merecida popularidade. Mesmo com equívocos graves, é de longe merecedor dos louros de uma população que passou da inanição à classe média em menos de seis anos. I inda tem françêis…
@ LANÇADO PLANO NACIONAL PARA A ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO. Foi lançado esta semana o 2o Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. O evento ocorreu no Ministério do Trabalho, e é uma realização da Conatrae, Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. A entidade é formada por órgãos governamentais, sociedade civil, empresas e organismos internacionais. O plano prevê 66 ações, entre a prevenção, a repressão econômica e o combate à exploração da mão-de-obra dos estrangeiros ilegais, como os bolivianos que são escravos de indústrias de costura em São Paulo. Para o relator do plano e coordenador da ONG, Leonardo Sakamoto, ainda não é o formato ideal, mas surgiu de uma discussão democrática entre os membros da comissão. Ele aponta as dificuldades enfrentadas pela luta da erradicação do trabalho escravo quando se opõe a interesses econômicos, como por exemplo a campanha pela aprovação da PEC438/2001, que prevê o confisco de terras flagradas no uso de mão-de-obra escrava, e que foi rechaçada pela bancada ruralista, que tem no ex-PFL, ou DEM, a sua expressão maior. Foram eles que retiraram da pauta de votação o projeto. I inda tem françêis…
@ DANTAS OPERA A SIMULAÇÃO DA GUERRA: de um lado Lacerda, De Sanctis, Ministério Público, 6ª Vara Federal querendo combater de peito a impunidade dos chamados crimes de colarinho branco no Brasil; de outro Jobim, Jungmann, BrOi, Opportunity, tentando mantê-lo e consolidá-lo. Conforme a revista Carta Capital que está nas bancas desde o último dia 10, com o título “O Dono do Brasil”, Jobim, que é amigo de Carlos Rodenburg, ex-cunhado de Dantas preso na operação Satiagraha, conseguiu afastar Paulo Lacerda. O deputado Raul Jungmann, por sua vez, entra com um pedido para que o juiz Fausto Martin de Sanctis sofra punição por passar senhas para a Polícia Federal que permitem ter acesso completo a dados cadastrais e histórico de ligações de todos os usuários do Brasil. Já o Ministério Público Federal, a partir de inquérito civil púlico instaurado pelo juiz José Osmar Pumes, investiga se houve formação de monopólio na fusão das telefonias Oi e Brasil Telecom. E a 6ª Vara Federal Especializada em Crimes contra o Sistema Financeiro e Lavagem de Dinheiro determinou o bloqueio de R$ 545,7 do Banco Opportunity por suspeita de lavagem de dinheiro devido a operações atípicas. Mas se Dantas opera a simulação para desaparecer no buraco negro do capital, há outros que vão tentando criar frestas de luz. I inda tem françêis…
Vamos que vamos
Que assim que chegarmos
Alguém terá chegado
E ninguém mais chegará…