Qualquer semelhança de tipos vivos com as marocas não é mera coincidência

Horário eleitoral gratuito, conversas sobre candidatos em lugares variados, expectativas, confianças, sentimento cívico, polêmicas, pesquisas reais, pesquisas mágicas, palpites, apostas, negociatas, temores, rumores, dissabores, ansiedades…, múltiplos corpos materiais e imateriais que movimento o processo singular da democracia. Corporeidade democrática que enredam as marocagens eleitorais. Marocagens reais e possíveis de realizações. Velhos e novos diálogos. Mande os seus.

TÍTULO DE ELEITOR SEM VALOR

Duas amigas se encontram e falam sobre a ida de uma delas ao comitê de um candidato para ver se conseguia um auxílio.

E aí, conseguiu?

Quase.

Como quase?

Eu cheguei, o candidato me abraçou, prometeu me ajudar, pegou o dinheiro, me entregou e pediu meu título. Aí aconteceu o pior: ele olhou o título, leu e viu que eu não voto aqui em Manaus. Então disse: “Assim não dá! A senhora não vota aqui!”. E me tomou o dinheiro.

O VOTO REVELADO

Dois amigos andando pela rua vão conversando sobre os candidatos. Um deles insiste para que o outro diga em quem vai votar. O outro mete a mão no bolso, tira a carteira, da carteira tira seu título de eleitor e, sorrindo, levanta o braço, mostra o título, afirmando:

O voto do meu candidato que vai sair daqui deste título é um segredo meu, não conto para ninguém.

Como havia chovido, algumas poças com lama tomaram conta da rua, e ele escorregou, seu título caiu na lama, o amigo, sorrindo, sentenciou:

De nada adiantou guardar segredo, agora eu e as pessoas que estão vendo teu título na lama já sabem em quem tu vais votar.

E O RIO LEVOU

Uma senhora, aflita, encontra uma amiga.

Eu não vou votar nessas eleições!

A amiga, surpresa, considerou:

Que é isso, mulher, o voto é obrigatório!

Eu sei — respondeu a senhora—. Acontece que eu fui até o Iranduba e minha bolsa com todos os meus documentos, inclusive meu título, caiu dentro do rio.

A amiga, sorrindo, vaticinou:

É… Deve ser um aviso. Um aviso que teu candidato já afundou.

VIVA A LIBERDADE

O homem parou o carro, saiu, e, quando ia fechar a porta do veículo, outro homem se aproximou e opinou:

Você que é um homem livre. Como invejo você. Como gostaria de colocar este adesivo no meu carro.

O homem, sorrindo amigável, perguntou:

E porque não adesiva?

Não posso — respondeu o outro homem, para completar —. Se eu colocar o adesivo deste candidato, na mesma hora eu sofro as conseqüências.

O homem colocou a mão esquerda sobre o ombro direito do outro homem, e com convicção, sentenciou:

Na democracia nenhuma conseqüência é mais forte que a conseqüência da liberdade.

O VOTO INFANTIL

O garotinho entrou em casa correndo, alegre com um santinho de um candidato na mão, dizendo para mãe:

Mãe, vota nesse aqui!

A mãe, surpresa, perguntou:

Por que tu queres que eu vote nesse candidato?

E o menino respondeu:

Porque ele disse que se ganhar todo dia vai ser dia de Natal para as crianças.

Ao qual a mãe contestou:

Nem morta eu voto nele! Se todo dia vai ser dia de Natal, qual é o dia que vai sobrar para tu ires para a aula?

O garotinho, franzindo o rosto, respondeu:

É por isso que eu quero que ele ganhe, mãe.

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