Há muito tempo que não desperdiçávamos tempo em análises a respeito das peripécias do PSDBista “5,5%” do Amazonas no Senado Federal, Brasília, capital do Brasil. Mesmo após ou além dos narcisismos primário, secundário, terciário, etc, acabamos por acreditar que, neste bloguinho, na verdade somente auxiliamos na popularização do “Orgulho do Amazonas”. Só agora quando ele se fez visível pelo absurdo do discurso que passa por si é que viemos talvez cansar ou divertir o atarefado leitor. Senão vejamos como aparece novamente nos principais jornalões-patronados do país:

Na segunda-feira (08), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional (CCAI), saiu-se de esguelha (desconfia-se que por artimanha), afirmando ter informações a respeito da Agência Brasileira de Inteligência – Abin:

A única coisa que eu tenho são informações sobre a compra [dos equipamentos capazes de interceptar ligações telefônicas]. Estou fora desse assunto.”

Como o diretor, a nosso ver, provavelmente injustiçado, da Abin, Paulo Lacerda, negou, dizendo que a Abin não tem equipamentos para fazer tais gravações, mas tão somente varreduras, Arthur“5,5%”Neto perguntou se o ministro Jobim mentira, ao que Lacerda afirmou sem ao menos fitar o rosto do senador amazoniquim:

Afirmo, como diretor da Abin, que ela não possui. Se o ministro Jobim falou, o senhor deve perguntar a ele.”

Com o desprezo que mamãe me deu, o “5,5%” do Amazonas encrespou-se e tentou, com uma memória artificial/moral, trazer a tortura como uma forma de produzir uma “catexia” paranóica de sofrimento (Freud) à situação atual:

“Me respeite, que eu não sou seu preso e não estou no pau-de-arara.”

É sabida a aproveitação de épocas de violências institucionais deliberadas, como a dos tempos do AI-5 no Brasil, de indivíduos, principalmente da chamada classe-média, para a autoflagelação: a maioria ou se deu mal ou voltou pra casa. É sabido também que uns “privilegiados” (para não empregar o termo clássico “alienados”) que nunca se envolveram com nada a mais do que a retrógrada Jovem Guarda, de Roberto e Erasmo, que apareceram já na década de 80 gritando alucinados para serem carregados nos braços do amorpolícia.

Arthurzinho “5,5%” não percebe que as denúncias de tortura não existiram/existem apenas nos períodos ditatoriais e não apenas envolvendo os chamados crimes políticos: os negros, os pobres, os bêbados, as crianças, as mulheres, os loucos, os ladrões, sempre a souberam em duras penas. E não havia uma preocupação por restringir o uso de algemas, por distribuição facilitada de habeas corpus, o afastamento de investigações de pessoas como o delegado Protógenes, da Polícia Federal, e o delegado Paulo Lacerda, da Abin, como ocorreu após a prisão do banqueiro Daniel“Orelhudo”Dantas.

Uma ditadura se faz também no discurso. Uma linha dura. Num momento que os mecanismos governamentais flexionam a postura meramente policialesca e passam a agir mais democraticamente, uma vez que vão descobrindo e pondo às claras condutas ilegais e fraudulentas de indivíduos acima de quaisquer suspeitas e que há décadas, séculos vão se apoderando dos bens públicos particularmente, é nesse momento que Arthurzinho tenta enquadrar e emperrar os avanços republicanos.

Pessoas enfezadas, orgulhosas, como o “5,5%” do Amazonas, só demonstram que são muito perigosas. Ninguém pode ser obrigado a suportar a dor, mas na ditadura de seus discursos, demonstram que numa ditadura de tipo militar, por exemplo, ou se alienariam ou se aliariam à força em comando ou, pior, fariam tudo para serem pegos e cagüetariam todos na primeira unha. Como estava do lado da banca, ele tentou botar a banca de esperto, mas como diz a música Na Hora da Dura*, do sambista Bezerra da Silva, “eis a diferença do otário pro malandro”. Ou a diferença de Arthur“5,5%”Neto para um Paulo Lacerda.

Na hora da dura

Você abre o cadeado

E dá de bandeja

Os irmãozinhos pro delegado

Na hora da dura

Você abre o bico e sai cagüetando

Eis a diferença, mané, do otário pro malandro

Eis a diferença do otário pro malandro

*Essa música do Bezerra está no disco Justiça Social, que você pode baixar aqui.

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