O 'MESSI'ANISMO DE LULA E A SELEÇÃO NIKE-BRAZIL

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Lula se declarou fã de Messi e criticou a seleção brasileira. Fato que deixou o goleiro Júlio César, convocado por Dunga, chateado, nas suas próprias palavras. Segundo o jogador, se Lula está insatisfeito com a seleção brasileira e gosta de Messi, que renuncie e vá morar na Argentina, que pode ser que alguma coisa melhore no Brasil. Júlio César se declarou eleitor de Lula.

Júlio se juntou a Kaká, Cafu, Anderson, e tantos outros que proferiram frases de acordo com o grau de compreensão do real e da situação política do Brasil. Júlio, como sabemos, mora na Itália, a mesma de Berlusconi.

O que parece doer no estômago dos jogadores sangue amarelo nike é o fato do torcedor brasileiro cada vez mais gostar do argentino Messi. Primeiro, foi o Mineirão lotado na última partida das eliminatórias, agora o Presidente da República. Fato que carrega e possibilita algumas compreensões: 1) a admiração pelo argentino não mostra um enfraquecimento da relação do torcedor com a seleção nacional. Ao contrário, mostra que este torcedor não concorda com a linha de gestão da “Canarinha”. Messi une talento e esforço, ganas de vencer e defender suas cores. Nada disso se vê na amarelinha atual, cujos destinos se decidem menos no Rio de Janeiro (sede da CBF) do que em Dubai (onde se localiza a empresa de aviação Emirates, dona dos direitos de exibição da seleção brasileira). 2) A evidenciação de que a rivalidade entre Brasil e Argentina no futebol nem sempre passa pela irracionalidade estupidificante galvãobuenizada da Globo. Pesquisas já mostraram que, depois da seleção brasileira, o selecionado preferido dos torcedores é o albiceleste, pela beleza do futebol e pela garra com que se entregam à corte da bela Leonor. 3) A ausência de um jogador brasileiro, no momento, que reúna os dois elementos que Messi tem de sobra, o belo futebol e a garra na busca pela vitória. O brasileiro, ao contrário do que se pensa, aceita perder, desde que não se esteja arrumando as meias na hora do gol do adversário…

AVE, CÉSAR! AVE MARIA, JÚLIO!

Júlio César se declarou eleitor de Lula, talvez numa tentativa de capturar o ouvinte-leitor numa armadilha moral: “eu elegi o homem, posso criticá-lo, estou decepcionado”. Mas, como toda armadilha moral, não sobrevive à sua inversão. E se houvesse eleição para goleiro da seleção, Júlio César teria o voto de Lula? E o do torcedor brasileiro?

Júlio César nem desconfia que o êxodo de jogadores brasileiros para o exterior faz parte do inflacionado mercado do futebusiness, e que a leitura de Lula é uma leitura sociológica. Quando Lula afirma que tem jogadores sendo negociados a preços absurdos, sem antes terem provado que são bons o bastante, fala como quem compreendeu que talento não é produto essencial ao mercado dos zilhões de dólares russos, árabes e europeus. Se Júlio César empresta seu “talento” aos italianos, os brasileiros ainda podem contar com zil goleiros tão bons ou melhores que ele. Mas se Lula resolvesse emprestar seu talento de estadista a outro país, desconfiamos, pela forma como o Brasil é visto na imprensa mundial, que muito país europeu, asiático, africano, e até os estadunidenses entrariam na briga para ter o Sapão Camisa 9 como técnico-presidente do seu clube-país. Aí não teríamos Bolsa Família, Universidade Para Todos, crescimento econômico, diminuição da pobreza e o país mais otimista com o futuro no mundo inteiro, dentre outras lulices.

Júlio convida o Sapo Barbudo a se mudar para a Argentina, já que é fã de la pulga Messi. Mas, com o maravilhoso e espetacular plantel nacional atual, não seria mais do gosto do torcedor brasileiro – o Mineirão que o diga! – tentar nacionalizar o craque portenho? Será que Cris Kirchner trocaria o pibe argentino pelo PIB brasileiro? Quem sabe, aceitava em troca da dupla Messi e Di Maria uma pitadinha do Pré-Sal?

De qualquer forma, há um enunciado que se evidencia em toda esta situação: a alegria do brasileiro pelo futebol como corpo produto da alegria lúdica e do movimento intensivo não está, como pensava parte da Sociologia e da Psicologia de Massas, ligada diretamente à miséria. O torcedor pensa, e não fala sem pensar. Portanto, Lula falou sim, como torcedor. Um torcedor-cidadão.

2 thoughts on “O 'MESSI'ANISMO DE LULA E A SELEÇÃO NIKE-BRAZIL

  1. Sacaste “bem”, João!
    Como carregas na sua enunciação nominal o nome “João”, o mesmo do Apóstolo do Amor, acreditamos que saibas que o amor não se restringe a uma relação sujeito-objeto, mas deve ser produtora de novas relações, afetos e compreensões. Tudo o que Lula é capaz, daí a força democrática de seu governo, apesar de alguns deslizes e da força reacionária dos outros poderes.
    Quanto ao novo blogue, não fique na imaginação. Começe um agora mesmo!
    Volte sempre.

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