PESQUISA PERSPECTIVA OBNUBILA PERSPECTIVA
A empresa de sondagem de opinião pública Perspectiva, em sua própria perspectiva, publicou, ontem, 31, pelo jornal Amazonas Em tempo, mais uma de suas perspectivas. Como sondagem de opinião pública no sistema capitalista tem como direcionamento tornar-se mais marketing de uma mercadoria do que conhecer o querer do opinante, a sondagem de opinião do eleitor, em tempo de eleição, de nenhuma forma pode apagar nas empresas de pesquisas este suporte capitalista, daí ser uma pesquisa eleitoral também um evento consumista. Ou seja, vender um produto, mesmo que o proprietário da empresa não tenha essa intenção. Nada fazer. São as regras capitalísticas.
A PERSPECTIVA OBNUBILADA
Na perspectiva da Perspectiva, o resultado da pesquisa é quase o mesmo do publicado no outdoor ocasiões passadas que foi tirado de sua exposição das vias públicas por ordem do TRE, por ação de um recurso jurídico/eleitoral do PSB, partido do prefeito Serafim, candidato a reeleição, que o entendeu como um ato transgressor a legislação eleitoral. O “quase” é obra de duas enunciações percentuais. Uma, a diminuição do percentual do candidato Amazonino, PTB, e outra, o aumento do percentual do candidato Praciano. E é exatamente aí que evidencia-se a obnubilação perspectiva.
Expondo o mapa ‘intelectual/estatístico’ da pesquisa, ela, para explicar o aumento de intenções de votos ao candidato Praciano, PT, 4%, afirma ser da classe média que tem conhecimento do arigó, fato que não ocorre nos bairros, também conhecidos discriminatoriamente como periferia, onde ele é desconhecido. Esta a óbvia obnubilação.
Desta exposição pode-se colher três obnubilações:
1 – Discriminação contra os moradores dos bairros que não conseguem ver o que a classe média vê.
2 – Talvez, com intenção ou por descuido, ao mostrar essa diferença faça propaganda enganosa mostrando os dois primeiros candidatos, Amazonino e Omar, ou só o primeiro, identificado com “os periféricos”. Enganosa porque a maior parte da população de Manaus mora nos bairros.
3 – Grosseiro erro perspectivo/eleitoreiro: uma das forças do candidato Praciano é a meia passagem dos estudantes, e a maior parte dos estudantes, seus eleitores, mora nos bairros.
Aí a obnubilação da Perspectiva. Como se diz em Gestalt, ela emaranhou a figura e o fundo, e na falta de uma percepção/perspectiva (o sentido discernidor) nítida, adotou o sensualismo do capitalismo/conferidor. Aí, não deu outra: colocou sua pesquisa sob o nível da racionalidade do eleitor tido como alienado.