RISÍVEIS CAMPANHAS ELEITORAIS
Quer saber a quanto anda a democracia em uma cidade? É só observar a campanha no horário eleitoral gratuito(?) nas mídias. Rola tudo como recurso persuasivo ao eleitor. Dos velhos e gastos clichês do tipo trabalho, honestidade, resgatar, dignidade, desenvolvimento, progresso, e tantos outros, até contradições explícitas em forma de chantagem, constatando que no tempo de eleição pouco vigora o discurso cujo enunciado seja a expressão bela e justa da democracia.
Um amostra destas contradições é encontrada no apelo do governador Eduardo Braga ao eleitor para votar em seu candidato Omar Aziz. A coligação que sustenta a candidatura de Omar traz dois termos que por si só são contraditórios: “União” e “Todos”. Tratando-se de união, é óbvio que é de todos. Mas tratando-se de uma cidade em tempo de eleição com lei eleitoral expressando vários partidos políticos, é óbvio que esta união não pode existir, já que cada partido possui seu organismo político. O que na menor das intenções políticas o faz um outro que escapa da “união” deste que pretende “todos”, o que deixaria de ser democracia e sim ditadura. A questão fica resolvida se a tal da “união” e “todos” seja referente a uma oligarquia. O que também elimina a democracia. Então, democraticamente, estes termos “união” e “todos” são risíveis falhas de marketing eleitoral que, ao invés de dar ao eleitor o entendimento de igualdade social, desperta-lhe uma nesga de desconfiança, levando-o a entendê-lo como desejo de um grupo privilegiado.
Outra contradição, esta democraticamente mais perigosa, é quando o governador diz que “Manaus não pode parar”e deixa claro que “não parar” significa atuação administrativa correta, acerto de gestão. Este “parar” é intrigante ao eleitor. Se não pode “parar”, é porque está se movimentando. Se está se movimentando, é porque o prefeito está realizando uma boa administração. Logo, o governador faz campanha para seu rival, Serafim, candidato à reeleição. Tem mais. O candidato Omar é vice governador; como vice, deve ter alguma participação neste governo apresentado pelas publicidades como vitorioso. Na propaganda eleitoral, é exibido como dinâmico, inteligente, trabalhador, conhecedor dos problemas da cidade. Mas o governador diz que Omar tem que ganhar a prefeitura para “Manaus não parar”. Em um pobre raciocínio qualquer, infere-se daí que Omar, como vice, não tem nenhuma atuação no movimento progressivo de Manaus. Ele precisa ser eleito prefeito para “Manaus não parar”. “Ora, se como vice ele não é atuante, como vai movimentar Manaus como prefeito?”, poderia perguntar D. Cachica.
Agora, o que sobra para os outros candidatos como forma de ameaça: se não for Omar o eleito, Manaus já era. Vai ficar mais parada do que inteligência e solidariedade de burguês. E, de quebra, vão parar também todos os programas sociais, educacionais, trabalhistas, entre outros, do governo federal. Aí Lula vai perder toda popularidade que tem na city La Bela Manô. Grande erro de estratégia publicitária eleitoral, hein? É a propaganda contra si mesmo.
Assim se faz campanha eleitoral democraticamente risível.