MAROCAGEM ELEITORAL
Qualquer semelhança de tipos vivos com as marocas não é mera coincidência
Voto, para que te quero? Para construir democracia!
Uma eleição se constrói democraticamente com observação, análise e opinião. Essa a posição marxista das marocas e marocos de Manaus para estas eleições. Convictas de que também é possível dialetizar o mau em Manaus, elas vão à luta nas praças, feiras, igrejas, bares, paradas de ônibus, lares, terreiros, searas, hospitais, escolas, motéis, ruas, becos, vilas, estâncias, em todos os arraiais que o mau candidato se apresenta como um santo promessero. Erradicar o mau candidato, inimigo da democracia, é sua magna missão política.
ESPERANDO A TV
— Em quem tu vai votar?
— Não sei. Tô esperando começar o programa na TV.
— Então, teu candidato vai ser um artista, é?
O CANDIDATO MAIS LINDO
— Qual a qualidade de um candidato para prefeito que te faz votar nele?
— Que ele seja lindo!
— Vixi! Então tu não vai votar!
PAPAI-NOEL, NÃO PODE?
— Com essa onda de ‘pidiofilia’, o cara que fala esse nome pode ser processado.
— E o que é esse tal…
— ‘Pidiofilia’.
— É, isso.
— Dizem que é adulto que gosta de criança.
— Arre égua! Então o Papai Noel não poderia ser candidato!
A CONTRA ESCOLHA
— Se um candidato que já foi eleito, mas que não realizou suas promessas, chegasse contigo pedindo teu voto e jurando de pés juntos que desta vez iria cumprir todas suas promessas, tu votarias nele?
— Não!
— Por que tu já sabias que ele não iria cumprir novamente as promessas?
— Nada disso. É que quando ele tinha os pés soltos ele não cumpriu, imagina ele de pés juntos.
UM CANDIDATO HONESTO
— Eu sou um humilde candidato. Sou pobre, por isso não vou prometer nada, porque, como pobre, não posso cumprir. Só depois de eleito é que poderei cumprir. Assim, honestamente, peço seu voto, minha senhora.
— E,eu, uma humilde pobre, honestamente, prometo não votar no senhor.
LEMBRANÇAS, NADA MAIS
Vizinha, cantando, estendendo roupas:
— “…eu era feliz e não sabia. Que saudade…”
Outra vizinha, sorrindo, pergunta:
— Com saudade da professorinha, hein? Me diz uma coisa: se o tempo voltasse e a tua professora se candidatasse, tu votavas nela?
— Nem morta! Ela era uma peste! É a pior parte da minha infância!