O DELIRANTE ARTHUR E SUA PROFECIA APOCALÍPTICA
Talvez dominado pela ânsia do grito de guerra da revolução francesa, “Liberté, Igalité, Fraternité”, que derrotou os reis e implantou o Estado Burguês, um dos pilares do capitalismo moderno, e para não deixar em branco a Tomada da Bastilha, comemorado hoje numa França em plena Sarkose Obsessiva, o vetusto senador Arthur Virgílio, conhecido carinhosamente nas vielas manoniquins como Arthurzinho ‘5,5%’ Neto, aproveitando-se do ambiente propício (o Senado, local de manifestações napoleônicas do bestiário semiológico psiquiátrico: Pedro Simon, Mão Santa e Cunha Lima que o digam…), proferiu a seguinte pérola da profetização pré-apocalíptica: “Não se justifica nenhuma tentativa de desmoralização da mais alta Corte de Justiça do país. Foi o enfraquecimento das instituições, aliado a um quadro de inflação, desemprego e corrupção, que criou o clima propício à instalação do Terceiro Reich, na Alemanha”.
‘5,5%’ Neto se manifestava, com a profecia, contrário à instalação de um processo de impeachment do ministro do STF, Gilmar Mendes, o Paranóico, no Senado. A medida está sendo cogitada pelo movimento dos Procuradores regionais de vários Estados que perceberam a agressão à sociedade brasileira que foi o habeas corpus ad eternum dado por Mendes ao “orelhudo” Daniel Dantas. Juízes federais também prometem se manifestar contrários à continuação de Mendes no cargo.
Leitura histórica condizente com a fama de “revolucionário de Copacabana” que o senador carrega, tendo demonstrado bravura durante a época da ditadura enfrentando de peito aberto as ondas da Princesinha do Mar, e só.
Preocupado com o enfraquecimento das instituições, Arthur nada disse quando seu ídolo-pop, FHC, então presidente, nomeou Gilmar Mendes para o STF, e parece não ter levado em conta as lúcidas vozes que se levantaram contra a degradação do judiciário.
Arthur não é dado a estudar. Já deixou escapar certa vez que vê em Nietzsche um filósofo de direita. Gosta de exibir um vernáculo elaborado, embora quase sempre use palavras fora do sentido que elas carregam. É adepto do culto ao significante, o vazio da palavra.
Por isso não pode compreender que, em matéria de instituição, no sentido de instituir: produzir no real uma função de ordem social que permita o fortalecimento da democracia, a Polícia Federal Republicana, nascida nos primeiros meses do governo de Lula, é, talvez, a única que poderia carregar esta denominação, e que, contrariamente à função social policial – não policialesca! – foi o ato de Gilmar Mendes, o paranóico, que enfraqueceu o Estado brasileiro como instituição.
Menos ainda espera-se do destemido senador que não confundisse a leitura sociológica, tomando os efeitos pelas causas. O quadro descrito por Arthur na Alemanha pré-nazismo não é causa da ascensão do Nazismo, mas junto com ela, efeito de uma política econômica de exploração de mercados de consumo e protecionismo estadunidense, consequência do capitalismo predatório, que precisa da miséria alheia para sustentar o vigor econômico das potências. Com algumas análises econômicas da atual “crise” econômica, comparando-a com a famosa crise de 29, Arthur resolveu repetir o canto do galo, que não sabe onde e nem o que cantou.
Com um senado cheio de “amigos” de Dantas, o valente amazônida, representante e defensor do governo que mais auxiliou o “orelhudo” a ficar rico ilicitamente, poderia até passar sem essa. Afinal, a população já está sacando a jogada, e, no ritmo em que vai, o senador, na próxima eleição que disputar, bate o próprio recorde de rejeição nas urnas. E volta pra Copacabana.