Todo marketing é da ordem da persuasão. Mostrar como necessária ao consumidor uma mercadoria. Estabelecer desejos-próteses: voracidade-artificial. Deslocamento do desejo original pela força de um simulacro imposto. Truque do capitalismo consumista para alienar o sujeito. A política-voraz, aquela que pretende o dito poder a qualquer custo, não tergiversou deste truque: caiu de corpo inteiro nesta fonte sem desejo. No caso específico, campanha eleitoral, onde tem de tudo, para estes, menos democracia. Aí o truque de armar armadilhas ao eleitor, insinuando um artigo do dia como importante a este agente eleitoral.

O outdoor-pesquisa de Amazonino, que passou a ser exibido em algumas ruas de Manaus a partir de ontem a noite, 05/07/08, é um, como diria D. Ambrosina, belo exemplo deste tipo de marketing-truque-‘político’. Aproveitando o recurso técnico-urbano do outdoor, exibir mercadorias nas ruas da cidade, ele mostra a certeza, para si, que o passeio público é uma boa (D. Ambrosina: bela) sala pedagógica para impor sua verdade ‘necessária’ ao eleitor. Fixado em uma única idéia, persuadir o votante, não sabe que, segundo o filósofo Spinoza, outras idéias, neste momento, estão se compondo fora de seus interesses. No caso, além de sua idéia, o pensamento do povo que não o vê como mercadoria necessária.

A boa (bela para D. Ambrosina) mostragem persuasiva encontra-se no texto-truque do outdoor para atingir os passantes: “Em quem você votaria para prefeito?”. Embaixo o resultado, computado pelo amigo do candidato Amazonino, dono da empresa Perspectiva: “Amazonino – 49%; Omar, amigo de Amazonino, portanto, amigo também do pesquisador, – 13%. Neste truque, o resto é o resto: Serafim – 11%; e Praça- 6%.

BREVE ENTENDIMENTO DO PASSANTE

A pesquisa jamais vai mostrar o quanto Amazonino é rejeitado pela maioria da classe média, principalmente a nova classe média que surgiu na periferia após os programas sociais do governo Lula, que aumentaram a renda dos membros desta classe, que passaram a ter um novo entendimento de seus direitos de seres racionais. Além de quê, esta classe, e a maioria da classe chamada de pobre, não compactua com a armadilha televisiva usada por seu vice para conseguir ser eleito: violência contra os desassistidos pelas políticas públicas. Os únicos humilhados que ainda votam neles. Tudo por conta da insegurança social que lhe fora historicamente imposta. E mais: a quantidade imensa de jovens que, apesar da apatia da educação escolar, aprenderam a discernir, democraticamente, o que é o desejo social do viver, viver juntos e viver bem. Perspectivas que o pesquisador da Perspectiva não tem. No mais, o próprio candidato já experimentou, contra si próprio, por si próprio, o uso deste truque-outdoor: Na eleição passada, para prefeito, foi divulgada em um jornal de sua amizade uma pesquisa, no dia da eleição do segundo turno, em que ele encontrava-se com mais de 50% dos votos e Serafim, “logicamente”, já derrotado. À noite, a realidade democrática: Serafim eleito. Restou apenas mais de “50%” de dor.

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