Tu atuas, eu atuo. Tua atuação implica minha atuação, assim como minha atuação implica a tua. Em nossas atuações entrelaçamos potências singulares constituidoras de nosso existir. Somos continuum processual ontológico de modus de existências. Nada do que carregas escapa a mim, da mesma forma, o que carrego escapa a ti. Somos nossa própria alter-idade (semelhança/intempestiva) que nunca nos escapa. Plano de Imanência que nos dispõe à práxis como pluralidade dos iguais. A Cartografia dos desejos (interesses) como sociedade dos amigos: Democracia. Logos, política e ética.

Implicados em nossa imanência política, reconhecemo-nos uns nos outros através de nossa produção material e imaterial, nossos saberes, nossos dizeres, nossas filosofia, ciência, arte… Produzimos nosso habitat de ser racional afetivo/afetante. Nada transcende a nós. Nada vem nos reconhecer, a não ser o que conhecemos como nosso, pois nada é mais que nós mesmos: o Devir-Democracia.

QUANDO A DEMOCRACIA É SÓ IDÉIA

Em linguagem virtual, a idéia é um simulacro abstraído de um ser real natural ou produzido pelo homem, jamais este ser. Como simulacro, serve para ser usado como signo de troca para circular nas fantasiosas relações sociais. Carrega valores que mantêm as regras do sistema que os criou para preservar seu próprio princípio de equilíbrio. Bom, mal, falso, verdadeiro são seus valores pilares. Ressentimento, culpa, dívida, reconhecimento, gratidão, vaidade, orgulho, etc, são as expressões destes valores. Nisso enreda-se a idéia de democracia, simulacro do Devir-Democracia. Simulacro até da democracia representativa, que, embora representação, carrega alguns corpos devir-democrático.

É aí nesse corpus, extenuado politicamente, que a homenagem de reconhecimento prolifera. É aí que a lógica do “eu fiz” e “ele fez” é posta como a realidade social a ser considerada. Mercado de troca demagógica. Nada de produzir é minha singularidade democrática. Mas síntese social do “eu fiz, mas poderia muito bem não fazer”. Parente do “roubou, mas fez, por isso merece homenagem, pior os que roubam e nada fazem”.

Triste lógica, que tanto homenageador como homenageado são cúmplices em um delito político contra a democracia, pois pregam o vício da chantagem calculista: preciso ser reconhecido. Aliança medíocre da dependência anti-democrática. E tome medalhas. Tome títulos de cidadão do estado. E tome brasão… E tome Câmara e Assembléia se tomando como pater do reconhecimento dos insignes personagens. E tome Câmara e Assembléia propagando sem qualquer pejo suas conturbações legislativas, já que tomaram o homenagear seus projetos de lei por excelência. De tão banal suas galerias não possuem mais espaço para tantos ilustres homenageadores e homenageados.

Como é fácil ser parlamentar na democracia idéia. Basta conhecer alguns bons senhores e senhoras. O suficiente para animar o corpus da tirania.

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