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@ A “BARRIGA” DA IMPRENSA BRASILEIRA. No último domingo, o Jornal do Brasil publicou uma curta matéria sobre as investigações da PF no governo do Rio Grande do Sul, do PSDB. O problema se deu com a manchete: “Corrupção Abala Governo do PT”. Sem ato falho. Apenas mais uma evidência de que o jornalismo está cada vez mais ligado ao seu aspecto parasitário. A notícia é uma narração-crônica de um fato. Só há produção quando o fato é ampliado, quando é possível estabelecer outras conexões, viagens, desterritorializações. Quando a notícia permite a disjunção dos diversos enunciados que compõem o fato, aí estamos diante de uma matéria jornalística democraticamente necessária à sociedade. O resto é parasitismo social. Seria o caso de falar sobre as inúmeras irregularidades do governo Yeda Crusius, no RS. No entanto, o jornalista que cometeu a “barriga”, como é chamada uma notícia inventada ou inverídica, cometeu o erro imortalizado no ditado popular: “ouviu o galo cantar mas não sabe onde”. Não viu, não checou. Caiu na esparrela do seu e de tantos outros jornais Brasil afora: tentar aplicar a máxima de Goebells: “uma mentira contada mil vezes se torna verdade”. Para o povo, não colou. Ele prefere: “primeiro a barriga, depois a moral” (Brecht). Principalmente a moral de classe que é contrária aos seus interesses. I inda tem françêis…
@ GOVERNO SANCIONA GUARDA COMPARTILHADA. O presidente Lula sancionou ontem a lei que modifica o código civil brasileiro e institui a guarda compartilhada dos filhos. Antes, no caso do casal procurar a justiça, a guarda só poderia ser unilateral, onde apenas o pai ou mãe responsável pela guarda poderia decidir sobre os aspectos da educação e existência da criança. Embora se possa argumentar que se trata de mais uma modalidade de intervenção do Estado na família, é preciso considerar a própria família como constituinte do Estado de Direito, e os conflitos daí decorrentes como aspectos de uma subjetividade de controle do corpo e de seus enunciados. Uma família autônoma e livre pode decidir sem a intervenção de terceiros, pelo uso da Razão, a melhor maneira de conviver, inclusive levando em conta as demandas da própria criança. Mesmo assim, a guarda compartilhada é um avanço, uma lei que coloca o Brasil na lista dos países que regulam de forma racional e justa o principal conflito familiar decorrente do divórcio. I inda tem françêis…
@ OPERAÇÃO HIGIA DA PF DESMONTA FRAUDES NO RN. Em mais uma operação da republicana Polícia Federal do Brasil, foi desmontada uma quadrilha que fraudava licitações na área de saúde no governo do Estado do Rio Grande do Norte e na Paraíba. A governadora Wilma de Faria (PSB/RN) foi surpreendida com a prisão do próprio filho, Lauro Maia. A PF ainda não deu maiores detalhes, mas se sabe que funcionários públicos atuariam em favor de empresas beneficiadas ilicitamente em licitações de produtos de higiene para hospitais públicos. Duas coisas no Brasil tem se mostrado como evidentes no plano da corrupção: a atuação democrática e necessária da PF, mostrando pela primeira vez na história da instituição sua função social bem executada; e as fraudes em licitações como mecanismo fácil para a instalação de organismos nocivos à estrutura funcional de um Estado democrático. Somente em Manaus, as licitações já deram na Albatroz, Saúva. Em Coari, a recente e ainda em andamento Vorax bate às portas do Palácio do Governo. Ari Moutinho, amigo de Braga, é campeão de indiciamento, e ainda assim, deve ganhar uma vaga na câmara federal, presente do amigo, que vai indicar o multi-CPF’s, Pastor Silas Câmara, a uma vaga no conselho do TCE. Mata dois elefantes com uma só tapa: coloca um aliado no órgão fiscalizador das contas do próprio governo, e de quebra, descola uma imunidade parlamentar para o amigo. E ainda quer eleger o vice como prefeito de Manaus… I inda tem françêis…
@ APROVADA A CSS – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PARA A SAÚDE na quarta-feira passada (11), na Câmara dos Deputados por 259 a 159 votos. Ela vem como uma fonte permanente de financiamento, exclusivamente, da saúde pública, numa alíquota de 0,1% sobre as movimentações financeiras apenas de quem recebe mais de R$ 3.038 mil. Segundo matéria no Portal Vermelho, a importância estratégica da CSS vem do fato de visar principalmente os grandes capitais, pois no Brasil a maior parte da carga tributária sobre o consumo, e pelo fato do crescimento nunca ser constante, é necessário ter-se “uma fonte permanente para financiar o SUS”. E com certeza melhorá-lo, para atender a população satisfatoriamente. Contra isso aparecem vários blocos de irracionalidade: a dupla DEM-PSDB (que decretou o fim da CPMF), a mídia (que marca conforme a cartilha da direita), Gilmar Mendes (o provisório presidente do Supremo Tribunal Federal), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e até Miguel Jorge (ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Em outros tempos, a mesquinhez da direita e da elite (sem nada de “melhor”) prevaleceriam de antemão; nos tempos lulistas, a CSS está indo para o Senado, e deverá ter o apoio dos sindicatos, da pequena mídia, de outros ministros, de outros juízes, de todos que precisam enfrentar as mortíferas filas do SUS, e para que os administradores nos governos municipais e estaduais não possam mais justificá-las com a desculpa de falta de verbas. I inda tem françêis…
@ BUSH, PAPA, BERLUSCONI. A viagem de Bush pela Europa, que começou na quinta-feira (12), será com certeza de grandes encontros. Maus encontros, observando-se que tipos de composições sairão daí. Desde a visita de Bento XVI aos Estados Unidos que a sua afinidade com Bush, e vice-versa, pôde ser notada, tanto que escapou um boato que o americano até aproveitaria a visita para se converter ao catolicismo; enquanto que no passeio pelo jardim do Vaticano, Bento pediu para Bush manter as tropas americanas no Iraque para “proteger a minoria católica que não é respaldada por uma democracia estável”. Sobre Berlusconi, antes de viajar, Bush já disse: “Eu o conheço, confio e admiro”, portanto, será conversa de compadre, tendo ao fundo um réquiem médio-oriental. Bush irá praticamente oficializar o aumento das tropas italianas no Iraque e no Afeganistão e pedir apoio à investida contra o Irã; enquanto Berlusconi pretende uma vaga como um dos países do chamado grupo 5 + 1, formado por Rússia, França, Reino Unido, Alemanha, China e Estados Unidos. Grandes encontros. Mas a gestão de Bush está no fim, o problema são os blocos de subjetivação duros. O que potencializa uma possibilidade de composições alegres é que por onde passa Bush sofre com as manifestações contrárias a si pelas pessoas na rua, pelo povo. I inda tem françêis…
Vamos que vamos
Pois quando fomos nunca chegamos
E se formos agora não chegaremos
Mas pelo menos não ficaremos…